A entrega de doses da vacina contra a dengue em Minas Gerais segue indefinida. Apesar de o Ministério da Saúde ter dito nessa quinta-feira (1º/2) que os imunizantes começam a ser encaminhados aos estados a partir da próxima semana, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas dá um prazo mais longo para o recebimento do imunizante.

Em entrevista coletiva nesta sexta (2/2), o titular da pasta estadual, Fábio Baccheretti, afirmou que, durante reunião em Brasília, ficou entendido que os 22 municípios mineiros selecionados pelo governo Federal terão a vacina “até novembro”.



O chefe da saúde em Minas não explicou o que foi discutido no encontro com o Governo Federal e o que levou ao entendimento do adiamento de ove meses para a entrega dos imunizantes. No entanto, o secretário afirmou que, além da quantidade de habitantes e sorotipos do vírus em circulação, os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde envolvem a situação epidemiológica do último semestre de 2023, o que justificaria o fato de o estado ficar fora da lista prioritária das entregas.

“Por exemplo, alguns estados que hoje não estão sofrendo com a dengue vão receber doses da vacina. Essa vacina não é para atacar neste momento. Então, para a gente não achar que esses municípios que estão sofrendo agora estão sendo levados em consideração para recebimento das doses”, explicou o secretário.

A reportagem questionou ao Ministério da Saúde sobre a possibilidade de uma priorização dos envios da “Qdenga”. Por telefone, a assessoria de imprensa do órgão afirmou que, até o momento, não há nada definido sobre a entrega das remessas, seja um calendário, previsão ou mesmo qual estado vai receber a vacina primeiro. Pediu, então, um posicionamento ao Governo de Minas, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.

Com ou sem “Qdenga” até o início de março, para Fábio Baccheretti as doses não devem afetar o atual cenário epidemiológico do estado. Segundo o secretário, a imunização vai começar a mudar os números de casos a médio e longo prazos, uma vez que, agora, apenas 1,5% da população brasileira será vacinada, o que não garante proteção coletiva ou individual. Com isso, até que a vacina comece a ser aplicada em massa, o combate à dengue deve continuar sendo feito “à moda antiga”, nos focos de reprodução do mosquito Aedes aegypt.

“É importante comemorarmos a vacina como uma arma definitiva, mas o combate a dengue continua sendo uma ação em comunidade, cada um de nós dentro da nossa casa com criadouro. Mas a gente não pode usar a vacina para achar que nosso cuidado tem que ser afrouxado, pelo contrário, nosso pico de dengue, por exemplo, aqui em Belo Horizonte vai acontecer nas próximas semanas, entre fevereiro e março. Ou seja, não dá tempo de pensar que a vacina vai proteger”, afirmou o secretário.

Até o momento, apenas 6 milhões de doses da “Qdenga”, produzida pelo laboratório japonês Takeda, foram adquiridas pelo Governo Federal para serem distribuídas pelo país em 2024. A previsão do Ministério da Saúde é que cerca de 3,2 milhões de brasileiros sejam imunizados este ano. Apesar do fabricante destinar as vacinas para crianças, adolescentes e idosos, apenas os dois primeiros grupos receberão a proteção. Isso porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que os estudos sobre a eficácia da vacina em maiores de 60 anos são inconclusivos.

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