O indiciamento pela Polícia Federal (PF) de 39 policiais pela morte de 26 suspeitos de integrar uma quadrilha do crime que ficou conhecido como "novo cangaço", em Varginha, no Sul de Minas, foi criticado pela Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF).  A entidade aponta a PF como participante das ações de inteligência que prepararam a operação.



O inquérito da PF que investiga as ações de policiais militares de Minas Gerais e agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Varginha, no dia 16 de outubro de 2021, foi concluído com o indiciamento de 23 PRFs e 16 PMs.

A operação deixou 26 pessoas mortas. A princípio, os agentes envolvidos disseram ter acontecido uma troca de tiros com os bandidos do “Novo Cangaço”, grupo que promovia o cerco a cidades e ataque a bancos com uso de explosivos e armamento de guerra.

Segundo a PF, os bandidos foram surpreendidos pela operação e não estavam armados no momento em que os disparos ocorreram e os corpos dos mortos teriam sido movimentados, bem como a cena do crime alterada pelos policiais envolvidos.

A ação ocorreu em duas chácaras, onde a quadrilha se preparava para ataques a agências bancárias no Sul de Minas Gerais, segundo a PRF. A polícia apresentou um farto armamento apreendido, incluindo fuzis, escopetas, granadas, explosivos, coletes à prova de bala e uma metralhadora de calibre .50.

A FenaPRF criticou a postura da PF. "A Policia Federal participou de toda ação de inteligência que antecedeu a operação, cancelando sua participação e abandonando no dia os PRFs, a PM e a população de Varginha a mercê de 26 criminosos com vasta ficha corrida", declarou a entidade.

A federação informou que vai "acompanhar de perto as investigações sobre a atuação de policiais rodoviários federais na operação de enfrentamento ao crime de domínio de cidades ocorrida no ano de 2021 em Varginha (MG)".

Informou, ainda, estar confiante no trabalho realizado pelos servidores "em defesa da população e na Justiça", reforçando que vai dar todo o suporte para contestar os laudos apresentados pela investigação da Polícia Federal.

"É importante ressaltar o sucesso da operação em questão, que livrou os moradores da cidade mineira do terror e da ação perversa de criminosos, evitando mortes e crimes contra o patrimônio das famílias. Não se pode punir quem agiu para proteger a população, nem abrir precedentes para que policiais passem a trabalhar com medo de exercer o seu dever de enfrentar a criminalidade. Não existem fatos novos que justifiquem o indiciamento e a reabertura de procedimentos administrativos. Seguiremos junto dos Policiais Rodoviários Federais no restabelecimento da verdade", declarou a entidade.

A reportagem procurou as polícias militar, federal e rodoviária federal para uma resposta sobre o inquérito em questão, mas ainda não obteve resposta oficial.

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