Motoristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizam, no início da tarde desta terça-feira (23) uma manifestação no Centro de Belo Horizonte. Ameaçados de demissão e com cortes drásticos no salário, eles cobram um canal de diálogo com a empresa que venceu a licitação do serviço na capital.
Na última semana, os motoristas discutiram uma possibilidade de greve. A ameaça começou após a empresa Litoral Med, que venceu a licitação e recebeu os contratos dos funcionários, sugerir um corte no salário e benefícios dos motoristas.
De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais, a empresa ameaçou demitir parte dos motoristas e também cortar os salários dos servidores em quase 40%, além dos benefícios como planos de saúde, odontológico, vale-refeição e cesta básica.
Segundo William Fernandes, socorrista do Samu e organizador da passeata, os cortes no salário afetam diretamente as famílias de cada um dos motoristas da categoria.
“Nossa principal reivindicação é essa redução trágica após o vencimento da licitação, feita pela Litoral Med. Ela veio de São Paulo oferecendo um salário irrisório, sem nenhum benefício. Nossa preocupação é deixar nossa família desguarnecida, o que provoca uma preocupação muito grande para todos”, explicou.
Ainda de acordo com William, em uma conversa com representantes da empresa, foi dito que os cortes trariam uma economia aos cofres públicos. A resposta não foi bem aceita pelos trabalhadores.
“A empresa explicou que foi uma economia de R$ 6 milhões aos cofres públicos. Economia que vai afetar na nossa mesa, nosso bolso, no trabalhador que está cortando Belo Horizonte nesse trânsito caótico, correndo riscos. É realmente humilhante”, desabafou.
A Superintendência Regional de Trabalho realizou uma reunião de urgência na última sexta-feira (19) para discutir as demandas da categoria. Todas as partes envolvidas estiveram presentes.
De acordo com o Superintendente Regional do Trabalho, Carlos Calazans, foi feito um pedido aos trabalhadores para aguardarem uma nova rodada de negociações e para que eles não continuem com a greve.
“Fiz um apelo para não entrarem em greve e aguardarem as negociações. Faço também um apelo a Prefeitura, Câmara, para não deixar isso acontecer. São trabalhadores essenciais”, disse.
Ainda segundo Calazans, a nova proposta da empresa é incondizente com a importância da função feita pelos trabalhadores.
“A nova empresa propõe pagar aos trabalhadores, entre salários e benefícios, R$ 1.800. Atualmente, eles ganham R$ 3.200. É uma redução muito grande, essa situação não pode acontecer. Procuramos a PBH, a empresa, para não fazer esse corte. A empresa ameaça demitir e contratar novos funcionários, sem treinamento e experiência. Não podemos aceitar. Estou acionando o Ministério Público para não permitir isso”, explicou o superintendente.
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), uma nova reunião entre as partes deve acontecer na tarde desta terça-feira (23).