A Polícia Civil prendeu em Belo Horizonte, no início da noite desse sábado (11/5), Dinamá Pereira de Resende, condenado em 2021 a 87 anos de prisão pelos abusos sexuais de crianças e adolescentes desde a década de 1990. A pena, no entanto, foi modificada para 113 anos após recurso da defesa das vítimas. Os crimes aconteceram em Várzea da Palma, no Norte de Minas Gerais.
Dinamá respondeu todo o processo em liberdade e estava foragido desde 12 de abril deste ano, quando foi expedido o mandado de prisão pela 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Várzea da Palma em decorrência da sentença em trânsito em julgado — ou seja, sem a possibilidade de recurso. A prisão na capital aconteceu no Bairro Copacabana por volta das 18h15. Veja:
“Uma das vítimas, enteada dele [Dinamá], recebeu a informação de que ele estava em Belo Horizonte. A pessoa, inclusive, sabia o endereço. Minha cliente, então, me repassou os detalhes, e eu liguei para o delegado que atuou no caso. Daí, ocorreu a prisão”, explicou à reportagem a advogada Ana Luiza França, responsável pela defesa das vítimas.
A Polícia Civil indiciou Dinamá, em 2020, depois de apurar ao menos 14 estupros de crianças e adolescentes do sexo feminino, mas a condenação no ano seguinte considerou apenas sete vítimas. A prática acontecia pelo menos desde a década de 1990, e parte dos casos prescreveu, segundo o delegado do caso, Guilherme Vasconcelos. Somente a partir de 2012 é que crimes contra a dignidade sexual com menores de idade deixaram de prescrever.
Dinamá era muito popular na cidade e usava eventos religiosos para cometer os crimes sexuais. Em depoimento à polícia, ele relatou ter atendido mais de cinco mil crianças, o que levantou a suspeita dos investigadores de que o número de vítimas possa ter sido muito maior.
À época do indiciamento, o delegado informou que o religioso adquiriu “respeito social significativo” ao procurar crianças do sexo feminino e originárias de famílias “extremamente vulneráveis ou desestruturadas”. Dinamá então as convidava para participar de shows e danças folclóricas usando o argumento de atividade religiosa. Ele ensinava também o Evangelho e promovia rezas de terços.
A primeira denúncia pública ocorreu em outubro de 2018, quando uma das vítimas publicou no Facebook relatos de abusos que teria sofrido em 2003. Logo depois, ela procurou a delegacia local e registrou a queixa. A partir daí, novos casos vieram à tona.