Professores Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) decidiram em assembleia nesta quinta-feira (11/4) entrar em greve a partir de segunda-feira (15/4). Foram 228 votos a favor e 140 contra. Com isso, os docentes aderem ao movimento dos servidores técnicos administrativos (TAEs) da universidade parados há um mês.

 

 

Dos 228 votos a favor da paralisação, 213 foram presenciais e outros 15 virtualmente. Em relação aos 140 votos contra, 121 foram presencialmente, e 19 por meios virtuais. Houve ainda 25 abstenções. Embora a greve da categoria tenha sido aprovada, a participação pode ser decidida individualmente por cada professor.

 



 

Os professores precisam notificar a UFMG 72 horas antes do dia de início da greve. Ainda existem pautas a serem definidas, como a composição do comando do movimento paredista. O comando arca com responsabilidades da greve, definindo quais são as prioridades e serviços considerados essenciais. A organização representa, ainda, todos os docentes que aderirem ao movimento e deve deliberar quais assuntos serão colocados em votação e executados e quais serão barrados pela greve.

 

Esta é a primeira vez em 20 anos que professores da UFMG aprovam uma greve na primeira assembleia. O histórico da instituição é de participar das paralisações sempre de modo tardio e esperar outras grandes universidades federais.

 

Lula convoca reunião

 

Em meio ao indicativo de greve nas universidades federais, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião com a direção da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Ao menos, 18 universidades federais já deliberaram a favor de greve a partir da próxima segunda-feira (15).

Além da UFMG, segundo levantamento da Andifes, em Minas, já estão definidas paralisações nas universidades federais de Juiz de Fora, Ouro Preto, Viçosa, no Cefet-MG. As universidades de São João del-Rei e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri estão em estado de greve, ou seja, estão em alerta para deflagrar greve a qualquer momento.

 

Presença de estudantes e entidades

 

Cerca de 100 alunos e 200 professores estiveram presentes na assembleia de ontem da UFMG. Os representantes dos cursos de medicina, veterinária, odontologia, ciências da informação e farmácia não participaram. A assembleia, que estava marcada para as 11h, teve mais de uma hora de atraso, pois o auditório reservado não comportava a quantidade de pessoas.

 

A APUBH, sindicato de professores de universidades federais de BH, Montes Claros e Ouro Branco, solicitou que alguns professores, em nome de suas respectivas unidades, fizessem o repasse do nível de mobilização em cada uma. Isto é, uma discussão e uma avaliação de como está a mobilização.

 

Estudantes que compareceram à assembleia têm a expectativa de que haja uma greve geral unificada entre técnicos, docentes e alunos. Para Sarah Cecília Espírito Santo Ribeiro, aluna de Letras, os estudantes tentam organizar uma luta unificada.

 

“Nossa presença aqui tem por objetivo demonstrar apoio à greve dos técnicos administrativos, demonstrar apoio aos professores federais que vêm se mobilizando no país e incentivar a adesão à greve pelo corpo docente da UFMG”, conta a graduanda.

 

O corpo estudantil e as unidades, organizadas pelos Diretórios Acadêmicos (DAs) e Centros Acadêmicos (CAs) da UFMG, ainda não tiveram assembleias sobre o assunto.

 

Posicionamento

 

Devido ao atraso inicial, apenas algumas pessoas foram selecionadas para se posicionar contra ou a favor da greve. A escolha dessas pessoas foi realizada por meio de sorteio. As falas a favor da greve destacaram as "condições absurdas" do governo de não querer negociar com os trabalhadores.

 

Assembleia contou com 228 votos a favor da paralisação de professores na UFMG; 140 votos foram contra

Sarah Cecília Espírito Santo Ribeiro

 

Já as falas contra a paralisação destacaram o aspecto de desorganização de calendário e acúmulo de matérias que recairá sobre os alunos caso houvesse adesão à greve. Algumas pessoas acreditam que ainda há pouca mobilização, construindo assim uma greve com pouca adesão. Algumas das pessoas que se posicionaram contrárias acreditam que este não é o momento para a deflagração do movimento.

 

Segundo estudantes presentes, as defesas a favor da greve foram muito aclamadas, mas também houve manifestações contra a deflagração. Para a comunidade estudantil, o debate não se trata de entrar ou não em greve, mas, sim, quando entrar. A UFMG, como instituição, não se manifestará sobre o assunto.

 


Servidores parados

Desde 11 de março, os servidores técnicos administrativos (TAEs) das universidades federais estão parados por garantia de direitos. Entre as reivindicações, estão a reposição de perdas salariais acumuladas durante os governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), a reestruturação dos planos de carreiras, mais investimentos nas instituições e realização de um concurso para contratação de funcionários.  O movimento também pede reajuste imediato dos auxílios e bolsas de estudantes. 

 

De acordo com o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), 31 instituições decidiram pela paralisação de suas atividades em Minas Gerais. No Brasil, a adesão à greve foi aprovada em 445 unidades em 21 estados até a terça-feira passada. (Com agências)

 

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata

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