A pouco menos de um mês do início da imunização contra a gripe, pouco mais de 7% das gestantes se vacinaram contra a doença em Belo Horizonte. A campanha começou em 25 de março, mas até o momento, apenas 1.326 mulheres, de 17 mil, se vacinaram.

 

O imunizante está disponível para crianças entre 6 meses a menores de 6 anos, gestantes, puérperas, pessoas idosas a partir de 60 anos, professores dos ensinos básico e superior e trabalhadores da saúde – grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde.

 

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A baixa adesão à campanha não acontece apenas com mulheres grávidas, mas sim com todo o grupo prioritário.

 

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até esta sexta-feira (19/4), 355 das puérperas se vacinaram, o que corresponde a 11,5% do grupo total.

 

Em relação a crianças, ao menos 39.883 foram receberam a dose. Além disso, 121.968 idosos, 26,4%, se imunizaram para a gripe este ano.

 

Paulo Roberto Corrêa, diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Belo Horizonte, explica que os números estão abaixo do esperado pela administração municipal. A expectativa da pasta é que até o fim da campanha, em 31 de maio, 90% das pessoas tenham sido imunizadas.

 

Para ele, a baixa adesão pode ser explicada por um conjunto de fatores que vão desde a relativização da doença até a desconfiança com a vacina.

 



 

“Tem pessoas que não confiam na vacina, tem aqueles que acham que a vacina pode dar problemas em crianças. Tem aquelas que não dão importância para a questão da gripe. Mas vale lembrar que a contaminação pela gripe, em gestantes, ou pessoas dos outros grupos prioritários, pode levar a complicações”, explica Corrêa.

 

Vacinação em Minas Gerais

 

No restante do estado, a situação não é diferente da apresentada pela prefeitura da capital. Segundo o painel de monitoramento da vacinação do Ministério da Saúde, até essa quinta-feira (18/4), apenas 20,25% de todo o público alvo se imunizou contra a influenza.

 

Assim como em BH, as gestantes são as que menos se imunizaram até o momento. Foram 20.875 doses aplicadas em Minas Gerais, o que representa 11,8% de todo o público estimado.

 

O diretor de Promoção à Saúde da PBH explica que a cobertura vacinal do grupo é uma das que mais preocupa as secretarias de saúde. Isso porque uma contaminação severa por influenza além de causar complicações à gestação, também pode afetar a saúde do feto.

 

“Em termos de gravidade, nossa maior preocupação é com as pessoas acima de 60 anos. Nesse grupo, se a pessoa tiver alguma comorbidade, ou usar um medicamento que altera a imunidade, a contaminação pode trazer complicações. Além disso, é um grupo bem grande, são mais de 400 mil pessoas. Mas a gestante também é importante, pois a contaminação pode gerar complicações”, diz Paulo Roberto Corrêa.

 

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Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, explica que os números são ainda mais preocupantes uma vez que a previsão é de queda de temperatura. “Essas pessoas têm maior chance de desenvolver a doença grave, com risco de desenvolver pneumonia, insuficiência respiratória e inclusive óbito.”

 

O médico reforça que a vacina contra a gripe é segura, gratuita e que não protege apenas quem se vacinou, mas também pessoas que estão ao seu redor e de constante convívio. Para ele, assim como aconteceu com a dengue, é preciso massificar a campanha contra as influenzas.

 

No entanto, o especialista afirma que as ações necessárias são “um grande desafio” devido ao aumento da disseminação de fake news contra os imunizantes.

 

“Seja por medo ou oportunismo, tivemos uma divulgação absurda de informações falsas contra as vacinas. Agora, temos que correr atrás desse prejuízo e conscientizar as pessoas que elas só trazem ganhos. É bom relembrar que a vacina da gripe não causa gripe, já há um tempo isso foi desmistificado. Não há vírus vivo na vacina que possa causar a doença”, enfatiza.

 

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No momento da vacinação, é preciso que as pessoas que fazem parte do público prioritário apresentem o documento de identificação com foto, CPF e o cartão de vacina. É necessário, também, que alguns dos grupos listados acima apresentem um comprovante da função exercida, no caso dos profissionais, ou laudo médico que comprove a condição de saúde.

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