Sargento Roger Dias morreu no início de janeiro de 2024 durante uma perseguição policial em Belo Horizonte
       -  (crédito: Redes sociais/Divulgação)

Sargento Roger Dias morreu no início de janeiro de 2024 durante uma perseguição policial em Belo Horizonte

crédito: Redes sociais/Divulgação

A avaliação psiquiátrica de Welbert de Souza Fagundes, suspeito de disparar e matar o sargento da Polícia Militar Roger Dias, no início de janeiro deste ano, será feita pelo mesmo médico forense que avaliou a saúde mental de Adélio Bispo, autor da facada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, em setembro de 2018.

 

Nessa terça-feira (21/5), o consultório do psiquiatra Hewdy Lobo Ribeiro encaminhou ao Tribunal de Justiça um pedido para que as consultas virtuais aconteçam. De acordo com a defesa de Welbert, a justiça ainda não se posicionou em relação ao documento. Ele está detido na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

Em 15 de abril, dois dias antes do julgamento, a justiça mineira determinou a suspensão do processo por “incidente de sanidade mental do denunciado”. De acordo com o pedido protocolado pelo advogado Bruno Torres, Welbert ouve vozes, apresenta quadro paranoico, faz tratamento no Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam) Barreiro e consome medicação forte para saúde mental.

 

No fim de março, o suspeito deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Nova Contagem com um corte no pulso. Na ocasião, por meio de nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), informou que o ferimento “superficial” foi causado pelo próprio detento. Conforme a pasta, Welbert foi suturado e, em seguida, voltou à penitenciária onde segue sendo acompanhado pela enfermaria do Complexo.

 

 

“Todos os procedimentos legais estão sendo realizados para a devida elucidação dos fatos. Um procedimento de investigação interna será instaurado pela direção da unidade prisional para apurar administrativamente o ocorrido”, explica o governo de Minas.

 

Ao Estado de Minas, o representante legal de Welbert explicou que com o envio do pedido de consulta, enviado pelos psiquiatras forenses, a defesa aguarda a resposta do judiciário. “O próximo passo é aguardar o atendimento do Dr. Hewdy na Penitenciária Nelson Hungria para, depois, elaborarmos as estratégias defensivas.

 

Denúncias de tortura

Em março deste ano, a defesa de Welbert denunciou que o homem foi agredido e torturado dentro do presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, também na Grande BH. Na época, o advogado Bruno Torres, que representa o suspeito, contou que grande parte das agressões aconteceu durante a madrugada, quando Welbert era retirado de sua dele e arrastado até uma área remota.

 

Bruno não soube precisar a data em que as agressões começaram, mas o caso mais grave, segundo o advogado, aconteceu em 6 de fevereiro, um dia antes de uma audiência de custódia de Welbert. O réu teria sido agredido durante boa parte da madrugada. Na manhã do dia 7, policiais penais o levaram até o fórum onde aconteceria a audiência, mas o trajeto foi interrompido quando um agente percebeu que Welbert estava machucado demais e levantaria suspeitas sob a penitenciária. Eles retornaram para o presídio, e o réu não esteve presente na audiência.

 

“Disseram que ele estava com sarna e em isolamento. Fui até o presídio e aconteceu o atendimento normal, mas ele estava muito machucado. Pedi as imagens das câmeras e listagem de funcionários que estavam tendo acesso a ele. Queria saber o que estava acontecendo. O Welbert me disse que apanhou muito”, contou o advogado.

 

Após os últimos relatos de agressões, Welbert foi transferido para o presídio Nelson Hungria, em Contagem, também na Grande BH. O advogado relatou que as agressões continuam, mas que não são feitas por policiais militares. “Ele relatou tudo ao juiz que está sendo agredido, tem caco de vidro na comida dele. Apesar de não ter relatos de policiais militares indo agredi-lo na Nelson Hungria, as agressões continuam”, contou.

 

Relembre o caso

A ocorrência que resultou na morte do sargento Roger Dias aconteceu na noite de sexta-feira (5/1). O militar estava em uma das equipes que foi até o Bairro Novo Aarão Reis à procura de dois suspeitos foragidos que haviam sido beneficiados pela saidinha de fim de ano e não retornaram à cadeia. Eles foram vistos furtando uma caminhonete.

 

 

A dupla dirigia um Fiat Uno prata quando foi avistada por uma viatura, dando início a uma perseguição, que só terminou quando eles atingiu um motociclista em uma avenida do bairro. O carro parou de funcionar e os criminosos fugiram a pé. Os policiais se dividiram na captura dos bandidos.

 

Imagens de câmera de segurança mostram o sargento perseguindo Welbert de Souza Fagundes, de 25 anos. Em determinado momento, o sargento é visto se aproximando do homem. Nesse instante, deu ordem para que o fugitivo parasse e se deitasse. De repente, o homem, que estava de costas, virou-se, apontando uma arma para o policial e atirando.

 

O agente caiu no chão. O homem atirou mais uma vez, atingindo a perna do sargento. Antes de desmaiar, o militar desferiu vários tiros na direção do seu agressor, atingindo-lhe uma das pernas. Ele acabou preso.

 

Já o segundo detento, que também estava no carro, tentou, por horas, fugir dos militares. Ele chegou a se esconder em uma casa, onde trocou tiros e correu para uma mata da região. O homem só foi encontrado durante a madrugada de sábado (6/1), escondido no meio da lama de um chiqueiro.

 

Segundo informações da Sejusp-MG, Welbert estava preso no Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, desde 24 de agosto de 2023. De acordo com informações da Polícia Militar, ele teve o benefício da saidinha concedido em dezembro e deveria ter retornado ao presídio no dia 23 de dezembro. Ele era considerado foragido da Justiça. Ainda de acordo com a PM, o suspeito tinha 18 passagens policiais por crimes como roubo, tráfico de drogas, falsidade ideológica e agressão.

 

O segundo homem foi identificado como Geovanni Faria de Carvalho, de 33 anos. Ele também estava preso na mesma unidade, entre março e setembro de 2023, quando recebeu um alvará de soltura concedido pela polícia. Segundo consta na Sejusp, ele já esteve em diversas unidades prisionais do estado desde março de 2016. A PM informou que ele possui quinze registros policiais, sendo duas por homicídio.