O Hospital da Baleia, localizado na Região Leste de BH, vai passar a ser parte do Sistema Único de Saúde (SUS) em junho deste ano. O anúncio e esclarecimentos sobre a mudança no hospital foi nesta segunda-feira (26/2), em evento que reuniu autoridades da área da Saúde. 

 

“Toda a regulação dos pacientes que virão para nós será feita pela secretaria municipal. No nosso complexo hospitalar, não atenderemos mais planos de saúde nem pacientes particulares. Neste complexo, seremos 100% SUS”, afirmou Tereza Guimarães Paes, diretora-presidente da Fundação Benjamin Guimarães, mantenedora do Hospital de Baleia, que completa 80 anos em 2024.

 



No evento, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) assinou o contrato que torna o Hospital da Baleia 100% SUS. Helvécio Magalhães, secretário da Atenção à Saúde Especializada do Ministério da Saúde, esteve presente e explicou a importância dessa mudança na unidade de saúde. “Há mais chances de se internar, fazer exames e tratamentos”, disse.

 

Também presente, o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, reforçou. “Todo paciente que for atendido aqui no Baleia não pagará nem R$ 1 e terá um atendimento de grande qualidade. Em termos gerais, teremos mais leitos de CTI, mais cirurgias realizadas, mais hemodiálises, tomografias e ressonâncias”, acrescentou Baccheretti.

 

Com a adesão 100% SUS, a previsão é que a quantidade de leitos no Baleia aumente de 106 para 202 até o fim do ano. Para Danilo Borges Matias, Secretário Municipal de Saúde, a expectativa de ampliação para o hospital é crescente.

 

“Nós da Secretaria de Saúde vamos fazer um acompanhamento muito próximo do contrato e dos indicadores que envolvem essa prestação de serviços. O hospital vai, na nossa expectativa, ampliar muito mais, a gente espera que muitos mais leitos sejam incorporados”, disse ele.

 

Expansão de leitos e serviços

 

Na reunião, Tereza Guimarães Paes, diretora presidente da Fundação Benjamin Guimarães, afirmou que em 2024 haverá uma expansão nos leitos, nos serviços hospitalares e de exames. “Nós vamos precisar de uma equipe assistencial maior para fazer frente a essa expansão. Este ano vamos atender quase o dobro de pacientes que atendemos ano passado”, disse.

 

Segundo balanço divulgado pelo hospital, em 2023 o Baleia atendeu em média 1,2 mil pacientes por mês, em um total de mais de 700 mil procedimentos no ano, incluindo exames, consultas ambulatórias, quimioterapia, cirurgias, hemodiálise e radioterapia.

 

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Até a mudança, cujo período de transição acaba até o fim de maio, o Baleia atende 22 convênios médicos e atua com 10% dos leitos reservados para o serviço privado. “Até hoje, o Baleia tinha apenas um serviço exclusivo para atendimento SUS, o Centro de Reabilitação e Tratamento de Fissuras Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais – Centrare. Agora, todas as 33 especialidades serão agendadas de acordo com a demanda recebida via regulação da Secretaria Municipal de Saúde” informou o hospital.

 

O Secretário Municipal de Saúde lembrou que pacientes de outros municípios também poderão ser atendidos no Hospital da Baleia. “A secretaria municipal de BH tem 831 municípios em pactuação conosco, então, pela central de internação, os pacientes, inclusive de outros municípios, podem ter acesso”, lembrou.

 

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Dívidas

 

As dívidas de cerca R$ 100 milhões do Hospital da Baleia também foram abordadas na reunião desta quinta-feira. De acordo com a diretora-presidente da Fundação Benjamin Guimarães, a maior parte dos débitos, cerca de 60%, são com bancos, ou seja, de quitação de longo prazo. "Temos alguns outros (débitos) com fornecedor e prestadores. Na medida em que vamos trabalhar com uma racionalidade maior, uma profissionalização da gestão, acreditamos que teremos condições de ter recursos não só para quitar as dívidas, mas para fazer novos investimentos em inovações de melhoria da instituição”, afirmou Tereza Guimarães Paes.

 

Ainda quanto às finanças, a presidente reitera a importância das doações ao hospital para “fechar as contas no fim do mês” e melhorar a qualidade dos serviços ofertados. “O Baleia segue sendo uma instituição filantrópica, porém atendendo a um único cliente, o SUS. Ou seja, não se torna um hospital de administração pública, apenas de dedicação exclusiva ao Sistema Único de Saúde”, disse.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Fábio Corrêa

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