Este fim de semana será de festa em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Entre os dias 10 e 12, o Quilombo dos Arturos realiza a sua 50ª Festa da Abolição. A festividade celebra a ancestralidade e a luta antirrascista, com o objetivo de relembrar a resistência e o sofrimento do povo negro.
A festa compõe o calendário anual de atividades da comunidade dos Arturos. Permeada pelo culto à Nossa Senhora do Rosário, na tradição do Congado, o evento faz referência à Abolição da Escravatura no Brasil (13 de maio de 1888).
A programação inclui, além dos cortejos e atividades congadeiras, a missa conga, a representação e desfile dos escravos e uma encenação teatral com o Grupo Arturos-Filhos de Zambi.
A celebração começa nesta sexta-feira, às 19h, na própria comunidade, no bairro Jardim Vera Cruz, com a realização do candombe, um ritual de origem sagrado, do qual os Arturos são originários. No sábado, está prevista a concentração das guardas de Congo e Moçambique e, logo após, um cortejo que seguirá da Casa da Cultura Nair Mendes Moreira, na comunidade dos Arturos até a Matriz de Nossa Senhora do Rosário, para realizar o levantamento de mastros e hasteamento das bandeiras. Os emblemas são marcos nas festividades, e carregam um sentido sagrado e religioso para a comunidade.
Para o diretor social da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade Quilombola dos Arturos, Jorge Antônio dos Santos, "a festa é importante por ser uma oportunidade de reverenciar a ancestralidade, por meio da dança da musicalidade".
No domingo (12), a celebração inicia às 4h, com a Festa da Matina, passando pela concentração das Guardas de Congo e Moçambique e se encerra com o descimento das bandeiras e encerramento da festa, às 21h.
Para a superintendente de Políticas Culturais da Prefeitura de Contagem, Aniele Leão, a festa atrai muitos visitantes para a cidade. “A Festa da Abolição é muito grande aqui na cidade. É um espaço também que tem recebido cada vez mais turistas e a prefeitura tem apoiado para fazer com que essa festa seja cada vez maior”. Além disso, ela destaca a importância da comunidade para a cultura do estado e a importância da data no combate ao racismo e celebração da cultura afro.
Programação completa
10 de maio
19h - término da Novena / realização do ritual Candombe
11 de maio
18h - Levantamento do mastro
12 de maio
4h - Festa da Matina
7h - Concentração das guardas de Congo e Moçambique, seguindo em cortejo até a Igreja do Rosário
8h - Desfile dos representantes dos escravizados
9h - Encontro com as guardas visitantes na Praça da Igreja
10h - Encenação teatral e reflexão sobre a Abolição
11h - Celebração da Missa Conga na Matriz de Nossa Senhora do Rosário
12 - Procissão de São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora do Rosário
13h - Almoço de confraternização das Guardas de Congado visitantes na Comunidade dos Arturos
14h - Cumprimento de promessas
18h - Despedida dos grupos de Congados visitantes
20h - Descimento das bandeiras e encerramento da festa
A comunidade
Símbolo de resistência da cultura negra em Minas Gerais, a Comunidade Quilombola dos Arturos foi criada no século 19. Reúne cerca de 500 descendentes e agregados do casal Arthur Camilo Silvério (filho de escravos) e Carmelinda Maria da Silva, em uma propriedade rural localizada em Contagem, na Grande BH.
Ao longo do ano acontecem diversas manifestações culturais e religiosas afro-brasileiras no local, todas ligadas ao Congado.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos