Movimento 8 de Março Unificado reúne mais de 40 organizações de mulheres na Praça Raul Soares -  (crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press)

Movimento 8 de Março Unificado reúne mais de 40 organizações de mulheres na Praça Raul Soares

crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press

Mais de 40 coletivos femininos se reuniram numa marcha, na Praça Raul Soares, no Centro de BH, nesta sexta-feira (8/3), Dia Internacional da Mulher. Entoando o lema "Parem de nos matar!", o protesto busca dar um basta à violência brutal sofrida diariamente pelas mulheres, em todo o país.

 

Minas Gerais está entre os estados que mais registram crimes contra a mulher no Brasil. Conforme dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), no ano passado foram contabilizados 183 feminicídios em território mineiro. Os números colocam o estado na segunda posição da lista de ocorrências do tipo. São Paulo lidera o ranking, com 221 crimes.

É neste cenário que as mulheres se ergueram e foram às ruas da capital mineira. "Nosso manifesto é pelo fim da violência machista, que degrada, oprime e mata todos os dias. Somos contra a violência doméstica, patrimonial, somos contra o estupro e lutamos pelo livre direito de ir e vir.", ressalta a organizadora do 8M Unificado, mãe, jornalista e produtora cultural, Yany Mabel.

 

Diante dos números, o ato cobra políticas públicas de proteção à mulher, saúde digna e integral, igualdade no mercado de trabalho e a valorização da diversidade. 

 

O ato contará com intervenções artísticas, e homenageia a artista venezuelana, Julieta Hernández

O ato contará com intervenções artísticas, e homenageia a artista venezuelana, Julieta Hernández

Túlio Santos/EM/D.A Press

 

"Não vamos naturalizar a violência de gênero, e não daremos nenhum passo atrás em relação aos direitos já conquistados pelas mulheres que vieram antes de nós, porém, marcharemos para garantir uma sociedade feminista pelo bem de todas que estão por vir", afirma Yany.


O ato político é organizado há mais de 15 anos em BH, com a participação de mulheres cis, trans, não binaries, indígenas e negras. Além disso, conta com intervenções artísticas como, um bloco percussivo formado apenas por mulheres, 'palhaçaria' em homenagem à Julieta Hernández, artista venezuelana brutalmente assassinada no Amazonas em janeiro. Também marcam presença coletivos de mulheres circenses e poetisas. 

 

Relembre o caso Julieta Hernández

Julieta Ines Hernández Martinez, de 38 anos, conhecida como "Palhaça Jujuba", viajava pelo Brasil em uma bicicleta e tinha decidido voltar ao país de origem para rever a mãe. O Amazonas estava na rota da artista venezuelana, encontrada morta em Presidente Figueiredo, no interior do Estado, após ficar 14 dias desaparecida.

 

Ela vivia no Brasil desde 2015, integrava o grupo de cicloviajantes "Pé Vermêi" e se apresentava com a personagem Palhaça Jujuba. Ela viajava do Rio de Janeiro até a Venezuela, seu país natal, de bicicleta, quando desapareceu no dia 23 de dezembro de 2023. Julieta pernoitou na sede do Espaço Cultural Mestre Gato, onde um casal vivia de favor. 

 

De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, a artista foi vítima de violência sexual, roubo e agressões antes de ser assassinada. O casal Thiago Agles da Silva, 32 anos e Deliomara dos Anjos Santos, 29 anos, cometeram o crime. 

 

Caso de violência nessa terça-feira (5/3)

Uma mulher de 26 anos foi vítima de violência ao ter o cabelo raspado pelo ex-companheiro em Francisco Sá, no Norte de Minas. O caso aconteceu na terça-feira (5/3). A vítima foi filmada durante o crime e o vídeo compartilhado nas redes sociais. A motivação da agressão teria sido ciúmes. O homem está foragido e deve responder por violência contra mulher, ameaça e corrupção de menores.

 

*1.463 mulheres foram vítimas de feminicídio em todo o país em 2023