Melissa Maria Alexandre Santos, de 6 anos, foi alvejada dentro do carro em que estava com a família, na BR-381, em Betim, na Grande BH -  (crédito: Redes Sociais / Reprodução)

Melissa Maria Alexandre Santos, de 6 anos, foi alvejada dentro do carro em que estava com a família, na BR-381, em Betim, na Grande BH

crédito: Redes Sociais / Reprodução

Ao contrário do que diz a polícia, a avó de Melissa Maria Alexandre Santos, morta aos 6 anos, afirma que o filho não disputou um racha com o suspeito de atirar no carro em que estavam. O crime aconteceu em 21 de janeiro deste ano, quando a família voltava para casa, passando pela BR-381, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Igor Bezerra de Lima, de 44 anos, foi preso no último sábado (6/4). Conforme a investigação da Polícia Civil, a motivação para os disparos teria sido o “pega” entre o atirador e o pai da vítima.

 

Graciola Ribeiro dos Santos, de 63 anos, estava no carro no momento dos disparos. Ao Estado de Minas, ela afirmou que o filho não estava dentro do limite de velocidade e que não provocou nenhuma disputa no trânsito.

 

 

“Nós estávamos tranquilos, meu filho vinha dirigindo como sempre, bem tranquilo. A Melissa estava cantando ‘o motorista pode correr, que a Melissa não tem medo de morrer’. E eu pedi para ela cantar outra música que aquela era feia. E ela cantou. Nós estávamos felizes, quando percebi, o outro motorista gritou falando que ia matar meu filho e atirou no carro”, relata a avó de Melissa.

 

Durante o velório de Melissa, no Cemitério do Rosário, em Raposos, também na Grande BH, o avô dela, Antônio Nicomedes, contou que a família voltava de um restaurante quando foi surpreendida pelos suspeitos. “Eles saíram de casa para levar para os meninos em um restaurante, que lá tem um parquinho para eles brincarem. E de lá eles passaram em Ibirité, na casa do pai, e aí vieram embora. Aí que coincidiu de encontrar esse marginal no caminho”, afirmou Nicomedes, na ocasião.

 

Contradições

 

A versão da avó contradiz com o exposto pela Polícia Civil durante apresentação do resultado do inquérito nesta segunda-feira (8/4). De acordo com as investigações, o pai de Melissa e o suspeito fizeram um racha por mais de 25 quilômetros, na BR-381, momentos antes do crime.

 

 

As câmeras usadas na investigação flagraram a corrida entre os carros próximo de Betim. O suspeito dirigia um Fiat Uno. A ação se estendeu por mais de 25 km da rodovia, com os dois motoristas se fechando. Em um determinado momento, o pai da Melissa empurrou o suspeito para a marginal da pista. O homem acelerou o carro, voltou para a pista principal e efetuou o disparo. O delegado responsável pelo caso, Igor Almeida, afirma que a suspeita é que os dois se encontraram na rodovia antes mesmo da BR-381.

 

“Foi uma atitude de dois irresponsáveis. O pai da criança dirigindo de uma forma imprudente na rodovia, encontrou um indivíduo também imprudente e que estava armado. Eles almoçaram, o pai fez uso de bebida e seguiram para casa, eles são de Nova Lima. No percurso, já andando de maneira imprudente, ele encontrou o suspeito. Não houve uma discussão de trânsito, eram dois carros que se viram e começaram a disputar uma corrida”, disse Almeida.

 

Apesar de a avó da criança afirmar que o filho era tranquilo no trânsito, o delegado que liderou as apurações disse que as investigações apontaram que o comportamento agressivo enquanto dirigia era comum.

 

 

“É como se estivessem fazendo um racha. Eles se cruzaram várias vezes, mas não deu pra comprovar o excesso de velocidade pelas imagens que tivemos. Mas estavam em velocidade muito maior que os outros da via. Não há dúvidas que um estava vendo a conduta do outro veículo. Em um certo momento eles quase colidiram”, contou o delegado.

 

Prisão

Igor Bezerra de Lima, de 44 anos, foi preso no sábado (6/4), dois meses após o crime. O inquérito foi concluído há cerca de um mês e o mandado de prisão expedido na quinta-feira (4/4). Houve uma tentativa de prisão feita no mesmo dia, sem sucesso, já que o indiciado não foi encontrado. “Ele é caminhoneiro, com horários aleatórios. Ele estava a caminho do Rio de Janeiro quando tentamos prender”, disse o delegado.

 

O homem chegou a ser ouvido uma vez durante as investigações. Na oportunidade, ele negou o crime. Novamente chamado para prestar depoimento, ele não compareceu. Pessoas próximas a ao suspeito, ouvidas durante as investigações, disseram que Igor não deveria ter posse de arma, por ser “instável psicologicamente”.

“Ele foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil, duplamente qualificado, também por porte ilegal de arma. Por ser caminhoneiro, saía armado sem poder sair. Avisamos os advogados dele, que acharam por bem apresentá-lo no último sábado. A responsabilidade passa para o MPMG”, concluiu o delegado, Igor Almeida.