Os caminhos pavimentados com arte, beleza e fé levam aos templos de celebração da Páscoa. Neste domingo (31), moradores da capital e do interior de Minas comemoram a ressurreição de Jesus Cristo com missa, cortejo e os tradicionais tapetes devocionais, sobre os quais passa a procissão do Santíssimo Sacramento. Em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Solene Missa da Ressurreição do Senhor começou às 8h30, sob sol forte, no adro do Santuário Arquidiocesano de Santa Luzia, no Centro Histórico. A paróquia, informou o reitor do santuário, padre Felipe Lemos de Queirós, comemora 280 anos em 2024.
Após a missa, os fiéis participaram da Procissão da Ressurreição, conduzindo o Santíssimo Sacramento na Rua Direita. Do santuário, na Praça da Matriz, à Capela do Bonfim, no Largo do Bonfim, o asfalto estava tomado pelos tapetes devocionais com os símbolos da Ressurreição de Cristo, feitos em serragem, borra de café e cal: hóstia, cálices, peixes, uvas e flores em muitas cores e formatos.
A tradição na cidade remonta à década de 1940, quando eram usadas folhas e não serragem colorida", lembrou a aposentada Luzia Vieira, de 96 anos, residente na Rua Direita. Moradora do Largo do Bonfim, a artesã Júnia Carvalho disse que fazer os tapetes é um momento de confraternização, pois conta sempre com a ajuda de amigos. “Enche meu coração de alegria e gratidão. O importante, mesmo, é nossa fé”, afirmou a artesã, que reúne, entre os colaboradores, residentes perto da Capela Nossa Senhora da Conceição. Da varanda da casa, o pai de Júnia, o comerciante Antônio Nonato Carvalho, de 101, aprovou e aplaudiu o tapete devocional. "Vai até a Matriz ", perguntou seu Antônio sobre a extensão dos tapetes. "Sim, papai", respondeu a filha Cláudia Carvalho, ao seu lado.
Júnia contou que começa a trabalhar por volta das 6h domingo: “Já tenho tudo esquematizado, faço os moldes com antecedência, tingo a serragem, enfim, preparo o essencial. Quando as pessoas chegam para ajudar, fica mais fácil fazer o tapete”. Os matérias usados são serragem fina, mais fácil de tingir com anilina, e dolomita, uma areia branquinha, também melhor no manuseio”.