Alunos de escolas públicas da Grande BH assistem concerto da Orquestra Filarmônica na Sala Minas Gerais
 -  (crédito: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

Alunos de escolas públicas da Grande BH assistem concerto da Orquestra Filarmônica na Sala Minas Gerais

crédito: Edésio Ferreira/EM/DA Press

Milhares de estudantes do ensino médio e fundamental têm a oportunidade de presenciar e aproveitar um concerto de música clássica da Orquestra Filarmônica. Entre essa terça-feira (21/5) e esta quinta-feira (23/5), cerca de 7 mil alunos de escolas públicas e instituições sociais da Região Metropolitana de Belo Horizonte estão participando dos Concertos Didáticos, na Sala Minas Gerais.


Odara Gabriely, de 11 anos, estudante do sexto ano da Escola Municipal Hilda Rabello Matta, em BH, conta como foi a experiência de apreciar um concerto. Ela já conhecia a Sala Minas Gerais, mas nunca viveu a experiência de um concerto. Segundo a estudante, ela viu apenas por vídeos na internet.

 


“Eu tenho interesse em concertos, mas só tinha visto antes pela internet. Eu tenho aula de música na escola e meu professor me ensinou a gostar de música. A gente vê (nas aulas) vários estilos musicais, mas eu gosto mais de música internacional. Agora estamos aprendendo partitura. Eu quero aprender a tocar violino. Eu já vi alguns instrumentos pela internet, mas esta é a primeira vez que vejo pessoalmente”, conta.


 

Para muitos, esta é a primeira vez que entram na Sala de Minas Gerais e assistem a um concerto musical. É o caso de Yasmin Neves, de 12 anos, estudante do sétimo ano, também da Escola Hilda Rabello. De acordo com a jovem, a primeira experiência em um evento do gênero é muito positiva, pois não tem tanto contato com música clássica em outros ambientes.


Estudantes assistem ao concerto da Orquestra Filarmônica

As estudantes Yasmin Neves e Odara Gabriely assistem ao concerto da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais nesta quarta-feira (22/5)

Edésio Ferreira/EM/DA Press

 

Assim como a amiga de 11 anos, Yasmin também se interessa por violino. Ela conta que acha lindo quem toca piano. Das obras apresentadas, as meninas conhecem ou já ouviram falar de “O Quebra-Nozes”, “A Pequena Sereia” e o músico Beethoven, conhecido pelos clássicos da música erudita.


A trompista Ana Carolina, academicista da Orquestra Filarmônica de MG, que entrou no universo musical aos 12 anos, relata a importância de que outras crianças tenham acesso a este tipo de cultura na mesma idade em que ela teve. Para a musicista, que está na Filarmônica desde março deste ano, é muito bonito ver os estudantes empolgados ao ver temas de filmes e instrumentos que conhecem. 


“Nosso tesouro são essas crianças. A gente precisa deles para que essa tradição de orquestra se mantenha viva É uma alegria muito grande receber essas crianças e a gente percebe a felicidade na carinha deles. Acredito que este tipo de evento pode transformar muito, porque a arte e a música curam para os problemas do mundo”, diz.


Trompista conversa com estudantes antes do concerto

A trompista Ana Carolina, academicista da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, conversou com os estudantes antes dom concerto começar nesta quarta (22/5)

Edésio Ferreira/EM/DA Press

 

Concertos Didáticos


Ao todo, a filarmônica de Minas Gerais vai oferecer cinco concertos com o tema “Expedição filarmônica”. Quatro deles foram realizados para estudantes de 6 a 17 anos nessa quarta (22/5) e terça (21/5). Já os estudantes do EJA (Ensino para Jovens e Adultos) vão participar nesta quinta (23/5), no período noturno. A reportagem do Estado de Minas esteve presente em uma das apresentações nesta quarta-feira e acompanhou de perto a reação dos alunos da Grande BH diante da grandiosidade do evento.


O maestro José Soares, regente associado da Filarmônica de Minas Gerais, conta que é sempre uma alegria receber estudantes de diferentes idades. De acordo com Soares, a organização dos concertos é feita pensando nas diferentes idades do público, mas, para ele, toda a faixa etária gosta de se sentir desafiada e é o papel da orquestra instigar a curiosidade deles.


