Kawara ficou mais de um ano foragida  -  (crédito: Redes Sociais/Reprodução)

Kawara Welch Ramos de Medeiros, de 23 anos, presa desde 8 de maio por stalking, ficou mais de um ano foragida

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A defesa de Kawara Welch Ramos de Medeiros, de 23 anos, presa desde 8 de maio por stalking por perseguir durante cinco anos um médico e sua família em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, entrou com um pedido de habeas corpus nesta sexta-feira (24/5) junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Welch está custodiada na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, em Uberlândia. 

 

Questionado pela reportagem sobre as alegações apresentadas à Justiça para pleitear a soltura de Kawara, o advogado Jean Fillipe Alves da Rocha disse que prefere não comentar o assunto, sob pretexto de não prejudicar o andamento do pedido. Por outro lado, a defesa emitiu comunicado alegando que sua cliente “nunca foi intimada” pelas autoridades para prestar esclarecimentos sobre as acusações.

 

 

Conforme o advogado, com base em informações repassadas pela família de Kawara, ela mantinha um relacionamento com o médico. Supostos registros de conversas em aplicativos de mensagens foram anexados ao processo. “O único erro da senhora Kawara foi permanecer iludida pela suposta vítima em ter um relacionamento”, pontuou. 

 

Supostos prints de conversas entre médico e Kawara Welch

Segundo advogado, parte das mensagens foi borrada por Kawara para evitar a divulgação de certas informações e, assim, proteger o médico

Reprodução

 

“Boa tarde, quero te ver antes de você voltar para Uberlândia. Saudades demais. (...).Vou te encher de beijos e abraços”, teria escrito o médico em uma das supostas mensagens enviadas para Kawara por meio do WhatsApp. Ainda de acordo com a defesa, a mulher do médico também mandou mensagens à jovem fazendo ameaças: “Ele pode não ficar comigo, mas ele não vai ficar com você, sua vagabunda.”

 

Juiz diz que houve ‘perseguição implacável’

Na última terça-feira (21/5), a Justiça negou a soltura de Kawara. Ao proferir a sentença rejeitando o pedido da defesa, o juiz André Luiz Riginel da Silva Oliveira, da Comarca de Ituiutaba, destacou que Welch, “por reiteradas vezes, descumpriu medidas cautelares diversas da prisão”. Por isso, o magistrado entendeu que a “decretação da prisão preventiva se mostrou absolutamente necessária”.

 

Outro ponto considerado para manter Welch presa foram os descumprimentos de medidas protetivas ao longo do mês de janeiro de 2023 — quando, em março daquele ano, ela teve a prisão preventiva decretada, permanecendo foragida até ser capturada em maio deste ano.

 

“Nesse período de fuga, mesmo estando com mandado de prisão em aberto, a suspeita continuou a perseguir as vítimas [o médico e sua esposa], tanto que em 22 de abril de 2024 Kawara teria ligado três vezes para a vítima”, afirmou o juiz, acrescentando que “percebe-se a existência de indícios de uma perseguição implacável e quase que cotidiana, que já duraria vários anos”.

 

Mais de 500 ligações em um dia 

A stalker Kawara Welch soma 12 passagens pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), registradas entre 2021 e 2023. Além de casos de assédio e importunação, a mulher está sendo investigada por roubo e descumprimento de medidas protetivas.

 

Segundo o médico, Kawara tratava uma depressão com ele e teria começado a persegui-lo em 2019. Alegando estar apaixonada, a jovem tentou iniciar um relacionamento amoroso com o profissional. Quando ele recusou, ela chegou a enviar mensagens simulando enforcamento com uma corda. A stalker ainda ameaçou enviar conversas entre eles para a esposa dele. Em um dia, a jovem mandou 1,3 mil mensagens e fez mais de 500 ligações.

 

Além disso, após ele parar de atendê-la, ela começou a fazer ameaças e a ligar para os familiares do profissional. O médico e sua esposa registraram 42 boletins de ocorrência por perturbação do sossego, ameaça e extorsão.

 

A vítima disse que Kawara já apareceu em congressos em outras cidades e a perseguiu no trânsito. Em uma das ocasiões, a jovem invadiu o consultório enquanto o médico atendia uma paciente e agrediu a esposa dele. Kawara também furtou o celular da esposa do médico dentro da clínica, o que levou a Justiça a expedir um mandado de prisão contra ela.

 

O que é stalking?

A palavra em inglês deriva do verbo "stalk", que corresponde a perseguir. O crime consiste em uma forma de violência na qual o sujeito invade repetidamente a esfera da vida privada da vítima, por meio da reiteração de atos de modo a restringir sua liberdade ou atacar sua privacidade ou reputação.

 

No Brasil, a prática passou a ser considerada criminosa em março de 2021. A pena para o crime de stalking prevista no Código Penal brasileiro é de seis meses a dois anos de reclusão e multa.