Jesuânia tem cerca de 5 mil habitantes e nunca teve 100% de distribuição de água, agora irá passar a cobrar pelo consumo de água -  (crédito: Divulgação / Redes Sociais)

Jesuânia tem cerca de 5 mil habitantes e nunca teve 100% de distribuição de água, agora irá passar a cobrar pelo consumo de água

crédito: Divulgação / Redes Sociais

Decreto publicado pela Prefeitura de Jesuânia, no Sul de Minas Gerais, limita o uso de água na cidade durante um mês. No texto, os moradores são instruídos a não lavar as calçadas ou carros nem regar hortas ou jardins, sob pena de multa. O acesso à água acontece por meio da cobrança do valor de R$ 2,52 diretamente no Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), mas, após o decreto, a prefeitura começou a colocar hidrômetros na cidade e pretende cobrar pelo consumo dentro de três meses.

 

Jesuânia tem cerca de 5 mil habitantes e nunca teve 100% de água disponível para seus moradores, explica o prefeito José Laércio de Castro. Ele explica que o município tem problemas antigos em relação à distribuição de água relacionados, na visão dele, pelo alto desperdício e pela dificuldade de distribuição para regiões mais altas.

 

“A gente precisa abrir o reservatório somente quando ele chega a 100%, porque, se não abrir quando ele estiver cheio, ele não atende às partes mais altas da cidade”, ressalta Laércio de Castro.

 

 

O Decreto N° 536, publicado na segunda-feira (15/5), limita o uso de água para consumos considerados desnecessários pela prefeitura. De acordo com o Executivo, o anúncio tem o objetivo de orientar a população enquanto reparos são feitos nos tubos dos reservatórios. “Essa sujeira que cai na rede entope as casas e as pessoas pensam que não tem água. A gente tem que passar por isso para resolver o problema”, explica o prefeito de Jesuânia. 

 

 

O que diz a população

 

A auxiliar-administrativa Paula Helena Santos, de 35 anos, conta que já sofreu com a falta d’água, e acredita que o decreto pode ser positivo, mas faz ressalvas. “Acho ruim não poder aguar a horta, se a pessoa tem a horta, ela tem que regar”, pontua. Ela acredita que a instalação dos hidrômetros na cidade pode ajudar. “A gente está acostumado a usar de graça. Mas, se for pra regularizar, acredito que vá ser bom. Eu não desperdiço, mas vejo muita gente lavando o quintal todo o dia. Acredito que agora as pessoas devem economizar mais”, ressalta.

 

Paula também tem a esperança de que pare de faltar água em sua casa. “Às vezes acaba a água aqui em casa, minha filha acaba usando durante o dia e ficamos sem água para tomar banho durante a noite”, conta a auxiliar, que divide duas caixas de 500 litros e uma de 300 litros com mais 4 pessoas.

 

 

A falta d'água não atinge André de Melo, sócio da Drogaria Nossa Senhora do Rosário em Jesuânia. “Aqui na cidade tem racionamento no fornecimento de água das 6h às 18h, então é preciso ter um grande reservatório para conseguir ter água durante o dia. A minha caixa d’água é de 5 mil litros, então, a gente não tem problema com desabastecimento”, afirma.

 

André conta que, na sua visão, o desperdício atrapalha a água chegar para todos os moradores. “Nós temos um desperdício muito grande de água na cidade, fazendas também usam muita água. Já ouvi falar de fazendeiro usando água para dar de beber para vacas e regar a plantação, água que poderia ir para o cidadão comum”, critica.

 

Ele também acredita no efeito positivo do hidrômetro. “O hidrômetro vai dar consciência para os moradores, e os fazendeiros vão ter que achar outra alternativa para buscar água. Porque, quando a gente paga pelo consumo, a gente economiza. Acredito que deveria existir uma educação social em relação ao consumo de água”, completa.

 

Abastecimento inédito

 

Marcos Temponi, dono da Contrata, empresa que faz a distribuição de água na cidade desde junho de 2023, explica que o racionamento adotado nesse momento é em razão da necessidade de ter que esperar o reservatório chegar a 100% para distribuir a água, por isso, a demora para o abastecimento nas casas. “São 12 horas para encher o reservatório e 4 horas para esvaziar, o que é uma cultura de 40 anos de vários governos que passaram pela prefeitura”, ressalta Temponi.

 

O empresário acrescenta que as melhorias que estão sendo feitas devem resolver essa questão e o esperado é que se consiga fornecer água o tempo inteiro, algo que nunca aconteceu na cidade. Já em relação aos hidrômetros, ele explica que, de acordo com os cálculos baseados na água disponível nos reservatórios, a população utiliza uma média de 300 litros por habitante. Segundo Temponi, os hidrômetros começaram a ser colocados ontem. 

 

O prefeito Laércio de Castro explica que as cobranças só serão feitas 3 meses após a colocação dos aparelhos. “A princípio vão ser enviados informes para as casas indicando o valor da cobrança, isso por três meses, para a pessoa ter a noção dos gastos e se adequar e apenas depois disso é que a água será cobrada por consumo”, detalha.