Quem procurou atendimento no sistema público de saúde da Região Oeste de Belo Horizonte por causa da dengue, neste sábado (9/3), encontrou cenários distintos. Enquanto o hospital temporário do Bairro Alto Barroca tinha poucos pacientes e atendimento rápido, no Centro de Saúde Betânia, no bairro de mesmo nome, a situação era diferente. Muita fila, demora e reclamação dos pacientes.
A reportagem do Estado de Minas esteve no hospital temporário no Alto Barroca, no início da manhã. O local é exclusivo para pacientes com sintomas de dengue, chikungunya e zika e foi inaugurado na quinta-feira (7/3). Pouco depois das 9h deste sábado, havia poucas pessoas aguardando por atendimento e a espera era curta.
A empresária Samanta Nunes, de 42 anos, disse que chegou ao local por volta das 8h e estava saindo quase às 10h. “Tá rápido”, elogia. Ela conta que foi atendida, mas, para fazer o exame e receber o diagnóstico positivo para dengue, disse que é preciso esperar seis dias, conforme orientou a médica que a atendeu.
“Porém, ela fez o procedimento, me deu um medicamento e falou que em seis dias eu tenho que voltar para fazer o exame e o teste das plaquetas”, explicou a empresária. Segundo Samanta, os sintomas começaram na quarta-feira (6/3), mas decidiu esperar atendimento porque já não aguentava mais a dor. “Piorou, resolvi vir porque não aguentava mais. Preferi (vir) do que esperar e a coisa piorar.”
Outra que esperava por atendimento era Tamires Paixão, de 28 anos. Ela conta que está com sintomas desde quinta-feira (7/3), mas nesta madrugada começou a passar muito mal e achou melhor procurar o atendimento. “Queria um lugar que fosse mais rápido”, disse. A jovem chegou pouco depois das 9h e em cerca de 15 minutos foi atendida. Ela acredita que o local estava tranquilo e o atendimento ágil por causa do horário.
Demora e reclamações
No Centro de Saúde Betânia, Bairro Betânia, a situação era bem diferente. Por volta das 10h30, havia muita gente na fila reclamando de demora e desorganização no atendimento.
A paciente Ângela Vieira, de 48 anos, disse que chegou ao local às 9h e ainda não tinha sido atendida. Ela explicou que já havia procurado o Centro de Saúde Ventosa, no Bairro Jardim América, Região Oeste, com sintomas de dengue. Foi orientada a retornar, na sexta-feira (8/3), para fazer a coleta do sangue para diagnosticar a doença. Porém, neste sábado, a coleta deveria ser feita no Betânia, já que este é o centro de saúde da Região Oeste aberto no fim de semana, para atender pacientes com dengue.
Ela reclama que passou novamente por uma triagem e estava na fila com todos os outros pacientes com sintomas da doença, por exemplo. “Podia ter uma só para quem vem tirar o sangue. Teve gente que chegou antes de mim e não foi atendida ainda”. Ela diz que, no momento, os sintomas diminuíram e agora apenas a dor de cabeça persiste.
O aposentado José Aniceto, de 79 anos, estava em situação semelhante à de Ângela. A neta dele, Lorena Paula, de 23, disse que eles chegaram ao local às 7h30 e ainda não tinham sido atendidos, cerca de 10h30. O idoso também estava lá para colher o sangue para o exame.
“Tá uma falta de organização isso aqui. Falaram que a prioridade é a partir de 80 anos. Ficamos com a senha 52 e estamos esperando o médico chamar. Acho que a maioria aqui é exame, deveria ser mais organizado. É absurdo a prioridade ser a partir de 80 anos e ele ter que pegar uma senha normal de atendimento. Um senhor de idade, ficar nesse sol quente, esperando o mesmo tempo das outras pessoas, é injusto”, reclama a jovem.
Segundo a neta, o avô está com sintomas desde segunda-feira (4/3) e procurou atendimento no posto de saúde mais próximo da casa dele, o Vila Leonina, no Bairro Alpes, também na Região Oeste. Mas o posto também não funciona no fim de semana. Então, eles foram direcionados para o do Bairro Betânia.
Prefeitura se posiciona
Em nota, a prefeitura de Belo Horizonte informou que:
"Houve alta procura por atendimentos no Centro de Saúde Betânia nessa manhã. A unidade conta com equipe completa para garantir a assistência à população e até o início da tarde já haviam sido realizados mais de 100 atendimentos. A unidade ficará aberta até 22h e outros 15 centros de saúde funcionarão neste fim de semana.
É importante esclarecer que podem procurar os centros de saúde e os hospitais temporários e de campanha as pessoas que apresentarem febre, dores musculares e nas articulações, manchas vermelhas na pele, dor de cabeça ou atrás dos olhos, náuseas ou vômito.
Em todos esses locais são realizados exames para o diagnóstico da dengue e outras arboviroses. A Secretaria Municipal de Saúde monitora diariamente a situação epidemiológica e assistencial do município para ampliar a capacidade de atendimento, sempre que necessário. Neste fim de semana não há ações de prevenção programadas para serem realizadas."
Atendimento no fim de semana
Neste fim de semana, 16 postos de saúde da capital estarão abertos para atender pacientes com sintomas gripais e de dengue. As unidades vão funcionar com horário ampliado, das 7h às 22h, exceto o Centro de Saúde São Francisco, na Pampulha, que abre das 7h às 19h.
As unidades que estarão abertas são as dos bairros Santa Efigênia, Alto Vera Cruz, Aarão Reis, Floramar, São Paulo, Conjunto Paulo VI, Caiçaras, Betânia, Santa Terezinha, São Francisco, Rio Branco, Jardim Europa, Santa Mônica e Serra Verde.
Já as nove Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de BH seguem funcionando normalmente, com atendimento 24 horas para o público em geral. Além disso, os três hospitais temporários também funcionam 24h e contam com estrutura exclusiva para acolhimento, diagnóstico e tratamento de pacientes com sintomas de dengue, chikungunya e zika.
O do Alto Barroca funciona na antiga dependência do Hospital Santana, na Rua Santa Cruz, 137, Região Oeste. O de Venda Nova começou a funcionar em 24 de fevereiro e está localizado na Rua Padre Pedro Pinto, 173. Já o hospital de campanha, aberto em 1° de março fica na Avenida Risoleta Neves, 2.580, Aarão Reis, Região Norte da capital.
Mais mortes confirmadas
Belo Horizonte confirmou mais quatro mortes por dengue nessa sexta-feira (5/3), de acordo com o Balanço da Dengue e outras Arboviroses da Secretaria Municipal de Saúde. Até o momento são 16 mortes, o que coloca a capital como o município que mais registrou mortes pela doença no estado. Desde janeiro, foram confirmados 11.452 casos e outros 48.329 estão sendo investigados. O Barreiro é a regional da capital com mais casos confirmados pela doença, com 1.960, seguido por Venda Nova, que registra 1.861 casos.