Osvaldo Pinto da Silva, de 100 anos, e Maria Nilza Rodrigues dos Santos, de 57, são a prova de que amor não tem idade. O casal, que vive há quase 18 anos na Casa de Saúde Santa Izabel (CSSI), da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ficou noivo no final do ano passado.

Embora o romance pareça improvável, devido a questões de saúde e de um histórico de segregação social, os dois manifestaram o desejo de celebrar o afeto construído entre eles no final de 2023. Ao completar 100 anos, Osvaldo, conhecido também como Paraná, recebeu uma comemoração e, enfim, oficializou o noivado com Maria Nilza.



“Durante a organização, ele nos procurou para dizer que queria ficar noivo na ocasião, que já havia pedido sua curadora para comprar as alianças para pedir a mão da Maria Nilza em casamento. E ela havia aceitado. Em respeito ao desejo dos dois, ao que estavam manifestando naquele momento, providenciamos tudo para que, durante o aniversário, ele pudesse fazer esse pedido. Foi emocionante e eles ficaram muito agradecidos”, conta Débora Gabriele Tolentino Alves, psicóloga da CSSI.

Para a profissional, que acompanha os pacientes há um tempo, escutar o desejo e fazer o possível para atender é uma forma de valorizar os pacientes asilares.

Osvaldo está no abrigo há mais de 40 anos por causa da hanseníase, doença que afeta, principalmente, a pele. Já Maria Nilsa vive na CSSI há 27 anos devido a sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC). Foi em 2006 que eles começaram a conviver e se mostram bem próximos, desde os momentos de refeição quanto nas oficinas terapêuticas.

“Os dois vêm de uma história em que esses direitos são negados - ele pela hanseníase e ela por ser uma pessoa com deficiência. E ouvir e apostar nisso é uma forma de valorizar o que eles estão nos trazendo, de manter a autonomia deles enquanto sujeitos de direitos e com desejos. Aqui, eles estão tendo oportunidade de ser alguém: o Paraná, de ser noivo da Nilza; e a Nilza, a noiva do Paraná. Então foi por isso que, com muita alegria, a gente acolheu esse pedido, para que eles se sintam especiais, se sintam pessoas. O que, durante muito tempo, foi algo negado aos dois”, enfatiza Débora.

Quando questionado sobre os próximos passos, o casal compartilhou seus planos. Osvaldo e Maria Nilza querem comprar uma casa em Juatuba, onde a mulher tem uma filha, e contratar uma pessoa para cuidar dos dois, pois reconhecem as limitações físicas de ambos e que precisam de ajuda no dia a dia. Além disso, Nilza deseja que o noivo se converta à religião dela, visto que ela é evangélica e só aceita casar depois que Osvaldo se batize.

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