Segundo a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), a questão da manutenção dos trens causa preocupação -  (crédito: Arquivo ALMG/Reprodução)

Segundo a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), a questão da manutenção dos trens causa preocupação

crédito: Arquivo ALMG/Reprodução

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitou, nesta sexta-feira (19/4), as estações São Gabriel e Central do metrô de Belo Horizonte. A pauta, requerida pela deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), marca o início de uma série de visitas para levantar os impactos da privatização do modal na qualidade do serviço prestado à população. Recentemente, a concessionária Metrô BH realizou demissões em massa e sofreu denúncias relativas à infraestrutura dos trens e más condições de trabalho.

 

“A visita hoje foi para verificar as condições do metrô depois do processo de privatização, já que há uma série de reclamações dos usuários de alagamentos, de péssimo estado de conservação dos vagões, além do aumento da tarifa que tem reduzido o número de passageiros ano a ano”, disse Bella Gonçalves.

 

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Segundo a deputada, o estado de conservação dos trens é preocupante. “Vimos vários vagões de trens parados, enquanto o trânsito está caótico. Nos preocupa especialmente as demissões no setor de manutenção pela segurança do usuário e dos trabalhadores. Vimos trens que têm 40 anos de uso e precisam de manutenção manual. A empresa disse que não há demanda, mas para haver aumento da demanda precisamos que o transporte esteja com melhor preço e melhores condições”, pontuou.

 

A parlamentar ainda destaca uma redução de cerca de 30% do quadro de trabalhadores sem recontratação correspondente. “O próximo passo é fazer uma nova visita técnica para visitar as obras ao longo da linha e pedidos de informações para a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra) e para a concessionária sobre valores de investimentos públicos aportados, demissão de trabalhadores e naming rights”, completou Bella.

 

Daniel Glória, vice-presidente do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG), afirmou que a visita foi uma oportunidade para questionar a concessionária. “Verificamos o andamento das obras de infraestrutura do pátio, como área de convivência e vestiários. A visita foi satisfatória e vários questionamentos foram levantados. Apesar das melhorias, são mudanças pequenas para o aporte financeiro do governo federal e estadual”, narrou.

 

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Denúncia

 

No último dia 8, foi realizada uma audiência pública sobre o mesmo tema pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social, em que foi denunciada a demissão, sem justa causa, de 230 funcionários pelo Metrô BH, que pertence ao Grupo Comporte. A maioria dos desligamentos foi nas áreas de manutenção e de operação, o que teria aumentado a precariedade do serviço.

 

Segundo Bella Gonçalves, além das demissões, na reunião foram relatadas denúncias das péssimas condições de trabalho para os funcionários que seguem na empresa, como jornadas estressantes e casos de assédio moral, também contribuindo para a piora geral da prestação do serviço de metrô.


Além da precarização dos serviços de manutenção, estaria ocorrendo a reutilização sistemática de peças usadas e a exploração de nome de marcas em um equipamento público de forma ostensiva e até práticas antissindicais.

 

Em entrevista ao Estado de Minas, o vice-presidente do Sindimetro-MG afirmou que o sindicato vem recebendo reclamações dos trabalhadores do Metrô BH. “Se sentem intimidados e com condições insalubres de trabalho”, relatou.

 

O representante da categoria ainda contou que a entidade está buscando a reintegração por via judicial dos funcionários já demitidos à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A concessionária Metrô BH foi procurada pela reportagem e não se manifestou. 

 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fábio Corrêa