“As referências do mundo de uma criança são diferentes do mundo de um adolescente, assim como são diferentes de um mundo de uma pessoa mais velha, mas o interessante é que a música de orquestra tem a capacidade de unificar faixas etárias diferentes, estilos diferentes e gostos diferentes. É uma coisa impressionante. Se você misturar esses públicos, eu tenho certeza de que todos estariam ali conectados à história”, conta.


O maestro José Soares durante o concerto desta quarta-feira (22/5)

O maestro José Soares diz estar feliz com a presença dos estudantes

Edésio Ferreira/EM/DA Press

 

A série “Concertos Didáticos” reúne obras conhecidas pelo grande público, como “O Quebra-nozes” de Tchaikovsky; “O voo do besouro” de Rimsky-Korsakov; “A pequena sereia” de Alan Menken; a “Floresta do Amazonas” de Heitor Villa-Lobos; “Indiana Jones: Terra” de John Williams; a “Sinfonia nº 9” de Beethoven e a abertura do Festival da Primavera de Huanzhy.


Através da coletânea, crianças e adolescentes têm, muitas vezes, o primeiro contato com a música clássica e com espaços de produção artística. Para José Soares, o intuito de levar jovens aos concertos não criar novos músicos ou fazer com que eles amem o estilo, mas para aflorar a sensibilidade das pessoas.


“Esse tipo de iniciativa, que faz parte do projeto da Orquestra Filarmônica desde o começo, é uma das coisas que faz justificar e me volta sempre à razão pela qual eu escolhi a profissão como ofício, porque a gente tá falando sobre semear uma coisa que a gente vai ver no futuro. A ideia desse concerto é uma grande expedição para as pessoas se tornarem grandes exploradores da música de orquestra terem a curiosidade de estar em contato com essa música e com esse espaço, que é feito para todos”, conclui o maestro.


Reação do público infanto-juvenil


O maestro comanda a equipe musical com leveza e interage com seu público, os desafiando e instigando a curiosidade de desbravar um novo mundo através da arte. Os músicos, por sua vez, cativam as crianças em uma perfeita sintonia e fazem com que seus olhos brilhem a cada novo ritmo encenado pela orquestra.


Mesmo os menos interessados pelo estilo se mantêm atentos enquanto clássicos são tocados. Os pequenos e os não tão pequenos vibraram ao som do divertido clássico de "A pequena sereia". O ritmo animado proporcionou sorrisos e até uma movimentação nas cadeiras.


Explorando o tema do concerto, o maestro conduz a apresentação como uma graciosa viagem aos olhos e ouvidos dos alunos. Seguindo a expedição, os jovens são levados à "floresta do Amazonas" com a melodia do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos.


É pensando em conquistar o público infanto-juvenil que o maestro busca explorar músicas que estão no cotidiano dos alunos, como a divertida “Baby shark”, que ficou conhecida em 2016. Os adolescentes se surpreenderam quando a música “Toca o trompete”, do cantor Felipe Amorim, que usa o instrumento de sopro em um trecho, foi tocada na Sala Minas Gerais.


Ao final do concerto, o maestro condecora todas as crianças e incentiva que a busca pela arte, em especial a música de orquestra, continue na vida dos estudantes. A apresentação foi finalizada com a revigorante música tema de Indiana Jones e deixa, aos jovens, o sentimento de que eles podem desbravar o mundo ao deixar a Sala Minas Gerais.


Para o público mais velho, a reação não foi diferente. Marcella Silva de Paula, de 17 anos, ficou extasiada durante o concerto e relatou ter gostado bastante da experiência, que também foi de estreia. Segundo a adolescente, embora ela conheça algumas das músicas tocadas no evento, ela foi bastante surpreendida.


“É um espetáculo! Uma maravilha. É muito gratificante estar aqui, me surpreendeu bastante. São uns instrumentos que tocam no coração da gente e fico muito feliz por ter vivido isso. Eu já tive piano, mas não considero que sei tocar, mas eu gostaria também de aprender a tocar violino, pois eu acho muito lindo”, conta.

 

A estudante Marcella Silva de Paula ficou feliz pela oportunidade

Marcella Silva de Paula, de 17 anos, nunca havia presenciado um concerto antes e ficou feliz pela oportunidade

Edésio Ferreira/EM/DA Press