Comida boa, bares e povo hospitaleiro. Esses atributos de BH todo mundo já ouviu falar, mas que a capital mineira seria um dos nove lugares para se estar em caso de um desastre nuclear? A internet recuperou um artigo de 1962 da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, que incluia a cidade na lista de lugares para se esconder durante desastres do tipo.
“Nine places to hide”, artigo da cientista Caroline Bird, foi escrito no período da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética viviam em uma tensão, com risco de entrarem em guerra. Após 1945, o mundo conheceu o poder de uma bomba nuclear. Então, na época do estudo, um conflito nuclear de altas proporções era temido.
No artigo, a pesquisadora classifica as áreas em três níveis de risco. No primeiro, estão as áreas conhecidas das principais forças de ataque das potências atômicas e grandes cidades com um milhão ou mais de moradores. O segundo mostrava áreas de maior perigo devido à intensa precipitação radioativa local. Nesses locais, ela afirmava que era possível sobreviver neles se fossem tomadas as devidas precauções. O último era a área de perigo moderado — pelo menos na época –, já que existia baixa ou zero probabilidade de um ataque atômico, mas ainda sim existiria um interesse militar.
Segundo a autora, Estados Unidos era o país mais perigoso para se estar, por ser o maior alvo. Já a Antártida seria o lugar mais seguro, já que é “a única massa terrestre considerável do planeta que não tem sido capaz de sustentar a vida humana nativa”. Em seguida, a pesquisadora apresenta nove cidades em que seria desejável se estar em caso de desastre nuclear, não apenas pela segurança, mas também pela condição de vida no local.
Compunham a lista: Eureka (EUA), Caerk (Irlanda), Guadalajara (México), Central Valley (Chile), Mendonza (Argentina), Belo Horizonte (Brasil), Tanariva (Madagascar), Melbourne (Austrália) e Christchurch (Nova Zelândia). No caso de Belo Horizonte, a pesquisa define a cidade como a terceira “mais movimentada e progressista do país sul-americano com maior probabilidade de abrir um novo caminho econômico”.
Por estar longe do litoral, a cidade estaria mais segura. A autora também destaca que “Belo Horizonte é um local de exportação de caminhões e produtos lácteos que poderia facilmente alimentar os recém-chegados e poderia desenvolver indústrias leves a partir dos recursos minerais circundantes para empregá-los”.
Ela define o clima da capital mineira como moderado e subtropical e que seria perfeito para a época em que os médicos recomendavam “ um clima alto e seco para tuberculose”. “Estabelecida na virada do século como a capital do rico estado de Minas Gerais, Belo Horizonte foi a primeira e, depois de Brasília, a mais bem-sucedida das cidades planejadas do Brasil. Tem televisão, as comodidades da vida moderna e uma pulsação que encanta os norte-americanos que esperam uma sociedade industrial que possa sustentar a riqueza sem acessos de culpa calvinista”, argumenta.