A Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), responsável pela administração da UPA Centro-Sul, informou em nota, nesta terça-feira (30/4), que enviou à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) todas as informações solicitadas sobre o caso da jovem Mariane Silva Torres, que faleceu na unidade de pronto atendimento no dia 23 de abril. A fundação também esclareceu que a Comissão de Revisão de Óbitos da UPA irá apurar os fatos relacionados ao óbito da paciente e “deve incluir a análise do laudo pericial final do Instituto Médico Legal”.
O executivo municipal enviou à Fundep um ofício pedindo esclarecimentos sobre o caso na última sexta-feira (26/4). Diante das informações enviadas pela fundação, a PBH reafirmou o pesar pelo acontecido e informou que “segue em curso o procedimento interno para averiguar as condições em que se deu o óbito e adoção das medidas cabíveis”.
A Fundep lamentou a morte de Mariane e destacou que “está à disposição para seguir colaborando e prestando todos os esclarecimentos necessários à apuração do caso junto à Secretaria Municipal de Saúde e às demais instâncias competentes.”
Entenda o caso
Mariane deu entrada na UPA Centro-Sul às 13h30 e, segundo informações relatadas ao namorado, que só conseguiu chegar mais tarde, chegou ao local gritando de dor e foi colocada em uma cadeira de rodas. Ela se queixava de dores na perna e no peito. Ao Estado de Minas, João Cláudio, namorado da jovem, disse que, mesmo após a medicação, as dores não cessaram e ela estava "agonizando". Após a morte, um exame apontou a possibilidade de uma trombose, que teria causado embolia pulmonar.
"Quando ela chegou, passou pela triagem e colocaram, após verem toda essa cena dela gritando e agonizando, a pulseira verde, que é de risco baixo", conta João.
Mais de uma hora depois de Mariane ter chegado, João, já no local e vendo a agonia da namorada, questionou a enfermeira, que fez a triagem onde estava o médico. Em resposta, a profissional de saúde disse que "quem está gritando assim não está sentindo dor".
Depois de mais um tempo de espera, Mariane foi atendida por uma médica que atestou que ela realmente não estava sentindo a perna esquerda, além das dores na perna direita e no peito. Após o exame, a especialista concluiu que a jovem estava tendo uma crise de ansiedade e receitou medicamentos. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ela foi medicada por volta das 14h50.
"Eu voltei na primeira médica, falei que ela estava com muita dor e perguntei o que podia ser feito, já que o remédio não tinha tido efeito", disse João. Em resposta, a profissional teria falado que Mariane não estaria mais sob os seus cuidados.
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Ele, no entanto, não encontrou a outra médica que supostamente teria assumido o atendimento. Enquanto isso, Mariane gritava e chorava. "Um médico passava a responsabilidade para o outro. Descaso total", desabafa João. Depois de um tempo, a jovem teria travado os punhos "como se estivesse tendo uma convulsão". Um médico da área de emergência a atendeu e constatou que ela estava sem sinais vitais, segundo o boletim de ocorrência.
A jovem foi levada para a sala de emergência onde manobras de ressuscitação foram realizadas por mais de uma hora, mas não resistiu. O óbito foi constatado às 18h01. Posteriormente, um aparelho de ultrassonografia detectou alta quantidade de líquido na região torácica da jovem.
Leia nota da Fundep na íntegra
A Fundep – Fundação de Apoio da UFMG – e a UFMG lamentam profundamente o óbito da paciente Mariane Silva Torres, ocorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul, no dia 23 deste mês, e se solidariza com seus familiares e amigos.
A Fundep esclarece que mantém um convênio de cooperação mútua com a UFMG e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Belo Horizonte para o desenvolvimento de atividades assistenciais de saúde, assim como programas de ensino, pesquisa e extensão na UPA Centro-Sul.
A gerência da UPA Centro-Sul está, desde o ocorrido, em contato com a SMS e, por intermédio da Fundep, enviou à administração pública municipal todas as informações solicitadas até o momento.
É importante ressaltar que a UPA Centro-Sul conta com uma Comissão de Revisão de Óbitos, que realiza a avaliação de todos os casos de mortalidade ocorridos na unidade. Esta Comissão trabalha segundo as diretrizes estabelecidas pela Secretaria Municipal de Saúde. Dessa forma, a Unidade adotará a sistemática já existente para apuração dos fatos relacionados ao óbito da paciente, que deve incluir a análise do laudo pericial final do Instituto Médico Legal.
A Fundep destaca que a UPA Centro-Sul presta serviços, há mais de 15 anos, de atendimento e cuidado à população de Belo Horizonte e Região Metropolitana, e que está à disposição para seguir colaborando e prestando todos os esclarecimentos necessários à apuração do caso junto à Secretaria Municipal de Saúde e às demais instâncias competentes.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice