Belo-horizontinos foram ao zoológico para ver os gorilas macho pela última vez, mas apenas as fêmeas estavam livres para passear -  (crédito: Alexandre Guzanche/EM/D.A. Press)

Belo-horizontinos foram ao zoológico para ver os gorilas macho pela última vez, mas apenas as fêmeas estavam livres para passear

crédito: Alexandre Guzanche/EM/D.A. Press

Quem foi ao Zoológico de Belo Horizonte dar adeus aos gorilas machos acabou perdendo a viagem. Isso porque os animais já estão sendo preparados para o transporte para o Animalia Park, em Cotia, São Paulo que, se tudo ocorrer bem, está previsto para esta segunda-feira (13/05) e não estão mais liberados para passear pelo recinto.

 

“A intenção de vim hoje era justamente para ver os gorilas, porque não conhecia nenhum dos novos ainda, e fiquei sabendo que eles vão para São Paulo”, disse Matheus. Iranilda Oliveira de Souza, acompanhada do marido e do filho, também lamentou que os gorilas não apareceram: “Nós viemos aproveitar o aniversário do meu filho, trouxemos ele para ver os animais e estava esperançosa de ver o gorila. Ficamos frustrados, uma pena que não deu”, lamentou.

 

 

Leon, pai dos quatro filhotes que nasceram no Zoológico, foi o último a ser recolhido e pôde ser visto até ontem (11/5). Sawidi, Jahari e Ayo foram afastados das fêmeas durante a semana e já não podiam ser vistos no fim de semana.

 

Apesar da decepção, o motivo da mudança é nobre. Por terem atingido a maturidade sexual, os gorilas precisam se reproduzir com fêmeas de outro grupo, a fim de garantir a diversidade genética. Esse tipo de intercâmbio entre instituições é comum e imprescindível para a sobrevivência da espécie que está ameaçada de extinção.

 

“Estou aqui com minha família para ver o último dia do gorila. Não podia deixar de vim, estou triste de saber que eles vão, mas entendo o projeto de ir para São Paulo com o objetivo de procriação, e espero que muitos filhotes nasçam com saúde e continuem a nos encantar”, declarou Cleusa Aguiar .

 

Foto de duas gorilas fêmeas no zoológico de Belo Horizonte, Lou Lou e sua filha Anaya

Lou Lou e sua filha Anaya foram as únicas que apareceram na manhã deste domingo

Alexandre Guzanche/EM/D.A. Press

 

Mesmo sem a presença dos machos, os visitantes tiveram a oportunidade de ver Lou Lou e sua filha Anaya passeando pelo recinto na manhã deste dia das mães. Elas estão sendo monitoradas pela equipe técnica de veterinários do zoológico para evitar danos emocionais.

 

Conservação da espécie

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a medida faz parte do plano de manejo e conservação da espécie que está bastante ameaçada de extinção. O "Projeto Gorilas: conhecer, amar, respeitar', instituído há quase 20 anos, busca qualidade de vida aos animais mantidos no Zoo para formar um grupo reprodutivo da espécie das planícies ocidentais (gorilla, gorilla).

 

Com a transferência dos machos (Leon, Sawidi, Jahari e Ayo), o grupo passará a ser composto por Imbi, Lou Lou e Anaya. As duas mães e a pequena vão contar com um espaço mais amplo para retomar sua rotina. E, nos próximos meses, terão a chance de interagir com um macho da espécie que está sendo preparado para se mudar para a capital.

 

A diretora de Zoobotânica e gerente interina do Jardim Botânico, Sandra Cunha, esclareceu que o transporte do gorila Bubu, que virá da Hungria, não trará custos para a Prefeitura de Belo Horizonte e será feito pela European Association of Zoos and Aquaria (Sociedade Europeia de Zoológicos e Aquários, EAZA, em inglês). Ainda não há um prazo para que o animal chegue no Brasil.

 

Rei do carisma

Idi Amin no zoo de BH

Idi Amin no zoo de BH

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Impossível não falar dos gorilas sem falar de Idi Amin, que foi por décadas a estrela do Zoológico de Belo Horizonte. Ele ainda é lembrado com carinho pelos visitantes, principalmente pela sua imponência e carisma.

 

“Lembro do Idi Amin, uma hora dessas ele já estava brincando ali, ele era aparecido. Depois que ele se foi, os que ficaram não são como ele, ele a gente via com facilidade. Me marcou muito”, conta Matheus Henrique de Souza

 


Idi Amin chegou a Belo Horizonte em 1975 vindo de uma instituição francesa com apenas 2 anos de idade, junto com a fêmea Dada, da mesma idade dele. Os dois viveram juntos até março de 1978, quando ela morreu por complicações de uma infecção no ouvido.

 

Em fevereiro de 1984, o gorila ganhou uma nova "namorada", Cleópatra, que morava no zoológico de São Paulo. Mas, o romance durou pouco. A gorila, que estava debilitada, morreu 14 dias depois, com um grave quadro clínico de desidratação e diarreia. A estrela do Zoo ganhou mais duas companheiras em 2011, depois de viver 27 anos sozinho, Kifta e Imbi, sendo a última a única sobrevivente da época até hoje.

 

Idi Amin morreu em 2012, aos 39 anos, por insuficiência renal crônica, associada à poliartrite crônica ativa-bacteriana durante uma cirurgia. Atualmente ele pode ser visto Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, onde está exposto ao lado de sua companheira Cleópatra.

 

(Com informações de Larissa Figueiredo*, Ana Luiza Soares* e Rafael Rocha)

 

*Estagiárias sob a supervisão do subeditor Humberto Santos