Mosquito maruim, transmissor da febre oropouche
 -  (crédito: Fiocruz)

Mosquito maruim, transmissor da febre oropouche

crédito: Fiocruz

Depois de quatro casos de febre Oropouche confirmados em Minas Gerais, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que os profissionais da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital foram orientados sobre os principais sinais e sintomas da doença por meio de nota técnica.

 

Em nota, a PBH ainda disse que, até o momento, não houve notificação de nenhum caso de Oropouche na capital. Em caso de suspeita, o exame será encaminhado para a Fundação Ezequiel Dias (Funed).

 

Quatro casos de febre Oropouche foram confirmados em Minas Gerais pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Nessa quarta-feira (29/5), a Prefeitura de Ipatinga, na Região do Vale do Rio Doce, informou que duas contaminações, inicialmente notificadas como de dengue, testaram positivo para o vírus após análise clínica da Fundação Ezequiel Dias. As demais ocorrências foram em Gonzaga, também no Rio Doce, e em Congonhas, na Região Central.

 

Em nota, a SES informou que os quatro pacientes que foram detectados com o vírus por exames laboratoriais estão com os sintomas controlados. Segundo a Prefeitura de Ipatinga, as pacientes que testaram positivo para a doença eram idosas e, apesar do diagnóstico tardio, não tiveram sequelas da infecção.

 

 

Febre Oropouche

 

A doença é transmitida pelo mosquito Culicoides, também conhecido como borrachudo e, até então, era comum na região Norte do país. O vírus de origem leva Orthobunyavirus oropoucheensem como nomenclatura científica.

 

Apesar da arbovirose ter sido identificada no Brasil em 1960, o governo de Minas afirma que não houve registros de casos ou óbitos pelo vírus até maio de 2024, quando foram localizadas as contaminações. Desde então, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado (Cievs-Minas) “está acompanhando a evolução do cenário e conduz a devida investigação epidemiológica no estado”.

 

Exame para arbovirose

 

Eduardo Prosdocimi, subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), explica que ao longo de 2024 foi verificada uma expansão da contaminação pelo arbovírus, chegando aos estados da Bahia e Espírito Santo. Por isso, Minas passou a incluir a febre Oropouche às doenças analisadas nos exames para arboviroses.

 

 

“Estamos ampliando a vigilância laboratorial, ou seja, a capacidade de realização de exames de arboviroses, para entender quais arbovírus circulam em nosso estado. E dentro dessa ampliação da vigilância laboratorial, conseguimos detectar quatro amostras que já indicam a febre oropouche”, destaca.

 

De acordo com o Informe Semanal do Ministério da Saúde, divulgado pelo Centro de Operação de Emergências (COE), até terça-feira (28/5), foram registrados 5.802 casos da doença, sendo 3.111 na Amazônia e 1.707 em Rondônia. Os demais ocorreram ou estão em investigação na Bahia, Acre, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro, Piauí, Mato Grosso, Roraima, Santa Catarina, Amapá, Maranhão, Paraná, Pernambuco e Minas Gerais. Três dos casos tiveram como local provável de infecção a Bolívia.

 

Em 14 de maio, o Ministério da Saúde emitiu um alerta às secretarias de Saúde sobre a disseminação do vírus pelo país. A pasta explica que, desde de sua descoberta, já foram relatados casos isolados e surtos da doença principalmente na região Amazônica. Além disso, também há relatos alarmantes da doença em outros países das Américas Central e do Sul, tais como: Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela. De acordo com a pasta, até o momento, a maioria dos casos de febre Oropouche no país foi diagnosticada em pessoas com idade entre 40 e 49 anos. As demais faixas etárias mais afetadas pela doença são 30 a 39 anos, 50 a 59 anos e 20 a 29 anos.

 

Apesar do quadro clínico dos pacientes acometidos pela febre Oropouche ser semelhante ao de outras arboviroses, a especialista Flávia Cruzeiro, médica do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas - Cievs-MG, explica que é necessário se atentar às possíveis complicações. “Os quadros neurológicos como meningite ou encefalite são algumas complicações possíveis, principalmente em pacientes imunossuprimidos. Podem ocorrer, também, complicações hemorrágicas, caracterizadas por sangramento gengival, sangramento no nariz ou presença de manchas avermelhadas na pele”, destaca.