O pai de uma menina de seis anos, morador de Uberaba, no Triângulo Mineiro, buscou a filha dele no último final de semana em São Thomé das Letras, sul de Minas Gerais. Ela ficou acampada em barraca, durante cerca de quatro meses, com a mãe e a avó materna, supostamente, dentro de mata fechada. O homem estava de posse de uma liminar de busca e apreensão, deferida pela Justiça de Uberaba.
Depois de investigação de caso registrado como desaparecimento, a criança foi encontrada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) na quarta-feira (3/4), mais precisamente em Sobradinho de Minas, bairro rural de São Tomé das Letras.
Diante do fato, o pai da criança foi até São Tomé das Letras e, ao lado de um oficial de Justiça, resgatou a filha no final da tarde do último sábado (6/4). A criança, então, foi levada de volta a Uberaba, onde ela havia desaparecido de casa onde morava com a mãe e a avó no final de dezembro do ano passado.
O pai da menina diz ter levado um susto ao encontrar a filha. “Ela está bem queimada pelo sol e bem mais magra. É visível os maus tratos. A mãe e avó têm que responder por maus tratos, e violação de direitos da minha filha. Minha advogada vai trabalhar para que a mãe e avó sejam julgadas por esses crimes”.
Ele acredita que, desde o início do desaparecimento, elas estavam acampadas no meio do mato, em Sobradinho de Minas. “Fui ao conselho tutelar aqui de Uberaba e apresentei a minha filha para uma coordenadora do conselho. Ela relatou que é visível que a minha filha sofreu maus tratos; está abatida e com o psicológico abalado. Isso vai ser anexado no processo para que minha advogada possa pedir o afastamento da mãe, alegando que ela não tem condições psicológicas de estar próxima da filha”.
O pai ressalta que a filha sofreu muito no período que morou em uma barraca. “E em meio de uma mata fechada, em situação de risco, longe do irmão, longe do pai, da família, não tinha nenhum brinquedo para ela. A mãe deixou tudo para trás, inclusive a bicicleta, piano, piscina, entre outros brinquedos. Todos eles comprados por mim. Só perguntei para minha filha se ela quer voltar a morar na barraca no meio da mata. Ela respondeu que não”.
Na barraca com mãe e avó
Na semana passada, o delegado responsável pelas investigações do desaparecimento da menina, Cyro Outeiro, contou que a polícia recebeu uma denúncia anônima informando o paradeiro da criança. “Entramos em contato, imediatamente, com a delegacia de São Thomé das Letras, passamos as informações e a fotografia da menina. E na data desta quarta-feira (3/4), uma equipe daquela delegacia compareceu ao local e encontrou, de fato, a menina na companhia da mãe e da avó materna, aparentemente morando em uma barraca”, contou.
Denúncia do desaparecimento
Em 30 de dezembro do ano passado, a mãe da menina foi denunciada por ter abandonado o filho adolescente, de 16 anos, em uma residência de Uberaba e desaparecido com a filha de seis anos. O pai da criança registrou boletim de ocorrência junto à Polícia Militar (PM) para denunciar a ex-companheira por ter fugido com a filha deles.
O homem disse que foi até a casa da ex-companheira e encontrou o filho dela, de 16 anos, sozinho no local. O adolescente disse à polícia que a sua mãe, a avó materna e a irmã de seis anos deixaram a residência e foram para um local desconhecido. Ainda conforme o jovem, nos últimos dias, antes de ir embora, a mãe havia adquirido na internet vários objetos como barracas, pás, sacos de dormir e sementes.
Foto com símbolo de seita
Durante as investigações sobre o desaparecimento da menina, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Uberaba recebeu fotos da criança com um suposto símbolo neonazista na testa. A imagem estava em notebook da mãe, que foi apreendido. "A mãe seria participante adepta de alguma seita ainda não identificada, que envolveria fim do mundo e supostamente sacrifícios. Também recebemos a foto da menina com pinturas corporais que seriam símbolo desta seita”, disse o delegado.
O pai da menina que estava desaparecida também falou a respeito.“Pesquisei e descobri que o símbolo que foi desenhado no rosto de minha filha, pela mãe dela, significa uma iniciação em grupos veganos neonazistas”, relatou.
Preocupado, ele acredita que a mãe de sua filha possui transtornos psicológicos. “Ela é extremamente antissocial, era seguidora e integrante de grupos de sobrevivencialismo, rituais de magia, satanismo e neonazistas. Ela também acreditava em teorias de fim do mundo”, afirmou.
O pai da menina contou que o histórico do notebook apreendido pela polícia tem sites de compras de materiais para acampamento, como barracas, sacos de dormir, cordas, facas militares, lanternas e arma de chumbinho, além de rádio comunicador HT e perucas.