A sociedade contemporânea vive cercada por celulares, tablets e computadores, além de geladeiras, fogões e ar condicionados para realizar diversas tarefas com maior comodidade. Quando anoitece, liga-se a luz para poder realizar as tarefas sem o incômodo do escuro. Apesar de a eletricidade se tornar cada vez mais indispensável, seu uso é atrelado ao risco de acidentes que podem, muitas vezes, serem fatais.
“A eletricidade é um bem essencial para a sociedade, mas precisamos ter ciência dos seus perigos. Precisamos fazer com que essa cultura esteja cada vez mais presente na vida dos brasileiros para que possamos reduzir consideravelmente esse tipo de acidente, que é muito grave e pode causar mutilações e até mesmo mortes”, afirma o gerente de Segurança do Trabalho da Cemig, Antônio César Lima Santos.
Neste mês foi divulgado o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel). Ele mostra que, somente em 2023, foram registradas 54 ocorrências de choque elétrico e 37 mortes em Minas Gerais, ou seja, uma letalidade de 68,9%.
Nas últimas semanas, duas pessoas morreram em acidentes envolvendo energia elétrica no estado. Ambas as ocorrências aconteceram durante situações corriqueiras do cotidiano.
Um homem de 29 anos, que teria esquecido a chave do seu estabelecimento, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, e, ao tentar pular o muro para entrar no local, encostou em fios energizados. No outro acidente, um jovem, de 21 anos, que estaria soldando uma estrutura em um posto de gasolina em Frutal, no Triângulo, acidentalmente tocou em um cabo de média tensão.
Situação no Brasil
Segundo os dados do anuário, no ano passado ocorreram 2.089 incidentes envolvendo eletricidade no país, resultando em 781 mortes. Isso significa que a letalidade dos acidentes chegam a 37,4%.
Os choques elétricos aparecem como os mais recorrentes, com 674 mortes registradas em 986 acidentes, em sua maioria ocasionados por contato acidental com linhas elétricas energizadas. A ocorrência desse tipo de acidente cresceu em 13,9% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 592 vítimas fatais.
O estudo da Abracopel aponta que os principais causadores de acidentes e mortes por choques elétricos foram ocasionados nas áreas de geração, transmissão e distribuição (418 ocorrências e 267 óbitos), áreas residenciais (274 acidentes e 210 vítimas fatais) e áreas rurais e naturais (83 ocorrências e 67 fatalidades).
Nas residências, os acidentes ocorrem principalmente pela energização acidental de equipamentos elétricos com partes metálicas externas, envelhecimento e falta de manutenção adequada dos equipamentos. Segundo a Abracopel, cerca de 70% dos acidentes residenciais resultaram em mortes no Brasil no ano passado
Os principais causadores de acidentes elétricos nas residências são os fios partidos ou sem isolamento (46 ocorrências e 37 mortes), eletrodomésticos (38 episódios e 31 fatalidades), manutenção caseira - telhado, antena, ar condicionado (35 casos e 24 óbitos). Outras situações que provocaram acidentes foram extensão, benjamim, tomadas e carregador de celular.
Incêndios
Além de oferecer risco de choques, a má qualidade dos fios também pode dar origem a incêndios. Em 2023 foram notificadas 67 fatalidades ocorridas em 963 incêndios de origem elétrica.
Fios e cabos irregulares, que não suportam a demanda de energia, aquecem, derretem a capa de proteção e pegam fogo. Desta forma, casas e apartamentos antigos correm ainda mais risco, pois raramente se pensa em uma reforma da instalação elétrica.
O gerente da Cemig alerta que é importante que aparelhos com maior potência, como ar condicionado, chuveiro elétrico e microondas tenham circuito próprio, para evitar acidentes. Além disso, alguns pontos de conexão precisam de suporte para maior amperagem, como aparelhos air-fryer, por exemplo.
“As casas precisam ter um projeto elétrico, o que facilita a manutenção e até a avaliação para o acréscimo de novas cargas, e qualquer serviço elétrico deve ser feito por profissionais qualificados ou capacitados, para que não haja esse tipo de problema”, afirma o gerente da Cemig.