A bióloga Joziana Barçante explica que em um segundo momento, a intenção é

A bióloga Joziana Barçante explica que em um segundo momento, a intenção é "ampliar o estudo tanto no que se refere ao tipo de tecido, quanto à gramatura e aderência ao corpo"

crédito: arquivo pessoal

Nem mesmo a roupa é suficiente para proteger a pessoa contra o Aedes aegypti, mosquito da dengue, zika e chikungunya – que tem dado tanta dor de cabeça às autoridades de saúde e à população brasileira. É o que aponta o experimento realizado por uma equipe de biólogos e estudantes da Universidade Federal de Lavras (Ufla), no Campo das Vertentes, em Minas.

 

De acordo com a pesquisa, a fêmea transmissora do vírus pode picar mesmo por cima do tecido. O estudo, conduzido pelo Núcleo de Pesquisa Biomédica (Nupeb) da universidade, indica que a “mosquita” pode picar devido ao tamanho avantajado de seu aparelho bucal.

 

A professora e bióloga Joziana Barçante, do Nupeb e do Núcleo de Estudos em Parasitologia, coordenou o levantamento. Ela explica que foram utilizados três mosquitos-fêmea, criados no próprio laboratório, por isso não-contaminados. “Alguns estudos já mostravam que os mosquitos poderiam picar as pessoas por cima da roupa, por isso resolvemos fazer um teste. Uma pesquisa, inclusive, diz que 75% das picadas ocorrem dessa forma”, cita.


 

Como os pesquisadores já sabiam que a “mosquita”, quando cruza com o parceiro precisa de sangue para reproduzir, seria natural utilizar somente espécimes fêmeas. A partir daí, a professora filmou três delas pousando em seu jaleco. “Aos poucos, elas começaram a se alimentar. A gente consegue perceber porque o abdômen se enche de sangue”, explica, “processo este que tem o nome de hematofagia”.

 

De posse desses novos dados, a expectativa é que o estudo, em uma etapa posterior, seja ampliado para outros tipos de tecidos, até mais resistentes, como linho e jeans. “Nossa intenção é desenhar o experimento de forma mais sistematizada, tanto no que diz respeito ao tipo de tecido, quanto à gramatura e aderência ao corpo.”

 

O que é certo mesmo é que a melhor opção continua sendo o uso frequente de repelentes. A especialista acrescenta que se a pessoa optar por aplicar o produto por baixo da roupa, é recomendável que ela leia o rótulo antes, porque dependendo da substância e da concentração, há o risco de intoxicação ou lesão, devido ao contato excessivo com a pele.


Calor e umidade

 

A proliferação dos mosquitos tem aumentado devido às altas temperaturas, que geram as condições ideais para a reprodução e alimentação do inseto. O calor acelera seu ciclo de vida, tornando o desenvolvimento do Aedes aegypti mais rápido e aumentando sua atividade. Além disso, as temperaturas elevadas aumentam a umidade do ar, criando ambientes propícios à proliferação de criadouros de mosquitos, como poças d'água e recipientes acumuladores de água parada.

 

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Nesse contexto, a utilização regular de repelentes é uma das formas mais eficazes de prevenir as picadas. É importante aplicar o repelente em todas as áreas da pele, seguindo as instruções do produto. Cobrir a pele com roupas de manga longa e calças compridas ainda é uma medida preventiva simples, desde que seja combinada com o uso de repelente.

 

Produtos contendo picaridina ou icaridina são comprovadamente eficazes na proteção contra uma ampla variedade de mosquitos. A maioria dos repelentes orienta que o produto seja reaplicado conforme necessário, especialmente após transpiração excessiva.


Dengue em Minas

 

Balanço da Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES/MG) desta semana mostra que foram registrados 1.014.033 casos prováveis de dengue. Desse total, 419.267 foram confirmados. De acordo com o documento, há 227 mortes confirmadas pela arbovirose no estado e outras 677 em investigação.

 

Em relação à febre chikungunya, são 84.735 casos prováveis, dos quais 57.273 confirmados. Até o momento são 34 mortes. Quanto ao vírus da zika, são 216 casos prováveis e 20 confirmados. Não há mortes por zika até o momento.

 


* Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Rocha