Uma professora da rede pública foi agredida com mordidas no braço em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. A agressão ocorreu quando Edilene Nogueira Rodrigues, de 45 anos, interveio para impedir que um aluno, de 11 anos, ferisse uma colega de classe.
O incidente ocorreu na quarta-feira (3/4), conforme o Boletim de Ocorrência registrado na Polícia Militar. No entanto, ganhou repercussão nesta quinta-feira (4/4), após imagens dos braços feridos da professora serem compartilhadas nas redes sociais.
A reportagem tentou contato com Edilene, porém, as ligações não foram atendidas.
Segundo o boletim, a vítima relatou que uma aluna esbarrou acidentalmente na mesa do colega, o que o deixou visivelmente irritado. Em seguida, a turma dirigiu-se à quadra da escola.
A professora notou que o aluno começou a perseguir a colega de sala. Assim, interveio para evitar que ele a agredisse, algo que já havia ocorrido outras duas vezes. Foi então que o aluno partiu para cima da professora, mordendo-a e causando lesões nos braços e antebraço esquerdo. No boletim de ocorrência consta que o menino estava em “surto psicótico”.
TDAH e TOD
A Polícia Militar acionou a mãe do aluno. Ela declarou que o filho possui diagnósticos de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositor Desafiante (TOD).
Quando estava na rede municipal, o filho tinha acompanhamento garantido por decisão judicial. No entanto, ainda não conseguiu um profissional de apoio na rede estadual. Ela disse ainda que contratou um advogado para auxiliá-la.
O aluno foi levado para o Centro Especializado de Saúde Mental.
Acompanhamento
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE-MG) acompanha o caso. De acordo com a diretora da Subsede do Sind-UTE Divinópolis, Maria Catarina Vale, representantes da escola, do Centro de Referência de Educação Infantil (CRER) e do Núcleo de Atendimento Educacional (NEA) se reuniram na quinta-feira (4/4) para tratar do assunto. Com base nos encaminhamentos, a entidade definirá o rumo da atuação interna.
Maria Catarina lamentou o caso e lembrou que, diariamente, há vários casos como este em instituições de ensino pelo estado. “Enquanto sindicato, podemos dizer que estamos permanentemente, cotidianamente, tendo notícias de várias agressões em escolas. Estamos falando de um caso de um aluno com laudo de TDAH e TOD e sem professor de apoio, sem uma estrutura de apoio na escola”, afirmou.
“É aquilo que o sindicato vem batendo: que tipo de inclusão é essa? Claro que temos e queremos dar apoio a todas as crianças, mas quando se diz que a escola é inclusiva, ela precisa de médico, psicólogo, acompanhamento. A maioria é pessoas de classe não favorecida que não têm como manter um tratamento”, completou.
Tratamento adequado
A Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) informou por meio de nota que a equipe do Núcleo de Acolhimento Educacional (NAE) está acompanhando o caso.
Disse que o aluno não possui diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). No entanto, confirmou o TDAH, informado pela família na época da matrícula.
“A família do estudante recebeu orientações do NAE para buscar apoio no serviço de saúde do município, visando um tratamento adequado para o estudante, que apresentava comportamentos demandando maior atenção, para além do diagnóstico de TDAH, inicialmente informado pelos pais no momento da matrícula”, afirmou.
Quanto ao incidente, a direção da unidade entrou novamente em contato com os pais, com o propósito de uma reunião com a equipe psicossocial da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Divinópolis, do Serviço de Apoio à Inclusão, do Conselho Tutelar e do Ministério Público da Vara da Infância e Juventude.
O objetivo da reunião foi discutir em conjunto a situação e tomar as medidas necessárias para garantir o adequado encaminhamento do caso.
A SRE de Divinópolis, responsável pela coordenação da escola, está oferecendo também suporte à professora.
*Amanda Quintiliano e Lucas Miranda especial para o EM