Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, era delegado aposentado. O crime aconteceu em Sete Lagoas -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, era delegado aposentado. O crime aconteceu em Sete Lagoas

crédito: Reprodução/Redes Sociais

O homicídio de um ex-delegado da Polícia Civil em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais, mobiliza investigadores da corporação. O corpo de Hudson Maldonado Gama, de 86 anos, foi encontrado carbonizado, dentro da própria casa no Bairro CDI, na manhã dessa quarta-feira (22/4). O corpo foi sepultado no fim da manhã desta quinta-feira (23/5) no Cemitério Municipal Santa Helena, na cidade em que morava. O principal suspeito é um ex-policial civil. 


Advogado criminalista, professor universitário e especialista em Ciências Penais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em Criminologia pela Pontifícia Universidade Católica, Hudson deixou três filhos. Ele se formou na Academia de Polícia Civil de Minas Gerais em 1976. 


Ao Estado de Minas, a presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil no Estado de Minas Gerais, Elaine Matozinhos, lamentou a morte do colega de profissão. A ex-delegada conta que fez o curso de formação e delegado com Hudson e afirma que o amigo foi “um homem brilhante”. 


 

De acordo com Matozinhos, Hudson chegou à corporação egresso do Exército Brasileiro e, por isso, era uma pessoa séria, mas “muito amável e atenciosa” com os colegas. 


“Dr. Hudson sempre foi um homem brilhante, um orador brilhante. Ele foi um grande advogado criminalista. E, pelo que sei, seus filhos seguiram seus passos e também atuam no campo da Segurança Pública e advocacia”, conta a presidente da Associação. 


Pelas redes sociais, o ex-delegado exibia, com orgulho, fotos participando de audiências com a filha, Denise. Em uma publicação Hudson escreveu sobre as lições que aprendeu durante seus anos de formação. “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da lei, e não seja arrogante com os humildes, nem humilde com os arrogantes”.


Saúde debilitada

Hudson estava acamado há cerca de oito meses depois de sofrer um derrame. Desde então, ele era acompanhado por quatro cuidadoras, 24 horas por dia. À polícia, a esposa do delegado disse que as profissionais tinham "determinação clara para não abrir o portão para estranhos". Ainda assim, ela disse que Hudson não tinha desavenças e nem dívidas, e acrescentou que ele não sofria ameaças.


 

Pelas redes sociais, a filha do ex-delegado se despediu do pai. “Pai, paizinho, você é um heroi. Esperaram você estar acamado, sem poder se defender, para fazer o que fizeram. Porque você é um touro. Eu sinto não ter conseguido te proteger, pois você me protegeu a vida toda. Eu sou forte como você. Avante. Descanse. Te amo”. 


Motivação 

De acordo com a Polícia Civil, o crime seria motivado por vingança depois de o delegado ter participado do processo administrativo que determinou a exclusão do suspeito do quadro da corporação. A instituição, no entanto, não detalhou quando isso ocorreu e o que motivou a exclusão. A corporação disse apenas, por meio de nota, que o fato ocorreu “face à prática de transgressão disciplinar de natureza grave”. O suspeito segue foragido.


No boletim de ocorrência, ao qual o Estado de Minas teve acesso, já havia a suspeita de que o autor era um ex-agente da corporação. Os policiais que atenderam a ocorrência identificaram a semelhança em imagens do circuito de segurança da casa e mostraram uma foto à cuidadora do idoso, que estava no local e chegou a ser ameaçada por ele. “Foi mostrada uma fotografia à testemunha a qual identificou o suspeito de imediato”, diz o documento.