O Rio Grande do Sul está sendo castigado pelas fortes chuvas

 -  (crédito: FAB/Divulgação)

O Rio Grande do Sul está sendo castigado pelas fortes chuvas

crédito: FAB/Divulgação

O engenheiro de minas e especialista em geotecnia e hidrologia Jeffiter Oliveira está entre os profissionais convocados pelo  Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) de Minas Gerais para ajudar no projeto de reconstrução das áreas atingidas pela tragédia climática do Rio Grande do Sul.  Segundo ele, as consequências da catástrofe que atinge o estado se parecem com a tragédia de Brumadinho. 


“Brumadinho tem um ângulo diferente, mas é uma situação de escorregamento de lama, de troncos de árvores retorcidos, de árvores gigantescas que foram arrastadas como se fossem papel ou um lápis. São cenários parecidos, claro, cada um na sua proporção”, destaca. Jeffiter Oliveira  participou como técnico nas análises geotécnicas da área após o rompimento da barragem e ajudou no resgate das vítimas.

 

 

Desde domingo (12), o engenheiro mineiro está em Bento Gonçalves, cidade do estado gaúcho, que foi umas das atingidas pelas fortes chuvas. Lá ele está com outros engenheiros e geólogos de todo país para a produção de laudos e relatórios que ajudem a Secretaria de Obra do município na desobstrução das vias e acessos ao município e seus subdistritos.

 


O engenheiro destaca os desafios enfrentados na região. “A situação se torna mais crítica por causa da população nunca ter vivenciado esse tipo de situação. Não é como a gente em Minas, que temos conhecimento de encostas, de taludes, de escorregamentos e até mesmo de barragens”, ressalta.

 


Ainda segundo Jeffiter Oliveira, as consequências das chuvas em Bento Gonçalves atingiram, na maior parte, a zona rural e houve, portanto, pouco impacto em áreas residenciais. “A agricultura foi bastante afetada. Todas as estradas acabaram sendo obstruídas pelos deslizamentos, pelas encostas. A formação rochosa e geológica daqui é uma formação de muita encosta, muita inclinação, isso acabou favorecendo. Então, teve muitos escorregamentos de blocos de maciços, causando muita obstrução nas vias”, destaca.

três homens olhando para objeto

Da esquerda para direita eng. Geotécnico Jeffiter Oliveira, Dep. Estadual Guilherme Pasin e Prefeito Diogo

Arquivo pessoal/Reprodução


Apesar das dificuldades, muitos trechos já estão liberados, mas ainda não há uma previsão para que tudo se normalize  na região. “Os moradores já estão voltando às residências, mas ainda tem alguns pontos críticos bloqueados. Há uma previsão de chuva que pode ocasionar novos deslizamentos. É trabalho de semanas”, diz.


Poder contribuir com a reconstrução do Rio Grande do Sul é motivo de honra para o engenheiro mineiro.“Temos aprendido muito e isso é muito valioso. Claro, é gratificante fazer parte disso e contar com o apoio da população que tem ajudado bastante, emprestando veículo ou outros meios de transporte. Espero contribuir ainda mais no período que ficarei aqui em Bento Gonçalves”, termina.

engenheiros trabalhando em deslizamento

Eng. Geotécnico Jeff e geóloga Priscila Silva

Arquivo pessoal/Reprodução

Tragédia de Brumadinho


Em 25 de janeiro de 2019, às 12h28, a Barragem I (B1) da Vale S.A em Brumadinho, Região Metropolitana de BH, rompeu. Esse foi o começo de um dos maiores desastres socioambientais do país, que atingiu 26 municípios e tirou a vida de 272 pessoas - três ainda não encontradas.


Ao todo, foram liberados aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Até hoje, não houve o julgamento ou punição dos responsáveis pelo rompimento da barragem.