A tradicional Feira do Mineirinho teve as atividades encerradas nessa quinta-feira (1/2), depois de uma determinação da concessionária Mineirinho SPE S/A. É o que afirma a expositora do local há 21 anos, Vanessa Cevidanes. 

Com a determinação do fechamento, diversas pessoas tiveram o emprego e sustento retirados. Vanessa vendia roupas de ginástica no local há 20 anos e colocou a casa à venda para arcar com as despesas.

“Estou me virando praticamente com o dinheiro da aposentadoria da minha mãe e do meu marido, que também trabalha na feira vendendo bebida. Ele já está se preparando para o carnaval, comprou muita bebida e está vendendo aos poucos. Estamos comendo com o que tem e as contas de IPTU e IPVA vamos deixando para depois. Estou colocando a minha casa à venda, para dar conta das despesas”, conta.




A feirante relembra o movimento da feira. “Tinha um show nas quintas só com banda mineira, que ia até às 22h para não incomodar. E no domingo, também tinha a feira, com pagode à tarde e tudo. Quem andava na beira da lagoa, caminhava, passeava e depois entrava na Feira do Mineirinho pelo artesanato, lá comprava, bebia uma água, tomava um suco, almoçava um tropeiro”, lembra.

Vanessa explica que o problema dela é o mesmo de vários outros feirantes do local. São tantos anos trabalhando no mesmo lugar, que quando o emprego é retirado, as pessoas não sabem o que fazer. "Você vê o tanto de gente desempregada, chapista, garçom, cozinheira, os expositores. Todo mundo com as dívidas atrasadas. É difícil demais, é difícil de acreditar. São 20 anos", afirma.

Para contornar a situação, a feirante conta que tem um grupo de conversas nas redes sociais com os colegas e, por lá, tentam organizar um evento para vender os produtos e tirar um dinheiro. A Feira do Mineirinho abrigava cerca de 120 expositores. “Nós estamos atrás de um espaço para contemplar todo mundo de novo”, diz.

Feira do Mineirinho lotada

Arquivo pessoal/Reprodução

Entenda o caso


Os contratos da exposição eram realizados com o governo de Minas Gerais. No entanto, desde 2022, o ginásio foi concedido à iniciativa privada. Na sexta-feira, 15 de dezembro, os feirantes foram surpreendidos com uma notificação da Mineirinho SPE S/A, que administra o local, solicitando o encerramento das atividades até domingo, 24 de dezembro.

Por meio de nota enviada ao Estado de Minas na época, a concessionária alegou que a decisão de rescindir o contrato com a empresa organizadora da Feira do Mineirinho, Fenacouro Promoções e Eventos LTDS, foi tomada após “uma criteriosa avaliação, que considerou todos os fatores inerentes ao processo”.

Segundo a concessionária, a notificação teria sido enviada no dia 24 de novembro, um mês antes do prazo para finalização das atividades. Assim, não pegando os feirantes de surpresa.

Também em entrevista na época, William Martins, presidente da Fenacouro, organizadora da feira, afirmou que havia um contrato assinado com a concessionária que administra o Mineirinho com vigência até cinco de março, um tempo que daria para os feirantes se programarem. Porém, foram surpreendidos com a notificação para desocupar o imóvel ainda em dezembro de 2023.

Ele ainda contou à reportagem que a administração da Feira fez um pedido à concessionária para que estendesse o prazo, com a justificativa de que teria pouco tempo hábil para realocar os mais de 100 expositores da Feira. O acordo foi feito e os expositores tiveram mais um mês e meio até encerrar as atividades por definitivo nessa quinta (1). Martins acrescentou que são gerados mais de 1 mil empregos diretos e indiretos por conta do evento, que ocorre às quintas e domingos.

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