As penas devem ser cumpridas em regime inicialmente fechado -  (crédito: TJMG/Divulgação)

As penas devem ser cumpridas em regime inicialmente fechado

crédito: TJMG/Divulgação

O tatuador Thales Tomás do Vale foi condenado, nesta quinta-feira (29/2), a 29 anos e quatro meses de reclusão, em regime fechado, por nove crimes, entre eles a morte da ex-namorada, Emilly Luiza Ferrete Fernandes, em agosto de 2022, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

 

A pena total foi de 29 anos e quatro meses de reclusão; 10 meses de detenção, 35 dias-multa e 2 meses de prestação de serviços à comunidade. Ele respondia a nove crimes:

 

- homicídio contra Emilly, qualificado por motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio,

 

-  ainda contra a ex-namorada, os crimes de rufianismo, violência psicológica contra mulher, divulgação de cena de sexo ou pornografia majorado, lesão corporal qualificada e dano qualificado


- Em relação ao irmão dela, Kairós, tentativa de homicídio qualificado


- resistência a prisão


- porte de substância entorpecente

 

 

Segundo o juiz Ricardo Sávio, as penas devem ser cumpridas em regime inicialmente fechado. O réu continuará preso preventivamente enquanto recorre da decisão.

 

Julgamento

 

O irmão da vítima, Kairós Gabriel, prestou depoimento e disse que só ele e a irmã estavam em casa no momento da agressão. Ressaltou que tentou procurar algum objeto para se defender depois de ver o ex-namorado da irmã no portão da casa, no dia do crime. Contou que encontrou apenas um pedaço de cabo de vassoura.

 

Porém, quando voltou, já encontrou o acusado dentro da casa, tirando uma faca da cintura e começou a esfaquear sua irmã. Segundo o irmão, o homem agrediu a ex-namorada pelo corredor até o quarto dela. Ele confirmou que tentou salvar a irmã do ataque, mas não teve sucesso. Depois de ser agredido também com três facadas, o jovem conseguiu sair da casa e pedir socorro. Segundo ele, só não foi morto também porque conseguiu fugir.

 

No depoimento, o irmão relatou que o acusado tinha criado um perfil fake da ex-namorada nas redes sociais. Kairós disse que só ficou sabendo do fato porque recebeu um convite desse perfil para segui-lo. O jovem contou que no perfil havia várias fotos e vídeos íntimos da irmã. Ele chegou a mostrar o conteúdo para a irmã e ela teria dito apenas para ele não seguir e bloquear.

 

Além do irmão da vítima, outras seis pessoas prestaram depoimento, entre elas o pai e a mãe de Emilly. O acusado também foi ouvido. Disse que foi morar com a mãe nos Estados Unidos e que voltou ao Brasil para fazer o curso de tatuador. Relatou que, no dia do crime, o dono do estúdio de tatuagem o desligou do curso e que ele teria ficado chateado com a decisão.

 

Contou ainda que procurou a ex-namorada naquele dia para desabafar. Mas teria sido recebido por ela e pelo irmão com hostilidade e que cometeu o crime porque essas circunstâncias o fizeram "surtar".

 

O caso

 

Segundo a investigação, o acusado e a vítima começaram um relacionamento em outubro de 2021. Porém, o namoro era mantido a distância, já que ele morava nos Estados Unidos. Eles só se encontravam quando Thales vinha ao país.

 

Entre os meses de fevereiro e março de 2022, o homem teria convencido a namorada a fazer “programas sexuais” para que ela conseguisse dinheiro e pudesse ir morar com ele nos EUA.

 

“O denunciado era pessoa extremamente possessiva e controladora, exigindo que a vítima o mantivesse informado de todos os “programas sexuais” que fizesse, inclusive enviando para ele os horários de início e término, bem como fotos e vídeos da prática dos atos sexuais com terceiros, assim agindo como forma de ter informações e controle sobre a renda auferida pela vítima”, diz a denúncia do Ministério Público.

 

O acusado a convencia a enviar vídeos dos programas, alegando ser por “fetiche”. Porém, ele guardava o material para ameaçar a vítima de exposição.

 

Quando a moça começou a mostrar insatisfação com a relação, ele passou a ameaça-la e chantageá-la, prometendo revelar a prostituição para amigos e familiares. O namoro terminou em junho de 2022, por decisão da vítima. Foi então que ele teria criado um perfil falso da ex-namorada nas redes sociais e divulgado, sem o consentimento dela, os vídeos e cenas de sexo.

 

O acusado também passou a perseguir a vítima para tentar reatar o relacionamento. Em agosto do mesmo ano, quando veio ao Brasil, segundo a denúncia, ele conseguiu retomar o namoro e passou a agir com maior agressividade. Emilly foi morta a facadas, e ele foi preso no dia seguinte ao crime escondido em um motel no Bairro Betânia, Região Oeste de BH.