Há um mês, a família de Daniel Carvalho de Andrade sofre. No dia 17 de março, o skatista foi morto a tiros por um sargento do Exército Brasileiro, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Logo após o crime, a Polícia Militar (PM) foi acionada.

 

Segundo o boletim de ocorrência, os policiais militares apontaram que Daniel tinha histórico de violência doméstica contra a mãe. Inclusive, na noite do crime, foi relatado que a mãe de Daniel teria gritado por socorro. Na tentativa de ajudar, o sargento do Exército ligou para a PM, mas teria sido atacado por Daniel. Os dois entraram em luta corporal, até que a vítima foi baleada.

 


No entanto, de acordo com a delegada Camila Miller, não foi encontrado nenhum registro de violência doméstica cometido por Daniel. "Não foram localizadas ocorrências de violência doméstica contra o Daniel. Não quer dizer que não tenha tido. Pode ser que a mãe tenha chamado a PM e dispensado”, explicou em entrevista ao EM.

 





Cerca de um mês depois do crime, dona Inara Teixeira de Carvalho, mãe de Daniel, se manifestou por meio de advogados e também negou que tenha sido vítima de violência doméstica. "Estou desolada e em estado de choque com tamanha brutalidade e com as mentiras contadas pelo investigado na delegacia para tentar se ver livre pelo homicídio que praticou, mas sempre estarei à disposição da Justiça para esclarecer os fatos, pois meu filho nunca me agrediu", relatou a mãe de Daniel.


Segundo o advogado Heber Perotti Honori, que defende Inara, ela passou por exames após a morte do filho, e nenhuma lesão foi constatada. "Sobre supostas agressões físicas que a vítima estaria praticando contra sua mãe na data dos fatos, a idosa passou por exame médico que não constatou marcas de violência, não se justificando o uso de arma de fogo naquela situação", relatou.

 

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Autor e vítima tinham animosidade


De acordo com a delegada responsável pelas investigações, autor e vítima tinham um histórico de animosidade. "O militar reclamava que o Daniel jogava água no apartamento dele, o que gerava mofo. Fez várias reclamações no condomínio. Tinha uma animosidade entre eles", relatou Camila Miller.



Segundo Camila, de fato Daniel tinha problemas de saúde mental, sendo diagnosticado com esquizofrenia. Mas, não há histórico de agressão por parte dele. "Na verdade, não podemos falar que ele era um homem agressivo. Mas era uma pessoa que sofria de esquizofrenia e tinha desentendimentos dentro de casa. Era um homem grande, de 1,9 m e 100 kg. No momento de um surto psiquiátrico pode ser que ele tenha uma reação mais agressiva com a mãe. Mas, não dá para afirmar categoricamente", disse a delegada.


Miller ainda está trabalhando na investigação deste caso. Para ela, se trata de um caso complexo, em que é preciso ouvir mais testemunhas para poder concluir o inquérito. "Caso um pouco complexo. A testemunha é a mãe e o autor do fato. Falta ouvir mais testemunhas, vizinhos, porque quem eu ouvi morava em outro bloco [do prédio]."


A reportagem tentou contato com a defesa do militar do Exército, mas não obteve retorno.

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