A taxa de imunização é ainda mais baixa entre as crianças, ficando em apenas 32,8% na capital mineira -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A taxa de imunização é ainda mais baixa entre as crianças, ficando em apenas 32,8% na capital mineira

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

A menos de um mês da chegada do inverno, que começa em 20 de junho, e às vésperas do fim da campanha de vacinação contra a gripe, mais da metade dos idosos da capital mineira ainda não se imunizaram contra a doença. De acordo com dados da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, 462 mil pessoas com mais de 60 anos ainda precisam tomar a dose da vacina trivalente, que protege contra três vírus, o H1N1, H3N2 e influenza B. Até agora, a cobertura vacinal nesse grupo prioritário é de 45,1%, enquanto a meta estipulada pelo Ministério da Saúde é de 90%. Considerando todos os grupos prioritários preconizados pelo ministério, o percentual é ainda menor, ficando em 42,8%. A campanha de vacinação vai até sexta-feira (31/5), mas as doses remanescentes continuarão disponíveis.

 

Para o médico infectologista Carlos Starling, a baixa adesão à vacina da gripe entre idosos é preocupante. “No inverno, as pessoas ficam em ambientes mais fechados, o que facilita a transmissão dos vírus. Além disso, o ar mais seco resseca as vias aéreas das pessoas e as torna mais vulneráveis a infecções. O nosso sistema imunológico vai perdendo progressivamente a sua capacidade de resposta, e os idosos, assim como as crianças com menos de 2 anos, que ainda não têm o seu sistema imunológico completamente formado, acabam sendo as maiores vítimas dessas infecções respiratórias sazonais.”

 

Caso essas pessoas não se vacinem, o cenário em BH nos próximos meses pode ser de pressão no sistema de saúde. “Esses dados significam que poderemos ter um grande número de casos, internações e mortes por uma doença plenamente evitável por vacina. Um sofrimento por mortes evitáveis”, alertou Starling.

A adesão dos outros públicos prioritários da vacina contra a gripe é ainda mais baixa. No caso das crianças de 6 meses a 5 anos, que integram o grupo prioritário convocado em março, a cobertura se restringe a 32,8% até o momento. Entre as gestantes e puérperas, a situação é ainda mais alarmante, totalizando 15,2% e 17,3% respectivamente. Em Minas Gerais, quase 4 milhões de doses foram aplicadas, sendo 1,5 milhão em idosos.


OUTROS CUIDADOS

A vacina é imprescindível, mas pessoas vulneráveis também devem adotar outras medidas de biossegurança. “Os idosos devem se proteger usando as mesmas estratégias utilizadas durante o período mais crítico da pandemia de COVID-19. Ou seja, evitar permanecer em locais com aglomerações, usar máscaras quando a presença nesses locais for inevitável, lavar as mãos, ou usar álcool em gel com maior frequência, evitando tocar o nariz e a boca. Se apresentar sinais gripais, procure fazer o diagnóstico o mais rápido possível. Nos cinco primeiros dias, o uso de antivirais evita as formas graves da doença”, pontua o infectologista Carlos Starling.

 

Toda a população a partir dos 6 meses de idade também pode receber a dose até o fim da campanha. No momento da vacinação, é necessário apresentar documento de identificação com foto, CPF e o cartão de vacina. A PBH destaca que não há impedimento em receber, no mesmo dia, a dose contra a gripe e as de outras vacinas. Segundo o Executivo municipal, cerca de 1 milhão de doses estão disponíveis em todos os 152 centros de saúde, em sete postos extras e drogarias parceiras.


SINTOMAS

Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da gripe são febre, dor de garganta, tosse, dor no corpo e de cabeça. Em casos mais graves, a pessoa pode sentir calafrios, mal-estar, dor nas juntas, prostração e secreção nasal excessiva. A principal complicação são as pneumonias, responsáveis por grande número de internações hospitalares no país.

 

Em algumas cidades, a pressão já vem sendo sentida, em função da gripe ou de outras doenças respiratórias. É o caso do município de Contagem, na Grande BH, que decretou situação de emergência. A prefeita Marília Campos assinou o documento no no dia 17. A prefeitura informou que o último balanço, do início do mês, mostrava que foram notificados 5.238 casos de Síndrome Gripal (SG) e 350 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), com identificação de vírus respiratórios. No período, foram registradas 14 mortes por Srag.