Está marcado para a manhã desta sexta-feira (19/4) o velório do coronel Edgar Soares, que foi refém de fugitivos de uma rebelião da Penitenciária de Contagem em 1990. Vítima de insuficiência coronária e pulmonar, ele tinha 80 anos e estava internado há duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Luxemburgo, na Região Centro-Sul da capital mineira.

 

O velório será no Clube dos Oficiais da Polícia Militar, no bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, das 10h às 14h. Soares, que também foi fundador da Academia de Letras da PMMG, deixa quatro filhos.

 

O Coronel Edgar foi um dos principais personagens de uma perseguição a foragidos em Minas Gerais que durou 12 dias em agosto de 1990. Na época, cinco presos se rebelaram na Penitenciária de Contagem, na Grande BH, e fizeram nove reféns, entre eles a capitã Luciene Albuquerque, mulher de Soares, grávida na época.

 



 

O coronel da PMMG se ofereceu para ser trocado de lugar com a mulher e acabou ficando refém por 12 dias, sob a mira de um revólver, que esteve, o tempo todo, apontado para sua cabeça.

 

Relembre o caso

 

A rebelião começou por volta de 10h30 do dia 24 de agosto, quando o monitor Gilson Rafael Alves de Oliveira, e dois colegas, serviam o almoço, no pavilhão 2. O grupo de prisioneiros liderados por Sebastião Pereira, o Tiãozinho, iniciou a revolta. Os cinco detentos levaram três funcionários da Fundação Getúlio Vargas e dois monitores do presídio para o pavilhão 6, onde renderam a capitã Luciene, os tenentes Alexandre Lucas e Maurício Chaves Rodrigues e o sargento Luiz Gonzaga. Os cinco presos justificaram a revolta acusando a direção da penitenciária, que era comandada pelo major Marcelo Alves Assis de Toledo, de cometer torturas e espancamento dos presos.

 

 

Os rebelados exigiram um carro forte de uma empresa mineira, o que lhes foi entregue. A essa altura, o Coronel Edgar já estava em poder do grupo, que seguiu pela BR-381 no sentido Sul de Minas. Um comboio de 60 veículos, das polícias Militar e Civil, foi atrás dos fugitivos, em perseguição. A operação foi comandada pelo Coronel Amauri Meirelles e pelo delegado Nilton Ribeiro. Como contou o Coronel Edgar, o plano dos rebelados era aproveitar a escuridão para despistar a polícia.

 

Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, os fugitivos exigem um veículo Santana Quantum, que é cedido pela PM, colocam Edgar no carro e liberam o tenente Alexandre e o sargento Luiz. O outro tenente, Maurício, tinha sido assassinado pelos presos. “Mataram o tenente do meu lado. E seguimos viagem com ele morto”, contou o coronel.

 

 

Os fugitivos ainda invadiram uma casa em Juiz de Fora, com o coronel como refém, e por lá ficaram por vários dias. No nono dia, a PM tenta invadir a residência. Tem início a Operação Salvamento, com atiradores de elite a postos. Acontece uma troca de tiros. Dois fugitivos ficam feridos e se rendem.

 


No 12º dia, o restante do rebelado se entrega, com o Coronel Edgar a salvo.

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