Os brasileiros devem se preparar para passar por uma nova onda de calor que deve atingir algumas regiões do país entre 11 e 15 de março. O anúncio feito pelo Climatempo prevê que, na próxima semana, as temperaturas podem chegar a 5ºC acima da média em alguns estados.
O Estado de Minas conversou com uma climatologista para entender como será o cenário em Minas Gerais diante do aumento nos termômetros.
De acordo com a professora de climatologia do Instituto Federal de Minas Gerais, campus Governador Valadares (IFMG-GV), Daniela Martins Cunha, o principal motivador para os dias de calor continua sendo o El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador.
“O que é dito para essa nova onda de calor é que o principal motivador é o estabelecimento de altas temperaturas em uma região, conhecida como Chaco Paraguai, um local de clima semiárido que compreende, principalmente, o Paraguai e Argentina”, explica. Esse fenômeno é responsável por gerar um sistema de alta pressão nos níveis médios da atmosfera, o que favorece a manutenção do ar quente e dificulta a formação de nuvens de chuva.
A climatologista ainda explica que, como o aquecimento ocorrerá no Chaco Paraguaio, os principais estados a serem afetados no Brasil serão os que se localizam mais próximos da região. “Com essa onda de calor se concretizando, o impacto será mais forte no Sul do país, pegando ainda o Sul do Mato Grosso do Sul”, conta. Segundo o Climatempo, empresa que previu a nova onda, o calor pode atingir a região oeste do Sul do Brasil, Sudoeste do Mato Grosso do Sul e Oeste de São Paulo, regiões em que as temperaturas devem superar os 5ºC acima da média.
E em Minas Gerais?
Os mineiros devem ficar alertas mas, a preocupação com o calor, não deve ser tão grande no estado. “Para Minas Gerais, não temos uma previsão concreta de onda de calor até o momento”, afirma Daniela. De acordo com ela, o previsto para o estado é que possa ter dias com acréscimo de três a cinco graus nas temperaturas médias, especialmente, no sul de Minas e no Triângulo Mineiro, regiões mais próximas dos locais mais afetados.
“Para afirmarmos que vai ter uma onda de calor, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial, seria necessário que tivéssemos acréscimo de 5ºC acima da média, em dias consecutivos. Então haverdias em que esse acréscimo ocorra, mas não em dias consecutivos, por isso, não está se afirmando de forma concreta a onda de calor em Minas Gerais. A tendência é que a região mais influenciada seja a mais próxima do Chaco mesmo.”, continua a climatologista. Segundo a previsão feita pelo Climatempo, o Sul do Brasil, no Mato Grosso do Sul, no Sul do Mato Grosso, no Triângulo Mineiro, no Sul do Rio de Janeiro e em grande parte de São Paulo, devem seguir essa tendência no aumento dos termômetros, mas sem a caracterização se uma onda de calor.
Alívio no calor à vista
“O El Niño neste ano começou forte e, até o início deste mês, ele continua sendo classificado como forte. Por isso, não descarta-se a possibilidade dele ser o motivador desse aquecimento na região do Chaco. Mas é importante destacar que ele já está em um processo de perda de energia, então é esperado que para o final desse mês e início dos próximos ele passe a ser classificado de moderado a fraco”, explica Daniela.
Apesar da diminuição dos efeitos provocados pelo aquecimento das águas do Pacífico, a climatologista afirma que a previsão para o segundo semestre é que o clima seja influenciado pelo fenômeno La Niña, caracterizado pelas temperaturas mais baixas do que o normal no Oceano Pacífico tropical. “Para Minas, as consequências da La Niña são sempre imprevisíveis. Ela é bem caracterizada no Norte e no Sul do Brasil, como o estado fica no meio dessas duas áreas de maior influência, a gente sempre fica na dúvida, então é necessário aguardar”, afirma a climatologista.
No entanto, apesar da incerteza, a boa notícia é que as temperaturas devem diminuir no estado e o calor dará uma trégua para os mineiros. “A La Niña não causa acréscimos de temperatura como o El Niño, ela está mais relacionada aos eventos chuvosos. No norte do Brasil há um aumento no volume de chuvas e no sul ocorrem períodos secos. Nossa situação em Minas vai depender dos sistemas que vem dos dois extremos, mas o calor vai diminuir”, conclui Daniela.
Como fica o tempo para o fim de semana?
Em relação à previsão para os próximos dias em Minas Gerais, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) afirma que, no sábado (9/3), o tempo deve permanecer parcialmente nublado com possibilidade de pancadas de chuvas e trovoadas isoladas no Triângulo Mineiro, no Oeste, no Sul, no Sudeste, na Zona da Mata, no Campo das Vertentes, na Central Mineira, no Noroeste e na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
No Norte, Jequitinhonha, Mucuri e Vale do Rio Doce, a previsão é de céu parcialmente nublado com pequena possibilidade de chuva isolada. “A expectativa é de chuva mais intensa no Sul, Oeste, Zona da Mata e Campo das Vertentes. Mas a previsão é de pancadas localmente mais fortes, não na região inteira”, afirma Anete Fernandes, meteorologista do Inmet,
Já no domingo (10/3), a tendência é de intensificação nas áreas de instabilidade. A nebulosidade deve ser maior no decorrer do dia em todo Centro-Sul e Oeste. A previsão é de que tenha dia nublado com possibilidade de pancadas de chuva nas regiões do Triângulo, do Oeste, da Região Metropolitana de Belo Horizonte, do Sul, do Sudoeste, do Campo das Vertentes e da Zona da Mata. “Nessas áreas, vai haver aumento da nebulosidade, e a chuva, ocorrendo de maneira mais generalizada, podendo ter chuva localmente mais forte também”, complementa a meteorologista. Na faixa Norte do Estado, no domingo, devem ser esperadas pancadas de chuva no fim da tarde.
A temperatura varia no sábado entre 15 e 35 graus, e no domingo, entre 15 e 36 graus no estado. Na capital, tanto sábado quanto domingo as temperaturas ficam entre 19 e 30 graus.
* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata