Inquérito, segundo o delegado Lucas Nunes tem 360 páginas -  (crédito: Ivan Drummond/EM/D. A. Press)

Segundo o delegado Lucas Nunes, inquérito do crime tem 360 páginas

crédito: Ivan Drummond/EM/D. A. Press

O assassinato de Layze Stephanie Gonzaga Ramalho da Silva, de 21 anos, que foi encontrada na BR-040, com 80% do corpo queimado, mas ainda com vida, foi esclarecido pela Polícia Civil, que prendeu o autor, um homem de 37 anos, que teria namorado com a vítima durante 40 dias. Segundo os investigadores, ele aplicava golpes em mulheres, sempre usando nomes falsos. Com ele, a polícia encontrou cinco documentos diferentes, todos falsos.

 

O caso, que ocorreu no dia 19 de fevereiro, divisa dos municípios de Santa Luzia e Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte,  foi esclarecido por policiais da 6ª Delegacia Especializada em Homicídios Noroeste, com inquérito presidido pelo delegado Lucas Nunes.

 

De acordo com Nunes, o autor, natural da cidade de Cristais, em Goiás, é um golpista que já havia atuado no Paraná, onde tem uma prisão preventiva decretada por homicídio e estava foragido, Mato Grosso do Sul, Paraguai, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

 

 

“O autor do homicídio, ele não assume, mas temos várias provas e estamos esperando a liberação do celular desse homem, para podermos provar que houve feminicídio, tem uma vasta ficha. Suas vítimas são sempre mulheres. Ele comprava veículos ou montava empresas em nome de supostas namoradas, na verdade, vítimas dele. E Layze foi mais uma dessa mulheres usadas por ele”, diz o delegado Lucas Nunes.

 

Ele conta que o autor conheceu Layze através de aplicativo de encontro no celular. Procurou ganhar a confiança dela e depois se aproximou da família, com o intuito de conseguir favorecimento financeiro.

 

O homem, segundo o delegado, saiu com a namorada na quarta-feira de Cinzas. “A partir desse momento, a família só teve contato com ela por vídeo, mas sempre com ameaças, e uma história inventada por ele”.

 

Foram cinco dias, segundo o policial, de ameaças. “Ele inventou a história de que ela estaria envolvida com o tráfico de drogas e que estaria devendo dinheiro. Cada hora pedia um valor para a família, dizendo que estava intermediando a negociação com os traficantes. Os valores medidos variaram de R$ 30 mil a R$ 90 mil. Ele pediu, primeiro, o maior valor e como a família afirmava que não tinha o dinheiro, foi baixando, até chegar a R$ 30 mil.”

 

Nos vídeos, segundo o delegado Lucas, Layze estava machucada, no rosto, o que comprova que houve agressão à vítima.

 

Foto de Layze usando chapéu rosa

Layze Stephanie Gonzaga Ramalho da Silva, de 21 anos, que foi encontrada na BR-040, com 80% do corpo queimado

Reprodução/ Redes Sociais

 

Layze foi encontrada por um caminhoneiro, caída, na beira da estrada e tinha, segundo o delegado, duas facadas e praticamente todo o corpo queimado. Ela foi socorrida pela PM e serviço de socorro da Via 040. “Ela estava muito ferida, mas conseguiu contar o que havia acontecido aos médicos e policiais”, diz o delegado Lucas.

 

Prisão do suspeito

 

O homem foi preso pela Polícia Militar, no dia 20 de fevereiro, no Bairro Jardim Leblon. Os policiais desconfiaram do documento apresentado pelo motorista durante  uma verificação que realizaram em carro que foi parado.

 

“Procurando se defender, o autor admite que era namorado de Layze, e que ela tinha sido morta pelo Tribunal do Crime do Tráfico de Drogas, pois ele estaria protegendo-a, mas eles conseguiram encontrar o casal e levaram Layze”, afirma o delegado Lucas.

 

O policial explica que conseguiu a identificação do homem e o nome correto, ao fazer contato com a polícia paranaense. “Ele usava aqui , o mesmo nome que teve no Paraná, onde tinha uma preventiva decretada, por homicídio. Lá, também, ele tem uma acusação de explodir um caixa eletrônico”, diz.

O homem estava preso no Ceresp Gameleira, mas foi transferido, na manhã desta segunda-feira (4/3), para a Penitenciária Dutra Ladeira, onde aguardará a conclusão do inquérito.

 

Crimes 

 

Segundo o delegado Lucas, até o momento o homem está sendo indiciado por extorsão mediante sequestro com resultado de morte, falsificação de documentos, falsificação de identificação a autoridade policial.

 

Ele deverá ser indiciado, também, por feminicídio, o que depende da liberação, pela Justiça, para que as imagens do celular dele, sejam confiscadas. “Lá estão os vídeos que ele fez com Layze. Ele a obrigava a falar para seus parentes. Dizia o que tinha de ser dito”, explicou o delegado.