Sargento Roger foi morto em janeiro deste ano -  (crédito: Arquivo pessoal)

Sargento Roger foi morto em janeiro deste ano

crédito: Arquivo pessoal

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) negou que Welbert de Souza Fagundes, suspeito de atirar e matar o sargento da Polícia Militar Roger Dias, no início de janeiro deste ano, esteja sofrendo agressões de policiais penais da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH. O homem está preso no local aguardando julgamento.

 

Nessa quarta-feira (1°/5), ele deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Nova Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, depois de colocar fogo no colchão da cela onde estava. Foi o segundo atendimento ao detento, já que menos de 24 horas antes, na terça (30/4), ele esteve na mesma unidade com um corte no pulso.

 

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que o atendimento dessa quarta foi uma “medida preventiva e de checagem de saúde”. Segundo o órgão, o preso foi liberado imediatamente após receber atendimento e retornou à penitenciária.

 

Já em relação ao corte no pulso, a Sejusp informou que o ferimento “superficial” foi causado pelo próprio detento. “Todos os procedimentos legais estão sendo realizados para a devida elucidação dos fatos. Um procedimento de investigação interna será instaurado pela direção da unidade prisional para apurar administrativamente o ocorrido”, disse, em nota.

 

Represália e denúncia de tortura

 

Procurada pela reportagem para falar sobre os ocorridos dessa quarta, a defesa de Welbert afirmou que ainda não havia conversado com o réu a respeito dos atendimentos na unidade de saúde. O advogado Bruno Torres disse à reportagem que foi, nesta quinta-feira (2/5), à penitenciária se encontrar com o cliente, porém não conseguiu ter acesso ao preso. Torres também disse estar em posse de um pedido de medida de segurança para o cliente e outro para acesso às câmeras de segurança.

 

 

Nessa quarta, advogado alegou, em entrevista ao Estado de Minas, que iria apurar a possibilidade do corte no pulso ter sido uma represália de policiais penais. O motivo seria a denúncia feita ao juiz da Vara de Execução Penal de Contagem de que está sendo agredido por carcereiros da Nelson Hungria, em 25 de abril. Sobre a alegação da defesa de Welbert, a Sejusp se limitou a dizer que “a informação é improcedente”.

 

Em março deste ano, a defesa de Welbert denunciou que o homem foi agredido e torturado dentro do presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, também na Grande BH. Na época, o advogado Bruno Torres, que representa o suspeito, contou que grande parte das agressões aconteceram durante a madrugada, quando Welbert era retirado de sua cela e arrastado até uma área remota.

 

Torres não soube precisar a data em que as agressões começaram, mas o caso mais grave aconteceu em 6 de fevereiro, um dia antes de uma audiência de custódia de Welbert, em que ele não esteve presente.

 

“Disseram que ele estava com sarna e estava em isolamento. Fui até o presídio, e aconteceu o atendimento normal, mas ele estava muito machucado. Pedi as imagens das câmeras e listagem de funcionários que estavam tendo acesso a ele. Queria saber o que estava acontecendo. O Welbert me disse que apanhou muito”, contou o advogado.

 

Após os últimos relatos de agressões, Welbert foi transferido para o presídio Nelson Hungria, em Contagem, também na Grande BH. O advogado relatou que as agressões continuam, mas que não são feitas por policiais militares. “Ele relatou tudo ao juiz, que está sendo agredido, tem caco de vidro na comida dele. Apesar de não ter relatos de policiais militares indo agredi-lo na Nelson Hungria, as agressões continuam”, contou.