Uma mulher de 60 anos morreu depois de ter sido submetida a um procedimento para aumentar os glúteos em uma clínica no Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte. No dia 7 de março, logo após a aplicação da substância polimetilmetacrilato (PMMA), componente plástico utilizado para preenchimento de pele, a paciente passou mal e morreu. Ela estava na quarta sessão do procedimento.



Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), a secretária da clínica chegou ao local na manhã do dia 7 de março, e a paciente já estava sendo atendida pelo médico responsável pelo procedimento, que estava marcado originalmente para as 9h30. O marido da mulher aguardava na recepção.

A funcionária relatou que entrou no consultório para dar à paciente comprimidos do remédio Clavulin, um antibiótico, e Adorlan, indicado para alívio de dores inflamatórias. Em seguida, a secretária foi chamada novamente pelo médico, que disse que a paciente estava passando mal.

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No boletim de ocorrência, o médico relatou que, após a aplicação, a mulher se levantou, sentiu uma sonolência, caiu no chão e chegou a urinar e vomitar.

A secretária ajudou a colocar a paciente na maca e chamar o Samu. O cardiologista que estava na clínica também auxiliou e fez as manobras de reanimação, mas a paciente não resistiu e morreu. O Samu chegou ao local e confirmou o óbito.

Procurada pela reportagem, a assessoria jurídica do médico responsável pelo procedimento, Adelmo Monteiro, afirmou que “o Dr. Adelmo está há 40 anos realizando procedimentos estéticos, com aplicação do PMMA (produto genuíno e aprovado pela ANVISA), podendo afirmar com propriedade que trata-se de um produto seguro. Ocorre que todo procedimento estético, por simples que seja, possui riscos de intercorrências, principalmente quando é necessário o uso de anestésico.”

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou inquérito policial para apurar a morte. "O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal André Roquette, onde passou por exames de necrópsia e laboratoriais, sendo, em seguida, liberado aos familiares. A PCMG aguarda a conclusão dos laudos que determinarão as causas e circunstâncias da morte", informou.

Aplicação de PMMA

De acordo com Vagner Rocha, cirurgião plástico e ex-presidente da Regional Minas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o polimetilmetacrilato está a cada dia mais em desuso dentro da medicina estética. "O PMMA é mais utilizado em cirurgias reconstrutoras, com uso de pequenas quantidades liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, explicou ao Estado de Minas .

Segundo o médico, a aplicação do produto é de alta complexidade, por causa dos possíveis riscos que a substância, que ele caracteriza como “bomba-relógio”, pode apresentar, como infecções a longo prazo e alta toxicidade aos rins. Justamente por isso, Vagner Rocha diz que a SBCP, juntamente com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, tem indicado o desuso da substância, categorizada pela Anvisa como “produto de uso em saúde da classe IV (máximo risco).”

“O PMMA pode ter caído em um vaso sanguíneo e promovido uma embolia pulmonar ou pode ter acontecido uma intoxicação anestésica, que causou uma parada cardiorrespiratória”, analisa o cirurgião plástico sobre a morte da paciente após a aplicação.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Fábio Corrêa

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