O outono em Minas Gerais deve apresentar redução gradual da chuva, que pode ficar abaixo da média para o período, por efeito do fenômeno El Niño. Os meteorologistas afirmam ainda que não há, por enquanto, previsão de novas ondas de calor durante a próxima estação, que começa na próxima quarta-feira (20/3), a 00h06.

 

O frio mais intenso só deve chegar ao estado em junho, porém, ainda sem previsão de geadas para a Região Sul de Minas, que tradicionalmente registra as menores temperaturas.

 

O outono é uma estação de transição entre o verão e o inverno. Este outono, em especial, também será marcado pela transição entre o El Niño e a Neutralidade Climática das águas do Pacífico, de acordo com os meteorologistas Alexandre Nascimento e Desirée Brandt, da Nottus, empresa especializada em inteligência de dados e consultoria meteorológica.

 



Destaques do outono

 

A nova estação ainda começa quente na maior parte do país. No decorrer dos próximos três meses, porém, deve haver uma redução gradual da chuva na parte central do Brasil, o que é comum para a época do ano. “No entanto, pode colocar a segunda safra de milho em risco", afirma Alexandre Nascimento. Segundo o meteorologista, outro ponto de atenção é o excesso de chuvas na costa do Nordeste, especialmente na primeira metade da estação, que pode prejudicar a geração de energia eólica.

 

Os primeiros eventos de frio, com queda mais acentuada da temperatura, devem ocorrer na segunda quinzena de abril.

 

"As primeiras quedas mais acentuadas na temperatura devem ocorrer a partir do fim de abril, o que pode aquecer as vendas para o Dia das Mães", ressaltou Desirée Brandt.



Segundo a meteorologista, pela previsão mais estendida, o risco de geada ainda é muito baixo para os estados do Sudeste, incluindo Minas. O fenômeno pode acontecer no inverno, que deve ser de neutralidade climática, com episódios de frio bem espaçados. “Alguns episódios de frio vão acontecer ao longo do outono-inverno, mas intercalados por temperaturas não tão baixas assim. Entre junho e julho, poderemos ter uns quatro episódios de queda mais acentuada na temperatura.”

 

O outono também pode ser mais seco do que de costume e com alguns eventos de umidade relativa do ar baixa, o que pode ser prejudicial à saúde. Além disso, aumenta o risco para focos de incêndio.

 

Chuvas


O forte calor, que fez Belo Horizonte registrar o dia mais quente do ano e da história para março no domingo (17/3), deve perder força nos próximos dias, de acordo com os meteorologistas. “Tem uma frente fria prevista para avançar pelo Brasil. De quarta (20/3) para quinta-feira (21/3), essa frente fria varre o Sul, alcança o Sudeste do país e provoca chuva. Forma um corredor de umidade, uma chuva que momentaneamente ultrapassa a média. Porém, é o último suspiro do verão”, explica Desirée Brandt.

 

Ela diz que temporais podem acontecer nos próximos dias e ao longo da semana que vem. “Podem ocorrer tempestades, com muita ventania, porque antes da chuva vai fazer muito calor, o que ajuda na formação de nuvens carregadas.” De acordo com a meteorologista, após essa frente fria, a chuva diminui gradualmente em grande parte de Minas Gerais. “O outono deve fechar com chuva abaixo da média. Esse é um dos efeitos do fenômeno El Niño, inclusive, antecipando o período seco.”

 

Abril pode ser mais seco do que o normal para as regiões Norte de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Tocantins. Já maio deve ser um mês mais seco do que o normal, o que pode aumentar o número de focos de queimadas. “Um dos efeitos do El Niño é antecipar o fim das chuvas de verão. É o que estamos observando agora.”

 

El Niño x La Niña

 

O El Niño ainda persiste, depois de causar ondas de calor na primavera e atrasar o início das chuvas de verão. “Ele está, cada vez mais, dando sinais de enfraquecimento", pontua a meteorologista. Porém, seus efeitos devem ser sentidos no Brasil até meados do outono.

 

“De acordo com o último relatório da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA), atualizado na última quinta-feira (14/3), a expectativa é que o El Niño perca força. O fim do outono já será de neutralidade climática, que persiste ao longo do inverno. Somente ao longo do segundo semestre é que teremos a probabilidade de La Niña aumentando.”

 

No segundo semestre, 82% dos modelos climáticos apontam para o surgimento do fenômeno La Niña. “Acreditamos que a gente sinta mais os efeitos do fenômeno no último trimestre do ano.”

 

Segundo a meteorologista, dados da NOAA mostram que o La Niña deve ser de fraca a moderada intensidade. “Ainda que viesse uma expectativa de La Niña forte, só vamos sentir os efeitos do fenômeno no fim do ano e início do ano que vem.”

 

O El Niño é um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Já o La Niña é um fenômeno natural oposto, que consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental. A neutralidade climática acontece quando nenhum dos dois fenômenos está em vigor.

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