Em meio aos mais de 500 cortejos que agitarão o Carnaval de Belo Horizonte em 2024, os foliões encontram blocos com diversos perfis de música, público e em pontos diferentes da capital. Dentre os grupos, estão os que reúnem profissionais de uma mesma área: o Bloco de Belô, Bloco do Pescoção, Bloco A Justiça Não é Cega e o Bloco Passa Lá no RH… E Me Chama Que Eu Vou são alguns dos nomes que contemplam os trabalhadores da cidade.

Criado pelo jornalista Robhson Abreu, o Bloco de Belô, inicialmente, se chamava “Quem não se comunica se trumbica”, frase de José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha. O criador conta que “quis abraçar a categoria como um todo” e que estarão presentes "muitos jornalistas, publicitários e RP’s (profissionais de relações públicas)” e até mesmo pessoas que não são dessas áreas.

No primeiro desfile, 15 pessoas compareceram, depois, 100, evoluindo para 500 no terceiro ano, até chegar em aproximadamente 300 mil pessoas em 2023. Por causa disso, a concentração dos foliões acontece na Avenida Afonso Pena pela primeira vez neste ano. “A intenção era sempre sair perto do sindicato, mas como o bloco cresceu, eu quis colocar um trio sempre maior, e na rua da Bahia, onde fica o sindicato, todos os fios elétricos são aéreos”, conta o jornalista.



Os “belozeiros”, como são chamados os foliões do Bloco de Belô, devem se encontrar em frente à portaria principal do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, a partir das 15h, no dia 10 (sábado), “dando a volta na Afonso Pena e terminando de novo na porta do Parque Municipal”, diz o comunicador.

A proposta musical do bloco é de valorizar a produção musical de Belo Horizonte: “A ideia é mostrar o nosso axé pão de queijo”, afirma Robhson. O objetivo é que a banda de sete músicos, com o vocal de Alex Rodrigues, “produza pelo menos três a quatro músicas autorais por ano”, diz. O teor das canções é diverso, mas os elementos que remetem a Belo Horizonte são recorrentes, trazendo até mesmo uma música que fala de encontrar o amor na Praça Sete de Setembro, no coração da capital. Mas também “tem música que leva o Carnaval pelo lado afro, de negritude”, conta.

Remetendo também ao caráter de bloco de comunicadores, neste ano serão homenageados seis jornalistas de BH. Os profissionais Eduardo Costa, da Band e da Itatiaia, Renato Rios Neto, da TV Alterosa, Aline Aguiar e Larissa Carvalho, ambas da Globo Minas, e o falecido José Costa, conhecido como Costinha, fundador do Diário do Comércio, serão os congratulados.

Com a mesma proposta de homenagear os jornalistas mineiros, o Bloco do Pescoção desfila pelas ruas de BH desde 2015. Neste ano, a concentração acontece em frente à Casa de Jornalistas, na Avenida Álvares Cabral, na Região do Centro, a partir das 15h do dia 13 (terça-feira). A bateria do bloco é composta por jornalistas do bloco Bacharéis do Samba, e a expectativa é de que 5 mil pessoas participem do cortejo.

Como a maioria dos integrantes é formada por idosos, o trajeto é curto: os foliões devem subir a rua da da Bahia, virando na rua Aimorés, passando pela rua Espírito Santo e encerrando em frente ao Sindicato dos Jornalistas.

Pela segunda vez consecutiva, o Bloco do Pescoção não conseguiu patrocínio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Por isso, será feita uma rifa de três caixas de cerveja em lata, no valor de R$ 10, cada cota. O sorteio será feito no dia do cortejo, e a meta dos organizadores é atingir, pelo menos, R$ 3 mil.

Bloco dos trabalhadores do Judiciário Federal

No bloco A Justiça Não É Cega, como descreve um dos realizadores, David Landau, “tem gente de toda a nossa base, da base do sindicato, e todo o judiciário federal, além de abrirmos para outros membros”. No desfile de 2024, os trabalhadores da justiça decidiram homenagear Maria Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete, que é líder da Coordenação de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, na Bahia.

Ela foi assassinada no dia 17 de agosto deste ano, aos 72 anos, e lutou para defender seu território, habitado por 300 famílias na Região Metropolitana de Salvador (BA). A Mãe Bernadete morreu com 20 tiros, disparados contra ela dentro de casa, na frente dos netos. David avalia que “o assassinato da Mãe Bernadete está ligado a uma questão de intolerância racial e religiosa”, e, para ele, “o Carnaval é uma expressão de resistência cultural, e o sindicato tem relação com essa cultura”.

Nascido em 2015 e desfilando pela primeira vez no ano seguinte, a agremiação traz os estilos musicais samba reggae, samba, marchinha e maracatu, tocados pelo grupo Santarém e pela bateria da associação de moradores do bairro Novo Progresso, em Contagem. David caracteriza a música como “alegre e descontraída”. A expectativa para 2024 é reunir de 150 a 200 pessoas na concentração que acontece neste sábado (3/2), a partir das 13h, na Rua Euclides da Cunha, no Bairro Prado, na Região Oeste de BH.

Bloco dos profissionais de Recursos Humanos e Departamento Pessoal

O bloco Passa Lá No RH… E Me Chama Que Eu Vou, criado pela CEO da empresa Sólides, vem para desmistificar a ideia de que ir ao departamento de Recursos Humanos da sua empresa é sinônimo de demissão e puxões de orelha. O diretor de marketing da Sólides, Rafael Kahane, conta que o que move o bloco é o questionamento “como a gente ajuda as pessoas a verem o RH como algo bom?”, e diz que “a gente quer que as pessoas vão ao RH por vontade própria, sem precisar que sejam chamadas, e que as pessoas vejam que passar no RH pode ser divertido”.

No último ano, a agremiação arrastou cerca de 1.500 foliões, e a expectativa para 2024 é de que esse número dobre. As músicas são de escrita autoral, “feitas pelo pessoal aqui da Sólides mesmo”, conta Kahane, e são executadas pelos integrantes da bateria do centro cultural Arautos do Gueto, por meio do projeto Gerando Falcões.

A concentração acontece às 17h do dia 9 (sexta-feira), em frente à Sólides Tecnologia, na Rua Tomé de Souza, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital mineira.

Mapa dos blocos de BH


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* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata

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