Cinco policiais feridos. Este foi o saldo da explosão de uma caixa de lança perfume, na manhã desta quarta-feira (28/2), durante a transposição de cerca de 5 toneladas de drogas (cocaína, maconha, haxixe e skunk), para um caminhão da Polícia Civil, que levaria todo o material para a fábrica da Gerdau, em Ouro Branco, na Região Central, para ser incinerada. Um investigador tinha ido ao banheiro no momento da incidente.

 



 

O acidente revelou o descaso e um descumprimento de uma lei federal antidrogas: o Código de Processo Penal (CPP), datado de 2019, que determina que as drogas apreendidas devem ser estocadas com segurança em local fora das delegacias, sendo encaminhadas para a perícia e depois para a incineração, o que até hoje não foi aplicado.

 

A explosão ocorreu por volta das 10h30. Um grupo de policiais civis retirava as drogas do depósito improvisado no Denarc (Departamento de Investigações Sobe Narcóticos), colocando-as em caixas e sacos de plástico, no corredor de saída da delegacia. Depois seriam colocados no caminhão da Polícia Civil, que tem a carroceria coberta.

 

No momento em que esse transporte era feito, ocorreu a explosão. Um policial, não identificado, estava com a caixa nos braços, e, com as explosões, seus dois membros ficaram feridos. Outros quatro agentes também se machucaram.

 

O caso mais grave foi o de uma policial que estava ao lado do agente que carregava a lança perfume. Ela ficou ferida nas pernas, altura das coxas. Os cinco foram levados para o Hospital Odilon Behrens.

 

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Um policial, o investigador Takahashi, que está completando 40 anos de Polícia Civil, contou que estava ajudando no transporte da carta e tinha ido ao banheiro. “Logo depois que entrei, veio a explosão. Não podia imaginar o que estava acontecendo. Sai do banheiro e vi meus colegas feridos. Corri para ajudá-los”.

Em nota, a Polícia Civil informou que o frasco explodiu durante o carregamento de caminhão com drogas que seriam incineradas. As vítimas foram imediatamente encaminhados ao hospital para o devido atendimento médico.

 

Justiça

 

A operação era acompanhada pela promotora da 1ª Vara de Tóxicos, Ivana Andrade Souza, que estava em frente à balança de pesagem da droga. “Levei um susto enorme. Pensei, logo que era uma bomba. Fiquei incrédula. Logo veio uma nuvem de fumaça, e quando esta se dissipou, pude ver pedaços de vidro pelo chão. Vi os policiais machucados, um corre-corre.”

 

A promotora disse que ficou impressionada ao ver que o procedimento da Polícia Civil no caso de tóxicos, quando este material está sendo encaminhado para ser incinerado, é muito rudimentar. “Está claro, para mim, e isso estará no meu relatório para o Ministério Público, que é preciso ter cuidado e que é preciso uma modernização no tratamento com as drogas apreendidas. Vou pedir a intervenção do Ministério Público, nas delegacias, para que o sistema seja modernizado, e a lei, aplicada.”

 

A presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia de Minas Gerais, Sindep, Aline Risi, estava indignada. “Cartório não é central de custódia, não é lugar para depositar drogas. A custódia na delegacia tem de ser provisória. Não pode continuar sendo assim. Há um descaso da Polícia Civil em resolver isso. Não pode ser armazenada onde os escrivães estão trabalhando nem onde também estão outros policiais. É risco de vida para todos. Os policiais não têm nem adicional de periculosidade nem de insalubridade. Estão em risco o tempo todo.”

 

Wemerson Oliveira, presidente do Sindipol, diz que é hora de resolver essa situação de uma vez por todas. “Não é certo a droga estar estocada no Denarc. O certo seria, ao ser apreendida, ser levada para o Instituto de Criminalística, e de lá, para a perícia. Aí, ser encaminhada para a incineração”.

 

Wemerson e Aline lembraram que existem mais dez decisões judiciais para que o problema de estocagem de drogas apreendidas e encaminhamentos seja resolvido, mas nada foi feito ainda.

 

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