Sessenta e três mudas de árvores serão plantadas na Região da Pampulha na próxima sexta-feira (1º/3). O plantio já faz parte da compensação de espécimes determinada pelo contrato entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a produtora da Stock Car, principal competição automobilística brasileira. A corrida está agendada para acontecer entre os dias 15 e 18 de agosto e, até lá, a administração municipal garantiu que outros 745 exemplares serão plantados - 688 pela empresa responsável pelo evento e 120 pela Minas Arena, administradora do Mineirão.

Nesta quarta-feira (28/2), a PBH iniciou a retirada das árvores no entorno do estádio Mineirão, onde será instalado o circuito do evento. Ao todo, foram cortadas 63 árvores - 55 pela prefeitura e oito pela Minas Arena.

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Em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (28/2), o secretário de Meio Ambiente da capital, José Reis, reforçou que a supressão das árvores foi feita após aprovação do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). A reunião aconteceu na última quarta-feira (21/2) e apontou vitória para os integrantes da secretaria a favor da prova, por 10 a 2.

“Tivemos um parecer técnico da secretaria submetido ao conselho deliberativo do Comam. Na ocasião, pudemos ouvir mais de 200 participantes. Demos espaço a todos de forma aberta e transparente de se manifestarem”, afirmou o chefe do Meio Ambiente municipal.

Reis explicou que o corte dos espécimes resultou na compensação de plantio de outras 688 novas plantas. Além disso, elas deverão seguir um requisito de tamanho mínimo de 2,5 metros, do solo até o primeiro galho, com no mínimo três galhos. As mudas serão colocadas pela regional, em locais que ainda serão determinados e não substituirão as que foram e serão suprimidas ao redor do estádio. Ou seja, pelo menos por cinco anos - período em que a corrida vai acontecer em BH - não haverá tantas árvores, como há hoje, nas avenidas Rei Pelé, Carlos Luz e Coronel Oscar Paschoal.



Henrique Castillo, superintendente de Desenvolvimento da Prefeitura de Belo Horizonte, explicou que a retirada das árvores foi necessária para que a cidade recebesse a etapa da Stock Car, realizada no modelo “Circuito de Rua”. De acordo com ele, a demanda era que mais espécimes fossem suprimidos, mas estudos da pasta, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente, determinaram que a menor quantidade já seria suficiente. Inicialmente, conforme consta em um apêndice que pedia a dispensa de licença ambiental, anexado ao edital da prova, seriam cortados 90 espécimes.

Uma das principais demandas que levaram às supressões, de acordo com o superintendente, foi a segurança dos pilotos. “As pessoas falam que são muitas árvores que estamos tirando. Na verdade, são poucas árvores em relação ao que se precisaria retirar. A pista tem que ser aprovada por um simulador. A primeira coisa que tem que ser considerada é a segurança, não só da população, como também dos pilotos.”

Mais intervenções

Além do corte das árvores, o projeto para instalação do circuito também vai incluir o recapeamento das avenidas. Segundo Castillo, as obras devem começar já na próxima semana, mesmo a corrida acontecendo daqui a cinco meses.

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“Para recebimento de toda a infraestrutura é necessário recapeamento, que será o recapeamento normal que a gente já faz na cidade. Serão 3,2 km no total e nós vamos também mexer em alguns abrigos ônibus que terão que ser realocados. Também vamos avaliar os passeios que vão ter que ser alterados. Alguns sinais, ou seja, nós vamos fazer as alterações para a prova e, depois que acabar, remontamos tudo”, explicou o superintendente.

Manifestações

A poda das árvores para a realização da Stock Car acontece em meio a protestos e revolta de um grupo de manifestantes. Nesta manhã, com faixas de “Deixe nossas árvores em paz” e “Fora Stock Car”, cerca de 30 pessoas protestaram contra a ação e os impactos do evento na região. Seis dos espécimes a serem retirados do local são ipês-amarelos, declarados imunes de corte pela legislação estadual. Destes, dois estão mortos, e quatro, em bom estado vegetativo, conforme relatório da Diretoria de Meio Ambiente.

Nessa terça-feira (27/2), a reitora da UFMG Sandra Goulart, em entrevista ao Estado de Minas, afirmou que o evento poderá impactar na dinâmica do campus. Entre os pontos, a reitora cita os impactos ambientais e sonoros da realização do evento, além dos bloqueios de acesso à universidade, que terá, no mínimo, duas das seis portarias da universidade afetadas. A universidade encaminhou um ofício à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para dialogar com a gestão municipal sobre a realização da corrida.

A respeito dos ruídos, a PBH afirmou que os organizadores da corrida vão implantar barreiras acústicas. Um professor da universidade seria o responsável por coordenar o projeto.

Além disso, outra questão esclarecida pelo Executivo foi a respeito da emissão de carbono e poluentes emitidos pelos veículos. Ainda segundo o município, os responsáveis pelo BH Stock Festival contrataram um escritório especializado para implantar uma política de carbono neutro, visando reduzir emissões associadas ao evento e “contribuir para a mitigação das mudanças climáticas”.

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