Protesto pede justiça pela morte de Heitor Felipe Moreira e Laysa Emanuele durante ataque a festa infantil em Ribeirão das Neves -  (crédito: TV Alterosa / Reprodução)

Protesto pede justiça pela morte de Heitor Felipe Moreira e Laysa Emanuele durante ataque a festa infantil em Ribeirão das Neves

crédito: TV Alterosa / Reprodução

Amigos e familiares de Heitor Felipe Moreira de Oliveira, de 9 anos, e Laysa Emanuele, de 11 anos, baleados durante uma festa de aniversário em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, fecharam a rodovia MG-10, na entrada de Vespasiano, na noite desta segunda-feira (27/5). Essa é a segunda manifestação pedindo justiça pelo homicídio das crianças durante o ataque no Bairro Areias de Baixo na última quinta-feira (23/5). 


 

Com pneus incendiados e faixas, os manifestantes fecharam parcialmente a rodovia sentido Belo Horizonte. O ato pede, mais uma vez, justiça pela vida das crianças. De acordo com Tamyres Moreira, tia de Heitor, a Polícia Militar não permitiu que a via fosse totalmente fechada, apesar do tom pacífico do protesto. 


Em suas redes sociais, Heitor Felipe compartilhava sua trajetória no esporte e afirmava que não iria desistir do sonho de ser atleta. Ao Estado de Minas, Tamyres Moreira, tia do menino, contou que, como a maioria da família, ele era cruzeirense, mas vestia a camisa alvinegra para jogar “com amor e orgulho”. “Nós sempre brincávamos com ele com essa diferença dos times, de torcer para o rival do que estava jogando, mas ele sempre respondia que era ‘trabalho'”. 


 

Além de apaixonado por futebol, Heitor também amava a família. A tia lembra com carinho que, se fosse por ele, levantava às 5 horas da manhã para ir treinar e quando pedia a benção dos familiares sempre dava um beijo na mão da pessoa. 


“Ele não tinha preguiça. O negócio dele era a bola desde que se entendia por gente. Ele nunca brincou de outra coisa. Não é porque é meu sobrinho, mas ele é uma criança iluminada. Um menino educado”, recorda. 


Assim como o primo mais novo, Laysa Emanuele também tinha um sonho de carreira e queria ser advogada. Segundo a tia, Luna Milla, a menina era estudiosa e “nunca dava trabalho”. O irmão de Laysa também estava na festa, no momento do atentado ele teria corrido para um banheiro para se proteger. “Ela era uma menina boa, alegre e extrovertida. Perdeu a vida muito cedo, ninguém esperava uma tragédia dessa acontecer”.


O crime

A chacina aconteceu no fim da festa de aniversário de Heitor Felipe e sua irmã, em um sítio. Izaltina Luciana Moreira, mãe e avó de duas vítimas, conta que dois homens aproveitaram que o portão do sítio estava aberto e entraram no local, já disparando as armas, “sem olhar em quem estava atirando”. De acordo com o boletim de ocorrência, o alvo do ataque era Felipe, pai dos aniversariantes, que tinha envolvimento com o tráfico de drogas na região do Bairro Morro Alto, em Vespasiano, também na Grande BH. 


Felipe foi atingido por, ao menos, 12 disparos e morreu no local. Ainda conforme o registro, ele estava em guerra com traficantes do Bairro Bela Vista, em Santa Luzia, uma vez que queriam que a vítima passasse a comercializar os entorpecentes fornecidos por eles. Ele e a família já estavam recebendo ameaças de morte há alguns meses. 


Além do homem, Heitor e Laysa, outras três pessoas foram baleadas e encaminhadas a uma unidade de saúde, entre elas uma adolescente, de 13 anos, atingida na canela, uma jovem, de 19, ferida na nádega e uma mulher, de 41, baleada nas costas e cintura.

 

Nesta segunda-feira (27/4), amigos e familiares de Jéssica Paola Bolina, a vítima mais velha, começaram uma campanha de doação de sangue. De acordo com o anúncio, é necessário os sorotipos sanguíneos O+ e O-. A doação pode ser feita no Posto de Coleta, Estação BH, localizado no Shopping Estação, em Venda Nova, e no Hemocentro, no Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte. 


Prisão 

Durante o crime, Izaldina e a vítima de 41 anos entraram em luta corporal com um dos atiradores, posteriormente identificado como um homem de 23 anos, para tentar impedir que mais vítimas fossem feitas. A mulher narrou para a Polícia Militar que, durante o embate, o segundo homem passou a disparar contra elas.


Horas depois do ataque, o homem de 23 anos, reconhecido pelas testemunhas, deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento, em Contagem, com ferimentos de disparos de arma de fogo no joelho, tórax e quadril. A polícia acredita que o suspeito foi atingido pelo próprio comparsa durante a luta corporal com as mulheres que tentaram impedir o ataque.


O suspeito foi transferido para o Hospital Municipal de Contagem, onde segue internado sob escolta policial. O segundo homem, de 26 anos, apontado como autor dos disparos, até o fechamento desta edição, ainda não havia sido localizado. 


Por meio de nota, nesta segunda-feira, a Polícia Civil informou que o suspeito detido foi autuado em flagrante por triplo homicídio qualificado, e recolhido no sistema prisional onde encontra-se à disposição da justiça. Além disso, a corporação pediu a decretação da prisão temporária do homem, pelo prazo de 30 dias, podendo ser prorrogada. “A investigação encontra-se em andamento a fim de identificar e localizar demais suspeitos”.