Desembarque de Jaime Saade, em Bogotá, na Colômbia -  (crédito: Divulgação)

Desembarque de Jaime Saade, em Bogotá, na Colômbia

crédito: Divulgação

O colombiano Jaime Henrique Saade Cormane, que em 1994 estuprou e matou Nancy Mestre, de apenas 18 anos, e que estava foragido e vivendo em Belo Horizonte com o nome falso de Henrique dos Santos Abdalla, desembarcou em Bogotá, na Colômbia, por volta das 13h e foi levado até o presídio de Barranquilla.  A prisão foi efetuada num trabalho conjunto entre a Polícia Federal (PF) e a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). 

 As forças de segurança da Colômbia não enviaram um avião especial a Belo Horizonte. Jaime Saade segue num vôo comercial, da empresa Avianca, que partiu com atraso. Deveria levantar voo às 7h20, mas a decolagem aconteceu somente às 8h. Ele foi escoltado por dois policiais colombianos e a viagem tem previsão de duração de seis horas e 10 minutos, devendo pousar em Bogotá às 14h10.

 

 

Uma operação de guerra foi montada para levar Jaime Saade da penitenciária Inspetor José Martinho Drumond, onde estava preso, para Confins. Ele deixou o presídio às 3h, com uma escolta da Polícia Penal, em direção ao aeroporto.

 

Chegando em Confins, foi levado para as dependências da Polícia federal, onde permaneceu até ser levado para o avião. Devido à operação, foi montado um esquema de embarque para os passageiros comuns. Todos foram embarcados e somente depois disso, Jaime Saade foi levado para o avião.

 

 

Por volta de 7h, Jaime saiu das dependências da Polícia Federal, escoltado por policiais federais, com destino ao avião. Lá, na porta deste, foi entregue aos dois policiais colombianos, responsáveis por levá-lo até Bogotá. Jaime foi colocado numa poltrona no fundo do avião. A área estava isolada.

 

Ao chegar a Bogotá, Jaime Saade será levado, sob escolta, para Barranquilla, onde cumprirá a pena de 27 anos de condenação na penitenciária local.

 

Virando livro

 

O jornalista Juan Guillermo é o co-autor do livro sobre a história do assassinato e fuga do colombiano

O jornalista Juan Guillermo é o co-autor do livro sobre a história do assassinato e fuga do colombiano

Ivan Drummond/EM/D. A. Press

 

A história do assassinato de Nancy Mestre e da fuga de Jaime Saade para o Brasil vai virar livro. A obra está sendo escrita pelo pai da vítima, o arquiteto Martim Mestre, com ajuda do jornalista Juan Guillermo, que está em Belo Horizonte desde a última segunda-feira (8/4).

 

A localização e prisão de Jaime Saade, segundo Guillermo. “Ele, o pai, não descansou, até encontrar o matador de sua filha. Ele fez cursos de perícia policial junto à marinha colombiana, tanto que hoje é um oficial da reserva da força. Foi ele quem descobriu que o assassino estava no Brasil. Ele veio devido ao fato de ter um irmão que é médico aqui, o que facilitou a sua fuga”.

 

Guillermo conta, ainda, que Saade é de uma família abastada na Colômbia e muito ligada a políticas, o que fez com que tentassem desvirtuar o processo jurídico. “A defesa, por exemplo, alegou que Nancy teria se suicidado. A perícia, no entanto, derrubou essa tese, pois ela era destra, e o tiro no lado frontal esquerdo da cabeça. Além disso, foram encontradas marcas de pólvora, como se ela estivesse tentando se defender do revólver.”

 

 

A localização de Saade, por sinal, é um momento de destaque desse livro. Segundo Guillermo, quando Martin, o pai, localizou Saade,faltavam menos de sete meses para o crime caducar. Ele tinha sido condenado a 27 anos, e já havia se passado 16 anos e cinco meses. Com a prisão, pela Polícia Federal em Minas Gerais, portanto dentro do prazo, ele teria de cumprir a pena.

 

A previsão, segundo Guillermo, é que o livro seja lançado em junho ou julho. Existe uma grande expectativa, na Colômbia, pois o caso esteve sempre em evidência desde que o crime aconteceu e isso graças ao empenho de Martin Mestre, o pai. Ele sempre procurou as autoridades, políticos, redes sociais e até lançou uma página no Instagram: “Buscando el asesino de mi hija”. O caso teve grande repercussão e o perfil conseguiu milhares de seguidores, que o apoiaram o tempo todo.

 

O livro, segundo ele, também já tem um título: “Una lucha contra lo olvido”, que em português quer dizer “Uma luta contra o esquecimento”.