O Então, Brilha!, um dos blocos mais emblemáticos do carnaval de Belo Horizonte, irá ocupar as ruas da capital mineira antes do raiar do sol por mais um ano. O desfile ocorre no primeiro dia oficial de folia, 10 de fevereiro.

 

O bloco irá desfilar pelo percurso tradicional: saindo da Avenida do Contorno com Rua Curitiba e terminando próximo à Praça da Estação.

 



 

O bloco nunca cogitou mudar o trajeto para participar das avenidas sonorizadas. “Isso porque a gente acredita num carnaval artesanal”, conta Leandro César, diretor de projetos do bloco. Nos primeiros desfiles, o bloco tinha recursos simples, como um carrinho de catador de lixo e uma bicicleta com caixas de som. Essa abordagem artesanal, segundo ele, é fundamental para a autenticidade do Carnaval.

 

Leandro argumenta que o projeto de sonorização nas avenidas não é a solução para os problemas do Carnaval, mas sim uma imposição que pode gerar novos desafios.

 

“Eu tenho um olhar bastante crítico com relação a esse projeto de sonorização. Um problema é, por exemplo, o governo querer fazer publicidade e se apropriar do discurso de ser um realizador do Carnaval, enquanto está fazendo o que deve, que é oferecer condições para que os blocos possam, de fato, fazer o Carnaval artesanal da forma que eles desejam”, diz.

 

O membro do Então, Brilha! ressaltou que muitos dos blocos que aderiram ao desfile nas avenidas ainda estão tentando entender se o novo sistema faz sentido ou não para eles. Também há o caso dos que não conseguiram patrocínio e, por estarem em uma situação mais complicada, acabaram aceitando participar.

 

Falta de recursos

 

A questão financeira é uma preocupação unânime. Diversos organizadores de blocos contaram que a situação dos blocos, em geral, é delicada devido ao crescimento constante do Carnaval, com pouco investimento do poder público. Os blocos são responsáveis por custear estruturas como sonorização, brigadistas e alimentação para a equipe, e, em muitas vezes, o valor investido pela prefeitura nos editais não é suficiente.

 

Leandro mencionou, ainda, uma possível pasteurização e centralização do Carnaval devido à dinâmica rápida de troca de blocos nas avenidas sonorizadas, o que colocaria em xeque pautas como a ocupação diversa dos territórios da cidade e a descentralização dos cortejos. Vale ressaltar que, dos 510 blocos confirmados pela Belotur, 195 são na Região Centro-Sul da capital – o que equivale a quase 40% do total.

 

O Então, Brilha! defende que o Carnaval seja feito pelos foliões e fazedores de cultura da cidade. “O carnaval é e deve ser artesanal e a gente deve contar com o poder público, na verdade, para que nos ofereça condições de realizar a festa da forma que a gente quer e acredita, porque nós somos criadores, nós somos artistas, nós somos fazedores. A gente está na rua desde o início dessa história, aprendendo com quem veio antes e acolhendo quem está chegando agora para poder fazer junto um carnaval de fato, de rua, popular e bonito”, diz Leandro César.

 

Nota do Governo de Minas 

 

"O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, informa que o patrocínio da nova sonorização nas avenidas atende a uma demanda de blocos. O novo sistema de som trará mais qualidade técnica, ressaltando a participação dos artistas e das bandas. O Governo de Minas se colocou à disposição para eventuais melhorias necessárias, inclusive após o ensaio geral que testou o novo modelo, e permanece aberto para discussões com os blocos em busca de evoluções para o futuro.

 

Em uma democracia, é natural que haja manifestações de todos os tipos e o Carnaval de Minas Gerais tem como princípio ser uma festa que escuta e respeita a opinião de todos, mesmo quando não se trata de posicionamento predominante. O Governo de Minas segue aberto ao diálogo com todos os atores envolvidos no Carnaval."

 

 

Novidades do Então, Brilha! para 2024

 

Leandro compartilhou detalhes do tema "Você tem sede de quê?" e das iniciativas que prometem marcar presença na folia. O tema propõe uma reflexão sobre a sede, não apenas em relação à água, mas também aos desejos individuais e coletivos.

 

Entre as novidades anunciadas, destaca-se o lançamento de uma música inédita nesta terça-feira (6/2). Pela primeira vez, o bloco terá uma ala de dança própria, liderada pela coreógrafa e bailarina Thaiset. Também haverá um grupo de intervenções e performances coordenado pelo próprio bloco, em parceria com a atriz Paula Manata e o artista Léo Piló.

 

“Além disso, sempre tem surpresas. Vão ter os nossos convidados, que a gente costuma não divulgar, as pessoas só ficam sabendo no dia e na hora. Estamos preparando uma cenografia bem linda e bem autêntica, original e bem brilhante pro cortejo deste ano. Um repertório também, pra poder segurar as nossas cinco horas de cortejo com a nossa banda brilhante e maravilhosa”, diz Leandro.

 

Para completar, o bloco anunciou o lançamento de um manifesto político sobre a importância de cuidar da água, ressaltando lugares específicos de Belo Horizonte nos quais desejam desfrutar dela.

 

“A gente precisa cuidar da nossa água porque temos sede de nadar e pescar no Arruda, de tomar banho na Lagoa da Pampulha ou na Cachoeira do Ribeirão do Onça ou na Lagoa Seca, lá em cima, na Serra, no Acaba Mundo… Temos sede de alegria. Que possamos usufruir das nossas águas”, conta o diretor de projetos.

 

Leandro também abordou a questão da sonorização, enfatizando a necessidade de bons trios elétricos e a busca por melhorias nos equipamentos técnicos. “A gente sempre quer o melhor do ponto de vista técnico, para podermos nos expressar da melhor forma possível através da nossa arte, da nossa música, dos nossos músicos, da nossa banda”, explica.

 

Mapa dos blocos de BH

 

Veja data, local e horário de desfile dos blocos de rua do Carnaval de BH 2024 neste mapa interativo atualizado diariamente. Baixe o mapa dos blocos de carnaval de BH para acompanhar as centenas de desfiles grátis nas ruas da capital mineira.

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