O hospital de campanha exclusivo para pacientes com arboviroses, que começou a receber pacientes no plantão noturno de sexta-feira, já diminuiu o tempo de espera na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte, no Bairro Novo Aarão, a que serve de apoio, embora a lotação ainda seja alta. Até o início da noite de ontem, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, 41 pessoas haviam sido internadas na unidade extra, 36 dos quais permaneciam recebendo hidratação e venosa e assistência contínua. Os outros tinham recebido alta. O local foi escolhido para abrigar o novo equipamento de saúde depois e a UPA Norte registrar aumento de 188% no número de acolhimentos relativos à dengue em um mês.
Lúcia Machado Lopes, de 78 anos, chegou à unidade ontem por volta das 10h. Acompanhada da filha, Kátia Lúcia Corrêa, a mulher contou que estava com sintomas de dengue desde a manhã de sexta-feira. Ontem, sabendo da abertura do hospital de campanha, as duas decidiram ir até a UPA Norte, na esperança de que o atendimento fosse rápido. No entanto, de acordo com elas, ainda houve bastante espera. “O atendimento foi tranquilo, mas não rápido. Mesmo depois de termos passado pela triagem demorou um pouco. Eles nos encaminharam para a tenda, porque ela (Lúcia) estava com sintomas. Antes mesmo, já começaram a hidratação oral, com soro”, relata Kátia.
Ao chegar à UPA, os pacientes com sintomas de contaminação por dengue, chikungunya ou zika, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, são encaminhados para um espaço de espera, com triagem exclusiva. Lá, as pessoas já começam a receber copos com soro de reidratação e, em seguida, são encaminhados para a tenda onde estão dispostos 40 leitos para internação.
Patrícia de Fátima Andrade Ferreira, de 53, ainda estava sendo atendida na unidade, aguardando seu exame de contagem de plaquetas. À reportagem, ela relatou que foi diagnosticada com dengue grave e encaminhada à UPA Norte, após passar por um centro de saúde. Segundo a paciente, o atendimento foi bem rápido. “Fui encaminhada para a tenda e o acolhimento foi rápido e prestativo, um pessoal bem educado. Cheguei por volta das 11h, mostrei meu exame e o pedido para repetir a contagem de plaquetas e eles me atenderam bem rápido. Agora eu estou melhor, fiz o exame de sangue e ainda tenho que esperar”, conta.
QUALIDADE
Apesar da lotação, pacientes e acompanhantes ouvidos pelo Estado de Minas afirmaram que o atendimento na unidade é “acolhedor” e “organizado”. Esse é o caso de Daniela Esther Valéria, de 30, que deu entrada na UPA por volta do meio-dia de sexta-feira e recebeu alta no meio da tarde de ontem. Para ela, o tempo de espera faz parte, já que a demanda por acolhimento tem sido grande. Diagnosticada com dengue tipo C, a mulher conta que foi encaminhada para a tenda onde estão os leitos de campanha.
“Não tenho oo que reclamar. O pessoal foi muito atencioso, muito organizado. Demorou mesmo, mas porque a demanda está muito grande e são poucos profissionais. Mas, mesmo assim, o pessoal está agilizando. Em relação à tenda, lá é muito organizado, os profissionais são muito gentis e atenciosos, mas está lotado. Não tem como atender rápido”, relata.
BALANÇO DE CASOS
Minas Gerais está em situação de emergência em saúde em decorrência do aumento de casos de dengue desde 29 de janeiro. Das 20 cidades com mais registros de casos prováveis, 12, incluindo a capital, estão na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o restante no Triângulo Mineiro, Norte, Alto Paranaíba, Central e Sul. Conforme o painel de monitoramento das arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), até sexta-feira eram 380.895 casos prováveis, 135.382 confirmados e 39 óbitos. Segundo o painel da SES, em BH foram confirmados 8.984 contaminações, enquanto outras 46.065 ainda estavam pendentes de exames laboratoriais. Além disso, oito pessoas morreram em decorrência da doença. Outros 20 óbitos estão sendo investigados.