A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou Ygor Fernandes Araújo, suspeito de desviar R$ 514,6 mil da república estudantil Partenon, de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, por furto mediante fraude e lavagem de dinheiro. O rombo nas contas da moradia foi descoberto em 2023, quando os estudantes foram procurados e informados pela família e advogadas do então colega.
Na época dos fatos, em entrevista ao Estado de Minas, Gabriel de Faria, um dos advogados de Ygor, que atua pela Teixeira | De Faria Advocacia, afirmou que o estudante teria encontrado desfalques ao assumir a tesouraria da associação. A defesa alega que, receoso de repassar as informações e temeroso de ser responsabilizado por eles, o jovem decidiu investir a verba da república por conta própria, visando quitar essas dívidas. Os investimentos, porém, não resultaram em lucro, e o dinheiro foi perdido.
Ainda de acordo com a defesa, o estudante saiu da república pois só faltava terminar o TCC para a conclusão da graduação, prática comum entre universitários. Já denunciantes acusaram o rapaz de ter fugido. Procurado pela reportagem, após o indiciamento, os representantes legais reforçaram que o investigado permanece à disposição das autoridades.
“A defesa acredita que, no curso da eventual ação penal, todas as questões relativas ao caso serão devidamente esclarecidas, tanto através das provas documentais como das oitivas de testemunhas que poderão contribuir para a solução do caso. Até as próximas fases do procedimento, não serão realizadas outras manifestações, justamente para permitir que a questão seja avaliada pelo Ministério Público e pela Justiça com a devida imparcialidade”, informou por meio de nota, o advogado Vinicius Pereira Teixeira.
Os relatos dos advogados, com a versão de Ygor, foram contestados á época pelos denunciantes, que afirmaram que o colega teria feito investimentos em renda variável e jogos de apostas online e que já no último dia 3 de março teria feito novos saques, zerando a conta da república no banco. Outra alegação dos moradores da moradia estudantil é que essa última movimentação foi feita no momento em que os advogados de defesa se reuniam com os denunciantes para informar do rombo.
Entenda o caso
Ygor Fernandes Araújo está sendo acusado de desviar R$ 514,6 mil da república estudantil Partenon. A Associação República Partenon de Ouro Preto (Arpop) afirma que, nos 27 anos de sua existência, arrecadou R$ 450 mil com o objetivo de comprar uma casa própria para a república. O processo de compra de uma casa avaliada em R$ 390 mil foi iniciado no fim de 2022.
De acordo com notícia-crime enviada ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), os moradores da república alegaram que Ygor, que era tesoureiro da república desde outubro de 2021, realizou uma “quantidade anormal” de movimentações, com uma retirada bruta que de aproximadamente R$ 600 mil, desde o momento de posse do cargo que ocupava, ocorrida em 25 de outubro de 2021.
Os moradores da Partenon alegaram que confiavam em Ygor pelo fato de ele ser um dos moradores mais antigos da república e que, na associação, “há entre todos os moradores um sentimento de irmandade”, o que aumentava a confiança entre eles. Na notícia-crime consta ainda que, anteriormente, a movimentação conta bancária da Arpop exigia liberação do tesoureiro e do presidente. Os moradores alegam ainda que, tendo ciência disto, Ygor sugeriu a criação de uma nova conta no Banco Efí, antiga Gerencianet, empresa na qual possuía diversos colegas, já que é sediada em Ouro Preto.
“Nesse novo banco, não haveria a necessidade de autorização do presidente para a realização da movimentação bancária, por isso o tesoureiro recebeu uma senha única, sem qualquer acesso dos demais moradores, uma vez que alterou o telefone de autenticação para seu pessoal”, dizia o documento.
Os denunciantes alegam ainda que Ygor teria adulterado prestações de contas anteriores, para omitir os desvios. Outro ponto citado na denúncia foi que, durante o carnaval 2023, Ygor pediu dinheiro emprestado para diversos ex-moradores da república, afirmando que precisava pagar contas urgentes. Somado, o valor pedido para os ex-colegas chegou a R$ 12 mil – e não foi pago. Eles explicam que a República Partenon realiza eventos de carnaval em Ouro Preto e que nesse momento do ano, as movimentações financeiras ficam mais frequentes.