A extradição de Jaime Henrique Saade Cormane, que no Brasil usava documento falso, como Henrique dos Santos Abdalla, coloca fim a uma investigação da Polícia Federal (PF), uma vez que ele já desembarcou na Colômbia, onde cumprirá pena de 27 anos de prisão, pelo estupro e assassinato de Nancy Mestre, em 1994, segundo a delegada Fátima Rodrigues Bassalo, que trabalha junto à Interpol. Mas muita coisa foi revelada, inclusive, um filho que ele deixa em Minas Gerais e leva o nome de família verdadeiro.
“Esse caso chegou às minhas mãos em maio de 2019. E a primeira informação que conseguimos é que possivelmente ele estaria em Minas Gerais”, recorda a delegada.
Os policiais federais descobriram que Saade tinha entrado no Brasil na fronteira que seu país, a Colômbia, faz com o Amazonas. “Ele foi para a cidade de Santo Antônio do Içá. Lá, conseguiu fazer uma certidão de nascimento, com o nome falso de Henrique dos Santos Abdalla.”
“Em 1997, usando essa certidão com nome falso, conseguiu fazer uma carteira de identidade, isso, em Belo Horizonte, em um posto da Polícia Civil que existia no Terminal Israel Pinheiro, que é a rodoviária. E por aqui ele ficou. Em 1999, tirou carteira de motorista, no Detran-MG”, afirma Bassalo.
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De posse desses documento, Saade, ou Henrique, abriu contas bancárias, conheceu e namorou uma mulher com quem se casou. Montaram um negócio, uma lavanderia de roupas de cama e banho de hotéis, tudo em nome da mulher.
Segundo a delegada, ele não tinha nada registrado em seu nome. Tudo era da mulher, como a empresa, o apartamento e os carros.
Os dois moraram primeiro no Bairro Silveira. Lá, tiveram um filho, e o registro dessa criança, segundo a delegada, tinha seu sobrenome verdadeiro, muito provavelmente para que ele tivesse direito à cidadania colombiana.
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Sabe-se, por exemplo, que a família Saade, na Colômbia, é muito influente, e que teria muito dinheiro. E também que é capaz de manipular políticos e pessoal da área de segurança, segundo uma fonte local.
Saade criou laços familiares fortes com a família da esposa, a ponto, segundo a delegada Bassalo, de terem ajudado na sua tentativa de continuar em liberdade, o que não aconteceu, graças à intervenção da Polícia Federal, que o prendeu na rua, em Maceió, depois que ele saiu de um supermercado e se dirigia para a residÊncia alugada onde vivia em Maceió, em Alagoas.
De acordo com as leis colombianas, o filho do casal tem direito à cidadania, por causa de seu sobrenome.