Bicicletas derrubadas no chão em frente à sede da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e faixas pedindo respeito, segurança e justiça deram o tom da manifestação liderada por amigos do ciclista Fabrício Bruno da Cruz de Almeida. Na madrugada do último sábado (13/4), o artista plástico morreu em decorrência de uma hemorragia interna no Hospital João XXIII, aos 38 anos, depois de ser atropelado na tarde de sexta-feira (12/4) por um ônibus no Centro da capital.

 

Ao Estado de Minas, a irmã do ciclista, Fabíola Ingrid Cruz de Almeida, diz que a morte de Fabrício, que também era funcionário do IBGE, a motivou a levantar o debate sobre a mobilidade em BH. “Estamos aqui para lutar, a fim de que ele não seja somente mais um nas estatísticas. É preciso falar e debater sobre o trânsito violento nas grandes metrópoles. Quero que meu luto seja transformado em luta. Meu irmão não estava errado (no acidente). Ele era prudente e andava todo equipado. Em memória dele, vou lutar por mais mobilidade”, declara Fabíola.

 



 

Também presente no ato, o designer e DJ Joca Corsino levou uma bicicleta branca, conhecida como ghostbike (bicicleta fantasma), para a frente da PBH. O equipamento é comumente usado para sinalizar locais onde ciclistas morreram, vítimas de acidentes. O veículo será colocado na esquina das ruas Guarani e Carijós, onde Fabrício foi atropelado. “Faremos isso porque é uma forma de homenageá-lo. Há um despreparo total da cidade para lidar com os ciclistas”, critica Corsino, que também é fundador do coletivo Bloco da Bicicletinha.

 

Veja o vídeo:

 

 

 

O corpo do artista plástico foi sepultado no domingo (14/4), no Cemitério da Paz. Mãe de Fabrício, Nair da Cruz Almeida leu, ao lado do pai, Douglas Ornelas Almeida, uma oração. Um amigo, do artista, João Flor de Maio, declamou um texto que fala sobre saudade e a alegria de ter sido amigo de Fabrício.

 

O dia do acidente

 

Segundo registro da ocorrência feito Polícia Militar, as causas do acidente não puderam ser definidas por falta de testemunhas. Ao ser atropelado, Fabrício ficou embaixo do ônibus, que passou com uma das rodas por cima de seu corpo. Imediatamente, populares se mobilizaram e socorreram o ciclista, que foi levado para o hospital, onde passou por cirurgia.

 

Já se sabe que havia um caminhão de entrega em frente a um sacolão na Rua Guarani. Ao lado desse veículo estava parado um caminhão de lixo. Fabrício, segundo o motorista do ônibus do transporte coletivo, teria saído de trás do veículo responsável pela limpeza urbana e não teve tempo para frear, sendo surpreendido pelo ônibus de registro 11015.

 

 

“O que queremos agora é que a Polícia Civil faça uma investigação para apurar as causas da morte do Fabrício”, diz Fabíola. “Temos, também uma testemunha que viu tudo, detalhe por detalhe, como aconteceu. E fizemos fotos que mostram uma freada dada pelo ônibus em cima da faixa de pedestres”, completa.

 

Familiares e amigos têm tentado apurar as circunstâncias do atropelamento. A bicicleta que era usada por Fabrício chegou a desaparecer. Só no dia seguinte foi descoberto que ela tinha sido guardada por um comerciante. Parentes e amigos do rapaz descobriram também que as câmeras do sistema Olho Vivo, da PBH, estavam desligadas no local no momento do atropelamento. 

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