Estoque de bancos de sangue estão em situação crítica e impossibilitam transfusões e tratamentos em Belo Horizonte, principalmente quando o grupo sanguíneo solicitado é o O negativo, caso do adolescente Igor Tadeu Oliveira Altivo, que está recebendo doações de sangue no Vita Hemoterapia, na Rua Juiz de Fora, 941, no Barro Preto, Centro-Sul de BH. Durante todo o quadro de leucemia, o jovem tem de receber grandes quantidades desta classificação.

 

O rapaz, 15 anos, tem um quadro grave de Linfoma Não Hodgkin (LNH) e a cada etapa do tratamento que ocorre a baixa de plaquetas, o que é recorrente, é preciso receber muito sangue. O pai, Dênio Altivo, relata que o processo durante a quimioterapia é angustiante e que, além da necessidade da doação de sangue, o filho também vai precisar de um transplante de medula óssea.

 

“Um processo muito doloroso, é um menino de 15 anos, perdendo a juventude, vendo ela passar e ele futuramente ainda vai precisar de um transplante de medula. A gente já está atrás do banco, nós nos cadastramos em um banco internacional e estamos esperando que apareça uma medula compatível com a dele. Um processo doloroso, sacrificante. O tratamento tem muito efeito colateral, sabe? Doe sangue, doe medula se tiver disposição para ser um propenso doador, a gente precisa de muita doação mesmo”, relata o pai do jovem.

 




 

Classificação dos grupos sanguíneos


Existem algumas regras importantes para a classificação e determinação dos doadores e receptores. Nivaldo Junior, assessor de captação e cadastro da Fundação Hemominas, explica que existem os tipos A, B, O e AB e a classificação segundo o fator Rh, que define se a pessoa é Rh positivo ou negativo, ao todo são oito tipos de sangue.

 


“De modo geral, o grupo O negativo é o doador universal. Qualquer pessoa pode receber sangue dele, agora as pessoas do grupo O negativo, em contrapartida, só podem receber O negativo. Então esse é o primeiro ponto que muitas vezes causa problema no momento de identificar uma bolsa compatível. Via de regra, você pode sempre doar e receber o seu mesmo grupo, então se eu sou AB eu posso receber de AB e doar para AB, existe um cuidado apenas quando se trata de doação para outro grupo. O grupo O negativo é doador universal e o grupo AB positivo é receptor universal, ou seja, ele pode receber de qualquer grupo”, explica Nivaldo.

 


Apenas uma pequena parcela da população brasileira é O com o fator Rh negativo e, segundo o assessor de captação e cadastro, em uma amostragem sobre os tipos sanguíneos estima-se que o grupo deve ser em torno de 5% da população brasileira.

 

Por que o grupo O negativo se enquadra como raro?

 


É justamente por conta do estoque do grupo O negativo atender de forma universal que ele se torna um estoque estratégico, ele é muito demandado e o alto consumo faz com que a estabilização dele nos bancos de sangue se torne um problema.

 


“Quando você não tem um grupo específico daquele doador, o sangue específico, ele serve como um coringa, então é muito difícil você manter um estoque adequado desse grupo por conta do consumo, mas também da presença de pessoas da população que têm esse tipo sanguíneo”, afirma o responsável pela captação de doadores da Hemominas.

 


Nivaldo Junior também se mobiliza acerca da importância das campanhas de doação de sangue.

 


“Hoje a gente tem um problema, uma preocupação, sobre o estoque do grupo O negativo, mas também do O positivo e, além disso, há o A e o B negativo também em situação de alerta, então a gente convida pessoas, com esses grupos especialmente, para doar, mas claro que todas as doações são bem-vindas”, expõe.

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