Trabalhos do Cenipa e Seripa III no que restou do avião acidentado tiveram início na manhã desta quinta-feira -  (crédito: Edésio Ferreira/ EM/ D. A. Press)

Equipes do Cenipa trabalham no que restou do avião acidentado

crédito: Edésio Ferreira/ EM/ D. A. Press

Depois de três dias internado, Walter Luiz Martins, mecânico aeronáutico de 51 anos e único sobrevivente da queda do avião da Polícia Federal (PF) no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, foi liberado do Hospital de Pronto Socorro João XXIII nessa sexta-feira (8/3). Ele estava internado desde a última quarta-feira (6), data do acidente.

 

A tragédia também vitimou os agentes federais José Moraes Neto e Guilherme de Almeida Irber, de Brasília, que perderam a vida no impacto e foram carbonizados. Walter Luiz, funcionário de uma empresa terceirizada, foi resgatado consciente e apresentava trauma abdominal e queimaduras pelo corpo. Apesar do grave acidente, sua condição permaneceu estável e não houve risco iminente de morte durante o período de internação.

Nessa quinta-feira (7/3), técnicos da PF estiveram no Aeroporto da Pampulha para a perícia na aeronave. O Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), continua a investigação para esclarecer as circunstâncias do acidente.

A queda

As três vítimas estavam em um Cessna 208B Caravan, avião monomotor fabricado em 2001, com 11 lugares e capacidade para nove passageiros. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), o avião chegou a decolar e perdeu altitude instantes depois, caindo na lateral da pista, próximo a um canteiro de obras onde havia trabalhadores no momento.

O momento da queda foi registrado por vídeos compartilhados nas redes sociais. Nas gravações, é possível ver que a aeronave começa a soltar fumaça ainda no ar e, pelo movimento do piloto, dá a entender que ele tentou uma manobra para realizar um pouso de emergência. Ao cair, o monomotor entrou em chamas. Os dois pilotos foram encontrados carbonizados pelos bombeiros.

"A gente percebeu através das imagens a decolagem dessa aeronave e depois uma tentativa de retorno, mas ainda não chegou nenhuma informação que trouxesse esclarecimento sobre a causa", disse o Tenente Henrique Barcellos, do Corpo de Bombeiros.

O registro do portal Flight Radar, site que faz o acompanhamento de rotas de aeronaves do mundo inteiro, identificou o acidente a poucos metros da Avenida Antônio Carlos, uma das principais vias da cidade, por onde passam ônibus e veículos de passeio. Em nota, a CCR, concessionária que administra o aeroporto, informou que a pista operou normalmente, uma vez que o acidente foi fora da faixa.

A Polícia Federal confirmou que a aeronave pertence à instituição, mas não informou o porquê dela estar na Pampulha. Peritos especialistas em segurança de voo e acidentes aéreos foram deslocados até o aeroporto. O diretor-geral da instituição decretou luto oficial de três dias. “A Polícia Federal se solidariza com os familiares e amigos das vítimas e decreta luto oficial de três dias”, escreve a corporação.

Investigações em andamento

A Força Aérea Brasileira (FAB) também deslocou investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA III), órgão do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), localizados no Rio de Janeiro (RJ), para BH.

Os militares vão realizar uma Ação Inicial, com técnicas específicas para levantar dados e realizar a coleta de informações que podem confirmar as causas do acidente, os danos causados à aeronave, ou pela aeronave. No entanto, pelas imagens registradas pelo Corpo de Bombeiros, é possível supor uma perda total.

No painel de informações da FAB, ainda há o registro de outros dois acidentes com a aeronave da PF, ambos identificados como incidentes de menor intensidade. As ocorrências eram relativas a estouro de pneu e aconteceram em Jundiaí, na grande São Paulo (SP). Uma foi no momento do pouso e a outra ainda no solo.